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Génova nunca esteve tão linda. O pôr do sol com o céu em tons de roxo e rosa só deixava tudo ainda mais lindo. Ter que deixar minha terra novamente me causava um misto de sentimentos, entre melancolia e ansiedade. Agora faltava muito pouco para minha faculdade de fisioterapia acabar e eu poder atuar na área como uma profissional de verdade, apenas mais 3 semestres e eu estaria livre para retornar para minha casa e permanecer nela definitivamente.
— Ah, mia Fiorella...¹ – Minha mãe me envolve mais uma vez em seus braços aconchegantes. – É torturante demais ter que te deixar novamente.
— Calma, mamma², faltam poucas despedidas para nós, você vai ver. – Sorrio me soltando dela e me virando para meu avô.
O mais velho sempre estava sério, desconfiado até de sua sombra e com pelo menos três seguranças a sua volta.
Meu avô é dono de uma companhia de empresas multinacional, então está sempre sendo muito visado por isso de tantos seguranças sempre a sua volta e de sua mansão gigantesca. Mas, por mais que tenha uma grande fortuna, meu avô sempre foi um grande exemplo de respeito e humildade, nunca deixando eu ou meus primos nos acharmos melhor que os outros por algo tão banal como o dinheiro.
— Bambina³, escute mais uma vez as palavras de seu nonno⁴. – Meu avô se aproxima enquanto traga seu charuto de chocolate de sempre. – Cada adeus e ciao que é dado aqui em questo aeroporti⁵ é um sinal de que se aproximam seus 21 anos e com eles novas responsabilidades...
Meu avô tinha o costume de fazer longos monólogos sobre responsabilidade, segurança e honra à família – acho que é um costume de todo patriarca de família.
— Agora virão junto com essas responsabilidades algumas verdades sobre nossa famiglia⁶ as quais eu preferi manter reservadas de você pelo tempo necessário, até ter total certeza de que você havia se tornado uma mulher madura o suficiente para lidar com essas revelações, bambina.
Va bene, essa conversa estava ficando um pouco diferente das que eu já tivera com meu avô.
Olho para minha mãe confusa, buscando em seus olhos alguma ajuda, porém seu olhar baixo não me socorreu em nada. Ela parecia triste, envergonhada, parecia até mesmo com medo de me olhar.
— Non capisco, nonno...⁷ – Tento protestar, mas meu avô segura uma mão minha com a sua e com a outra, ainda segurando o charuto, dá leves tapinhas, como um afago.
— Ainda não chegou o momento de termos essa conversa, filha, mas logo saberá de tudo. Não pense nisso no momento, apenas foque em se tornar a mulher incrível que nasceu para ser e tome cuidado com os perigos que a sondam. Tuo nonno⁸ sempre estará por perto, mesmo que você não veja!
A nuvem confusa ainda me assombra no momento em que abraço meu vô, deixando um beijo em cada bochecha barbuda dele até o momento em que desembarco em Londres novamente.
Para mim sempre houveram segredos dentro de minha família, principalmente envolvendo os negócios e as empresas exuberantes, porém o que era apenas uma desconfiança agora havia se confirmado e não de qualquer maneira – pelas próprias palavras de meu avô.
Estou tão absorta em meus pensamentos que mau percebo quando dou um encontrão com alguém, derrubando todas as coisas da mão dele.
— Ah, mil perdões, meu Deus! – Me abaixo rapidamente para ajudá-lo a juntar suas coisas. – Estava tão distraída que nem percebi por onde andava.
— Ei, ei. – Ele me interrompe com um pouco de humor. – Eu também não ajudei muito, estava correndo que nem um louco pelo aeroporto!
Entrego seus pertences finalmente olhando para o garoto a minha frente.
— E por que você estava correndo pelo aeroporto? – Não deixo minha curiosidade de lado.
— É uma looonga história, mas se a senhorita me ajudar a sair o mais rápido desse lugar eu posso te contar. – Seu sorriso travesso emana a energia de uma criança que está prestes a aprontar então não tem como minha resposta ser outra senão:
— Conheço um lugar que tem um ótimo café!
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¹ Minha florzinha
² Mãe
³ Filha
⁴ Avô
⁵ Neste aeroporto
⁶ Família
⁷ Não estou entendendo, vô
⁸ Seu avô
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Di Fontana - Caixa De Pandora
Ficção AdolescenteAurora Di Fontana é uma jovem italiana componente da mínima população estrangeira estudante da Imperial College London. Acostumada com sua rotina de sempre após 3 anos no curso de Fisioterapia, com a chegada de um novo aluno transferido da França as...