Capítulo 6

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No outro dia me levanto com Milo arranhando a porta, já era tarde, um horário muito tarde para se acordar. Abro a porta, coloco comida para Milo como sempre, me lembro que ontem a noite eu deixei meu celular em cima da mesa de centro para não ver nada, o pego para me atualizar das notícias de hoje, hoje não vai ser possível ir para o trabalho pois a nevasca dificultou a locomoção, bom vou ficar o dia trancada pensando no que aconteceu ontem, então vou tentar arrumar algo para me distrair e não pensar em Enzo. Tomei um banho quente para relaxar um pouco, vesti uma calça confortável e um moletom. Peguei meu caderno de poemas e tentei escrever, mas nenhuma ideia saia. Tentei ler, mas não conseguia focar. O que eu poderia fazer agora? Vou ligar para a minha mãe, disco seu número no meu celular e a espero atender.

- Alô? S/N? - Mamãe atende.

- Oi mãe! Como você está?

- Eu estou bem filha, por que você ligou?

- Nada, eu só queria escutar a voz da senhora.

- Está tudo bem?

- Ah! Claro! Está tudo bem, está tudo ótimo!

- Não, você não está.

- Não está.

- Me conte o que aconteceu.

- Bom, eu tenho ou tinha esse amigo, eu não sei...eu conheci ele a uns dias atrás, uns três dias depois que eu cheguei aqui. Ele é o meu vizinho, aí a gente começou a conversar e ficamos amigos, aí ontem ele me chamou para o apartamento dele, ele é ator, então fui ajudar ele a passar as falas, a gente leu o roteiro, brincamos e rimos aí ele me beijou, tipo, ele sempre me olhou nos meus olhos e tal.

- Filha, ele está apaixonado por você, como não notou?

- Sei lá, acho que o trauma do que aconteceu, meu cérebro se recusou a acreditar que ele gosta de mim e tenho medo de me apaixonar?

- Eu acho que deve ser isso, na minha opinião você deveria ir para uma psicóloga, eu acredito que do tempo que você ficou reclusa, fez você criar um bloqueio com seus sentimentos.

- É, eu deveria.

- E você gosta dele?

- Eu não sei...Quando ele se aproxima de mim sinto meu coração bater muito forte, ele tem um sorriso tão lindo, ele é gentil...eu não sei o que fazer.

- Você gosta mesmo dele, é aquela história, "quando você sabe, você sabe". 

- Mas como eu realmente sei?

- Querida, converse com ele, e você vê o que pode acontecer.

- Tudo bem. 

- Bom, espero que você fique bem. Eu estou no meio de um churrasco, eu queria muito continuar conversando, qualquer coisa, mais tarde me ligue. 

- Ok. 

- S/N? - Escuto a voz de meu pai. - Olá filha! Estou te mandando um oi! 

- Oi pai! - O respondo. 

- Enfim filha. - A ligação volta para minha mãe. - Preciso desligar, qualquer coisa me ligue. 

- Certo, qualquer coisa eu te ligo, tchau. 

- Tchau! 

Minha mãe desliga a ligação, será? Será que estou apaixonada por Enzo e ele por mim? Eu não sei, mas acho que teria que aprender a amar de novo. Olhei para o teto e suspirei com um ar de tantas perguntas e dúvidas, sinto meu celular e vejo uma notificação com o nome de Enzo, comecei sentir meu coração pular para fora de minha boca. Respiro fundo, abro o aplicativo de conversa. Ele havia mandado uma mensagem que dizia. 

"Oi, acho que precisamos conversar sobre ontem a noite, só se você quiser, realmente preciso falar com você...bom se puder, venha aqui para podermos conversar melhor, tenho algumas coisas para te contar. :/"

- "Por mim tudo bem, também preciso conversar com você." - Respondo sua mensagem, mas após uns 6 segundos, seu contato fica online e começa a digitar. 

- "Certo, espero por você aqui, espero que esteja tudo bem!"

- "Está sim, não se preocupe. ;)"

Vou conversar com ele, eu preciso conversar com ele, espero uns 10 minutos andando de um lado para o outro como seria a forma de falar com ele, ou do que nós iriamos conversar sem nos deixar constrangidos um com o outro. Saio de meu apartamento, bato na porta de Enzo com apenas três toques, com isso ele já atende a porta. 

- Oi...- Ele diz com um sorriso tímido envergonhado com sua voz bem baixa. 

- Oi.

- Pode entrar.

Entro em seu apartamento, já fiz o que sempre faço, sentar no sofá. Aquele sofá tinha algo meio estranho que, sei lá me sentia abraçada quando eu me sentava nele. Notei algo estranho, olhei para a mesa de centro de Enzo e notei que havia um cinzeiro com algumas bitucas de cigarro.

- Acho engraçado que todos os dias descubro mais coisas sobre você. - Solto um pequeno riso. 

- O que você descobriu? 

- Você fuma? - Digo apontando com olhos o cinzeiro.

- Só quando estou pensativo, que é na maior parte do tempo. - Ele solta um sorriso pequeninho. - Pensando sempre em muitas coisas, também fumo quando estou reflexivo. 

- Acho bom irmos ao objetivo. 

- Concordo. 

- Pode começar com o que você quer me tanto dizer. 

- Eu ainda estou tentando procurar as palavras certas para te dizer, pois sei lá, isso tá grudado na minha cabeça e que se eu não dizer, eu vou explodir. 

- E o que é então?

- Eu...eu, droga! - Enzo estava tenso. 

- Pode me dizer, eu estou aqui para ouvir. 

- Ok...- Ele suspira. - Desde que te vi no elevador pela a primeira vez, eu senti algo muito estranho que eu não sentia há muito tempo. É estranho eu falar isto, pois, nos conhecemos há uns poucos dias, mas eu acredito que seja real a paixão á primeira vista. Eu estou tão apaixonado por você que só penso em seus olhos, sua boca, sua risada que para mim é a melhor melodia que eu já ouvi, eu me sinto melhor toda vez que eu te vejo. Você S/N, roubou meu coração quando você falou comigo naquele elevador, eu estava quase desmaiando quando você limpava o arranhão do meu braço. Você é a garota mais linda que eu já vi que chega até doer...tenho certeza que você deve me achar um louco por estar falando essa bobagens, mas para mim não é uma simples bobagem, é apenas o que o meu coração está me falando. Eu ainda estou com seu cachecol que você esqueceu aqui esperando que você nunca o leve, pois eu me sinto ao seu lado e te abraçando o apertando contra meu peito e sentindo o cheiro do seu perfume...eu gosto de você S/N, eu estou louco por você. - Aquelas de Enzo palavras me atingiram de uma forma muito forte. 

- Enzo...Eu  também acho que gosto de você. - Quando falo isto, os olhos de Enzo brilham. - Você sabe o que aconteceu comigo, então ontem eu fugi porque eu não sabia lidar mais com aquela situação, pois faz tempo que eu gostava de alguém romanticamente, meu cérebro criou um bloqueio com estes tipos de sentimentos. Eu sei, deveria para um terapeuta para ver isto, mas saiba que o que sente por mim é o que sinto por você, eu só... só tenho medo de me apaixonar e sei lá acontecer algo que não me faça lembrar o inferno que eu vivi há três anos atrás. Nem sei porque estou falando isso...Meu Deus eu estou nervosa! Me desculpe...

Enzo se aproxima de mim e rouba um beijo apaixonado de meus lábios, ao invés de ontem, eu fiz algo, coloquei minhas mãos em sua nuca o aproximando mais para o beijo.

-  Não precisa ficar nervosa. - Ele ri.

- Me desculpe...

- Também nem precisa se desculpar. - Enzo ri.

Eu sinto que tirei um peso das minhas costas, Enzo volta a me beijar, ele me coloca para mais perto de seu corpo, eu estava nas nuvens e pensava e tantas coisas que não consigo explicar.

Daylight (Enzo Vogrincic fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora