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Zinaida

Caminhávamos em silêncio

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Caminhávamos em silêncio. Walker parecia tenso. O fato dele está tenso me deixava tensa.

- para onde estamos indo? - perguntei para quebrar aquele clima estranho
- é surpresa - me olha com um pequeno sorriso em seu rosto.

Dei uma risada.
Os olhos dele se iluminavam.
Eu parei de rir.
Os olhos dele perderem o brilho.

- queria que tivesse durado mais tempo - fala sério

Fico confusa com seu comentário.

- eu não entendi. Você gostaria que eu ficasse mais tempo aqui na Pensilvânia?
- também... mas eu estou falando do seu sorriso.

Sinto-me queimar por dentro.

- sorri. Eu gosto do seu sorriso.
- eu gosto mais do seu - confessei - ele me deixa mais vulnerável do que eu gostaria

Meu pai um dia me falou que o amor é como água.
Pode ser tranquilo. Raivoso. Ameaçador. Apaziguante.
A água pode ser muitas coisas, mas em todas as suas formas ela será água.
Walker é a minha água.
Mas com toda a certeza eu sou a água dele.

Percebo ele corar de leve.

- chegamos - olhou para mim

Estávamos em um córrego. Ele nos dava visão a praia. A água do mar estava calma e o seu azul intenso. As estrelas e a lua iluminavam a noite. A brisa era fria.

- por que me trouxe aqui? - perguntei
- sabe... A pessoa pobre tem desejos a alcançar. Objetivos empolgantes. Uma casa dos sonhos, talvez, umas férias, ou até um jantar num restaurante na sexta à noite. Quanto mais dinheiro a gente tem, mais difícil é encontrar coisas que nos empolguem. Compreende?

Permaneço calado por alguns estantes. E olho para ele com a boca levemente aberta.

- acho que sim. Acho que o compreendi.
- podemos lotar a vida de coisas bacanas, mas coisas bacanas não preenchem o vazio na nossa alma.
- e o que preenche a alma?

Os olhos de Walker analisaram meu rosto por alguns segundos.

- pedacinhos de outras almas.

Tentei racionar.
Suas frases anteriores começaram a fazer sentindo.

- Walker? - sussurrei
- shhii - ele fez com a boca - posso te falar três palavras para tocarem em sua pele?

Fiquei calada.

- Eu. Te. Amo.
- posso te falar seis palavras para tocarem em sua pele?
- claro
- Eu. Vou. Ser. A. Sua. Morte.

Ele ficou sem reação

- eu vou embora na terça - falei
- não. Eu não entendo. Uma hora você me reheita e outra você me deseja. Eu não te entendo, Zinaida - fala em um tom alto.

- eu sei que minha partida dói mais em você do que em mim. Eu adoraria ficar. - falei nervosa
- não, Zinaida, você não sabe - fala com uma voz chorosa

Não sei o que fazer.
Se pelo menos ele tivesse ideia do domínio que tem sobre o meu coração. Eu o amo e sou uma garota de sorte por ser amada por ele.

- todas as terças-feiras seram ruins daqui para frente - murmurou
- Walker, seu coração não é seguro comigo...
- mas o seu é a minha casa - ele olhou no fundo dos meus olhos.

Senti um frio na barriga.

- você só me deu seu coração por me achar bonita.

Ele sorriu em meio às lágrimas

- a menina mais bonita que eu já vi, mas eu te amo pelo o que é, pela a sua confusão

A olhei confusa

- eu sou o filho da puta mais sortudo do mundo por amar uma garota como você - apontou para mim
- definitivamente é. - falei ainda sem entender aquele situação
- você me promete que vai voltar? E vai me amar e ser a minha garota até ficarmos velhinhos?
- eu odeio promessas - falei
- promete?

Fico pensativa

- na primavera do próximo ano estarei de volta - engoli seco

Ele me abraçou forte e sente suas lágrimas molharam meu pescoço.

Ele beijava meu pescoço enquanto me abraçava

Arrepiei com esse ato

- eu te amo, Walker Scobell - me ajeito no abraço

Finalmente eu consegui. Consegui falar que o amava.

𝑹𝑬𝑳𝑰𝑪𝑨́𝑹𝑰𝑶 || Walker Scobell Onde histórias criam vida. Descubra agora