I - O espaço que você ocupa

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Oi, muito obrigada por comentarem!
Vocês vão perceber que esse capítulo está no passado, pois ele conta mais como nossos meninos se conheceram. Enquanto capítulos no tempo atual, estarão no tempo presente. 
Espero que gostem!

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Ao ser admitido em Medicina na Universidade de Columbia, Erwin nunca pensou que seria tão difícil se adaptar ao dormitório. O prédio ocupado por estudantes de saúde ficava a poucos minutos andando do campus, mas tudo ali era caótico. As festas constantes, as pessoas entrando e saindo dos quartos alheios por que conheciam alguém, a falta de respeito com as regras para uso de ambientes compartilhados.

Em menos de um ano, Erwin surtou.

Ele era o filho do meio e tinha duas irmãs. Ele estava acostumado com ambientes movimentados, porém onde tudo funcionava de alguma forma. Em casa, ele conseguia ao menos se concentrar nos estudos e encontrar suas coisas no lugar que tinha deixado.

Antes das provas finais, seus pais fizeram um esforço e conseguiram alugar um pequeno apartamento para ele. Ele precisava acordar uma hora mais cedo e pegar transporte público até o campus, mas aquele fato não era nada comparado a paz de poder fechar a porta do apartamento e estudar em paz.

Em contrapartida, ele teve que fazer um anúncio em busca de um colega de quarto assim que as férias de verão acabaram e ele voltou de seu estado natal. O aluguel era caro demais para que seus pais continuassem bancando sozinhos e ele não conseguia trabalhar estudando medicina.

O assustador era que os candidatos a colega de quartos conseguiam ser tão ruins quanto os moradores do dormitório estudantil e Erwin começava a perder as esperanças. Aquilo era um pré-requisito? Ser alguém sem noção e cheio de ideias absurdas?

Ele olhou mais uma vez para suas mensagens. Havia uma última visita para aquela tarde de sábado. Um rapaz chamado Levi. Com a sorte que ele estava tendo, provavelmente era alguém que ia querer desfazer a sala para montar uma bateria e ensaiar em todos os horários possíveis.

Erwin suspirou pesadamente ao liberar a entrada de seu último visitante, se preparando para a gama infinita de propostas absurdas que viria. Ao abrir a porta, sua primeira surpresa, ao contrário dos jovens descolados que havia visitado antes, Levi era sério, vestido de maneira sóbria, o que o fez franzir de leve a testa.

"Levi?", Erwin indagou, incerto de que aquela era a pessoa correta.

O rapaz, vários centímetros menor do que ele, de cabelos negros e olhos azuis cinzentos, acenou com a cabeça, o encarando sem abrir o menor sorriso que fosse.

"Você é o Erwin, certo?", Levi finalmente falou, sua voz era decidida e de alguma forma o timbre combinava com a sua aparência séria.

"Isso. Entre, por favor", Erwin deixou espaço para que o menor entrasse, o que não aconteceu de imediato.

Levi calmamente tirou os tênis, deixando próximo a porta de entrada, e só depois adentrou o apartamento, olhando o espaço atentamente. Erwin fechou a porta, o observando com curiosidade. Sendo sincero, não havia muito para se ver ali. A sala era pequena, com um sofá confortável de frente para a tv e uma pequena mesa de estudos encostada na parede. Do outro lado, ficava o balcão da cozinha com dois lugares.

A cozinha era composta por tudo que era necessário, mas era pequena. E foi direto para lá que Levi foi, ele lavou as mãos e passou a abrir os armários e a geladeira. Sem se virar para Erwin, a primeira pergunta surgiu, e ela não era nada parecida com as coisas ouvidas pelo loiro nos últimos dias.

"Como você quer dividir o espaço dos armários e geladeira?", Levi se abaixou, olhando os utensílios de cozinha guardados sob a pia. Sua expressão mudou pela primeira vez, e uma pequena careta se formou. Não havia muito para se ver ali.

[Eruri] Por quanto tempo?Onde histórias criam vida. Descubra agora