The room - Capítulo 3. (O espírito Pt.2)

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- O espírito Pt.2 -

Eu sabia um pouco sobre os obsessores. Ou pelo menos achava que sabia. A coisa principal é: Sabe quando de repente você acorda em plena 3 da manhã e se sente muito ou extremamente observada(o)?

Pois é, a culpa é toda deles.

Espíritos obsessores costumam perseguir e observar humanos. Eles não fazem nada, só literalmente existem e perturbam humanos como a maioria dos espíritos fazem. Mas, se algum deles aparece desse jeito sem mais nem menos com sua forma original, meus parabéns! você está fodido. (Ou pelo menos já praticamente morto).

Espíritos obsessores definitivamente não gostam de ficar expostos. Eles preferem ficar no escuro, quietos, em silêncio, observando e existindo, Brincando com a mente e a sanidade dos humanos.

Aquela madrugada era o dia seguinte do meu aniversário de 16 anos. Foi um dia comum e normal, eu pedi ao meu pai que não queria festa, e, não sei como, mas ele concordou. (Mas pelo menos comprou bolo, salgadinho, refrigerante e de quebra me deu um pouco de dinheiro pra torrar).

Alguns mêsses atrás, eu tinha pesquisado sobre espíritos obsessores, só por curiosidade mesmo. E, aqueles sites de merda do Google não sabiam de nada. Mas pra minha sorte eu sabia deles tanto quanto o Google, ou pelo menos achava que sabia. E, pra ser honesta, eu só não sabia como afastá-los.

Quando eu me toquei de que era um espírito obsessor em sua forma original, a primeira coisa que eu tinha pensado na minha cabeça era: " era." E algo me diz, (não sei o quê), mas algo me diz que ele deve ter me ouvido falando isso. (A julgar que ele está encarando minha alma a uma meia hora.) Então, quando eu já tinha coragem (ou sanidade) o suficiente pra dizer algo (pelo menos antes de morrer), soltei inesperadamente um:

"Que porra é essa?", e, honestamente, não sei se foi impressão minha, mas eu também jurava ter visto o espírito ficar confuso. Suas pupilas ficarem inesperadamente e sobrenaturalmente minúsculas nos olhos por um segundo antes dos olhos se estreitaram enquanto ele continuava me observando e eu o encarava com uma expressão séria. Por um segundo pensei de que ele poderia me entender (ou ao menos compreender), então pensei de que continuaria falando, mesmo que isso fosse inútil e provavelmente me mataria ou conversar com um espírito obsessor me fizesse ter má sorte até eu ter 70 anos de idade.

(Na verdade, nesta situação, 90% dos humanos teriam gritado a muito tempo ou saído correndo ou começado a orar como nunca antes, Mas acontece que, eu não fazia parte desses 10%, e, na verdade, nem mesmo destes 10%. Eu estava fora desse círculo miserável e mundano da sociedade aproveitando que pela primeira vez fui a protagonista da minha vida pra fazer algo irônico, cômico e não relativamente considerado saúdavel.)

"Oi?" - Falei. Sim. "Oi" foi definitivamente a melhor coisa a se fazer ao se dar de cara com uma entidade sobrenatural no meio da madrugada. Que divertido.

Sim, sim, eu sei. Você já deve estar pensando: "Caramba, vou sair daqui porque essa é mais uma daquelas histórias onde a protagonista é burra e idiota e ainda se faz de coitada", ou então provavelmente já está imaginando como seria a minha morte da forma mais sangrenta possível, Mas é divertido imaginar o que um "Oi" pode fazer quando você se dá bem de cara com um espírito malígno ao invés de gritar e sair correndo. E, eu obtive minha resposta, pelo menos, de alguma forma.

The room - O Jeito que você provavelmente morre.Onde histórias criam vida. Descubra agora