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LYSIS

Eu estava sonhando com uma nevasca muito gelada. Eu já não sentia as pontas dos dedos, e a ponta do meu nariz estava tão gelada que me dava pequenas pontadas na região. Minhas bochechas estavam queimando com o frio, e eu tremia bastante enquanto caminhava pela neve com certa dificuldade. Ao longe, eu via uma cabana com uma chaminé que liberava fumaça clara e quentinha, e meus lábios trêmulos e meu corpo gelado ansiavam pelo calor que parecia nunca chegar. De repente, eu alcancei a cabana, e o calor me abraçou como uma manta macia e aconchegante, então meu corpo foi relaxando aos poucos, à beira da lareira.

Acordei, na manhã seguinte, envolvida num abraço quente e coberta por um edredom macio. Com o rosto no peito firme de Jimin, inalei seu cheiro amadeirado, me aconchegando em seus braços. Sentindo meu movimento, Jimin correspondeu, me apertando um pouquinho e beijando minha cabeça.

— Acordou? — sua voz baixinha e rouca perguntou.

— Hm... não — minha voz também estava rouca, se quebrando no fim.

Ele soprou um riso. Ficamos em silêncio por alguns segundos antes que ele falasse de novo.

— Você estava com muito frio essa noite — ele murmurou. — Acordei quando ouvi seus dentes batendo. Seus lábios estavam roxos e seus dedos estavam congelados. Por que você não se cobriu?

— Eu não sei. Sonhei que estava no meio da neve, mas não acordei para me cobrir. Acho que estava muito cansada — murmurei de volta, ainda de olhos fechados. — Obrigada por me aquecer. Tô feliz por te ter de volta.

Ele me apertou de novo, se espreguiçando em seguida, e eu suspirei, enterrando meu rosto em seu peito. Ficamos parados por mais alguns momentos, e eu estava quase dormindo em seu abraço novamente quando meu celular começou a tocar. Grunhi, com preguiça de me mexer. Jimin, com o braço mais próximo, estendeu a mão e pegou meu celular na mesinha de cabeceira, atendendo no penúltimo toque.

— Alô — disse ele, e eu já estava pronta para dormir de novo. — Oh, oi, Hyung — abri os olhos, olhando para cima de vendo a garganta de Jimin se mexer enquanto ele falava. — Ela está dormindo ainda. Sim... Ainda não. Por que eu estou com o celular dela? Eu não estou.

Ergui minha cabeça, vendo os olhinhos inchados de Jimin procurarem pelos meus.

— Quem é? — mexi a boca, sem emitir som.

— Suga — ele fez a mesma coisa.

Pedi que ele me desse o celular, e ele o fez de bom grado, retornando à mesma posição de antes. Fiz o mesmo, escondendo meu rosto em sua camiseta novamente.

— Yoongi-ah — murmurei, com sono. — Do que você precisa?

Você ainda está dormindo? Já são quase uma da tarde — ele reclamou.

— Eu estou cansada e é sábado, oppa. Me deixe dormir — reclamei, me virando na cama, ainda abraçada pelo meu amigo.

E por que o Jimin atendeu a ligação? Vocês estão juntos?

— Ele está ficando na minha casa. Yoongi, fala logo o que você quer — comecei a perder a paciência. Eu provavelmente não conseguiria dormir mais, e a culpa era dele.

Vamos almoçar, só nós dois — disse ele, depois de suspirar. — Quero saber como foram os últimos meses.

— Você ainda não almoçou?

Já, estou te chamando para ir pra poder comer duas vezes. — Revirei os olhos para sua ironia. — É claro que não almocei, né, Lys. Vou passar aí para te buscar em vinte minutos, esteja pronta.

Like Crazy || Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora