1 - Prazer em te conhecer

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"Prazer em te conhecer, onde você esteve?
Eu posso te mostrar coisas incríveis
Magia, loucura, paraíso, pecado
Te vi ali e pensei:
'Oh meu Deus, olhe esse rosto'
Você se parece com o meu próximo erro
O amor é um jogo, quer jogar?"

Blank Space - Taylor Swift

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SEGUNDA-FEIRA À TARDE

Se olhares pudessem matar, Delfina já estaria ressequida até o pó. Porém, a cada vez que recebia um olhar maldoso ou desapontado ela apenas sentia que estava fazendo exatamente o deveria fazer e não se incomodava.

Contudo, o jeito estranho como o diretor estava lhe encarando naquele instante a pegou de surpresa, não se lembrava o que tinha feito de ruim, e olha que sempre se orgulhava de recordar seus feitos.

— Delfina, sabe por que está aqui hoje? — o dono da voz grossa perguntou e suspirou logo em seguida de cansaço.

O diretor era um homem curvado e infeliz. Ele não queria estar ali com aquela delinquente, aliás, exigiria ser pago pelo tempo extra que perdia com ela quase toda semana.

Ela o olhou com um sorrisinho travesso, e ele soube que novamente, não teria a cooperação da garota.

— Não — respondeu a peste.

Delfina não estava com a mínima vontade de dizer o que aquele velho barrigudo queria. Então, decidiu que iria tomar mais de seu "precioso" tempo. Chegou a pensar que estava fazendo um favor, tinha certeza de que ele não tinha nada de útil pra fazer em casa.

O diretor, se perguntando pela milionésima vez se realmente não poderia viver de vender balinha na esquina, se viu cheio de vontade de expulsar a garota. Mas no fundo, sabia que essa não era a melhor maneira de resolver o problema.

— Alguém pichou o muro da escola novamente — se sentou em sua cadeira pouco confortável e soltou outro suspiro desanimado.

— Mesmo? E o que estava escrito? — Delfina arregalou os olhos.

— "Eu vou matar todos vocês".

A garota segurou uma risada e colocou a mão na boca. Se recompôs ao perceber que o velho em sua frente não achou graça.

— Devo admitir que estou surpresa. Parece que finalmente alguém com um cérebro maior que um grão de arroz, estuda nessa escola — disse com o mesmo sorriso travesso no rosto.

O diretor soltou um terceiro suspiro de cansaço e a olhou decepcionado.

— Delfina, por que insiste em ofender seus colegas, e a escola? Acha que assassinato é brincadeira?

— Não fui eu. — Ela estendeu os braços no ar em sinal de rendição.

— Você não precisa fazer esses joguinhos comigo, sabe que só quero te entender.

— Não tem jogos dessa vez. Não fui eu. Eu juro. Aliás, isso não tem nada haver com meu estilo, as más línguas dizem que sou fofoqueira, sádica e que pratico bullying.— Delfina se defendeu. — E o senhor sabe que sempre assumo a responsabilidade pelo que faço, não fui eu.

O diretor ficou pensativo, havia pensado a mesma coisa. Sabia que a jovem à sua frente sempre fora um pouco mais direta em suas abordagens. Mas se não fosse ela, a delinquente da escola, quem seria?

Rasgo No Meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora