Capítulo 04

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Hadassa

Eu admito. Sou péssima em mentiras, e acho que a possibilidade de mentir não é comigo. Mas eu tenho um pai que praticamente me odeia por todos esses meses, Jonas me trata como uma mulher qualquer na sua vida, e a única coisa que permite ele conversar comigo ultimamente, é o caso onde está trabalhando.

Solto uma respiração sem ânimo algum, guardo todas as evidências que eu havia montado há poucas horas atrás. Eu tenho a certeza que ele irá procurar por algo, então guardo em uma pasta todas fotos e escritas debaixo do guarda-roupa.

Meus pés tocam na superfície inferior da casa, na sala, e em poucos minutos a sirene da polícia ilumina aqui dentro pelas janelas.

Fala sério.
Decerto ele realmente acha que eu fiz algo para matar a garota.

Minha expressão é séria, tranquila e contém sarcasmo quando a porta enorme de madeira é aberta, meu pai surge com seu semblante sério.
Ele está fardado pela roupa do trabalho e suas botas.

Que humilhação!

— Tem dez minutos para me dizer qual caralho tem nesta sua cabeça de envolver com um caso que já está sendo resolvido. — sua voz é rude.

— Eu estou procurando provas.

Seus lábios soltam uma risada irônica.
Em pé, um pouco à frente da porta, ele mexe no seu coldre da arma, e dá dois passos, cruzando seus braços pretos.

— Você está parecendo uma criança mimada — sua voz soa, e seus olhos me examinam. — Sabe qual é seu próximo passo daqui? Ir depor dentro da porra da delegacia, tem noção a humilhação que você me traz?

Respiro fundo.

— As enfermeiras ficaram assustadas quando descobriram que a Júlia já havia sido interrogada por um dos agentes, e logo em seguida entrou outra agente, você.

— E acharam algo, ou vão dizer que ela se suicidou? Que eu falei algo que afetasse a cabeça dela? — meu tom de voz aumenta. — Júlia estava bem! Mas sabe qual a real? Vão deixar o caso mofando assim como o da Hilary, a alemã encontrada morta atrás da porra de um cemitério — refiro-me à minha mãe.

Suas veias saltam no seu pescoço pelo ódio formando-se dentro do seu corpo. Não só ele, mas o meu corpo esquenta por inteiro, dos pés à cabeça. Lembranças surgem sob nossas visões quando nos encaramos.
Minha nuca soa pelo nervosismo.

No entanto, ele continua parado, paralisado com minha voz pelas lembranças rasas da minha mãe. Eu o encaro, raivosa.
Ainda estou com a mesma roupa durante todo o meu dia. A fome me deixa fraca, pois o prato de comida ficou dentro do microondas desligado.

— Entra dentro da viatura — sua voz é fria. — Vamos ir para a delegacia agora, neste exato momento. Você irá depor, irá falar tudo o que fez e falou, falar o motivo que estava lá. Alimentar essa sua loucura na cabeça que quer descobrir casos — ele aponta pra mim. Sua expressão emite raiva. — Torça para não ser uma suspeita de ter colocado algo na cabeça da vítima, o que levou a um suicídio.

— O que está falando? Você acha realmente que eu iria brincar com algo assim, ou melhor, você acha que eu teria uma audácia assim? — interrogo.

— Você está atuando com o trabalho em casos de família, crianças sumidas e trabalhos em empresas. Não em um caso como o da boate que pegou fogo. Está usando a porra do seu oficial para entrar em um hospital onde a filha do agente Adão estava, que inclusive, foi encontrada morta essa noite.

— Você só pode estar de brincadeira.

— Quem está é você, Hadassa. Você está brincando de casos criminais, enquanto pessoas morrem.

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