al amanecer

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Agatha Mendenza.

15 de junio de 1991.  06:01 de la mañana.

Abri lentamente meus olhos ao escutar o som do despertador, me acostumando com a claridade do nascer do sol que se abria por trás da cortina da janela do meu quarto. Olhei para o lado e obviamente Blas não estava mais ali, ele saía em torno de 05:30 para ir para o trabalho. que ele tanto se orgulhava de poder desfrutar de tal, apesar da carga horária ser bem pesada. Ele trabalhava em um restaurante temático, se vestia de várias fantasias de animais para alegrar as crianças.

Quando me levantei, olhei para a mesinha do quarto e em cima dela tinha um bilhete, peguei ele e abri.

"Bom dia, amor! Dormiu bem? Bom, pelo visto sim, sei que não gosta muito de fotos, mas não resisti em ficar sem registrar o quão você é linda enquanto dorme. Eu te amo, princesa."

Olhei para a mesinha e ali havia uma foto de polaroide que Blas tirou com sua câmera onde eu estava dormindo. Porra, que coisa feia! Eu tinha ficado horrível naquela foto, mas não pude deixar de acabar soltando um sorriso bobo imaginando Blas tirando essa foto, cada gesto de amor dele significava o mundo pra mim.

Me retirei de meus pensamentos e voltei a realidade, afinal, se eu não ir trabalhar, ninguém vai ir por mim. Vesti meu uniforme que era uma calça jeans, uma blusa branca e um avental de jardineira, pois normalmente me sujava bastante cuidando das plantas e das flores; Tomei meu café da manhã e peguei meu crachá, fui até a estação de trem e peguei o primeiro que chegou. Em alguns minutos já estava dentro da floricultura mexendo nas minhas flores e plantas, cantarolando uma música qualquer que veio em minha mente, até que fui interrompida pela minha chefe cutucando meu ombro, virei para trás e a olhei.

- Oi chefe, pois não? - a olhei confusa já que a mesma estava com um buquê de girassóis nas mãos.

- Seu marido é romântico, em! - ela soltou um risada nasal. - Ele passou aqui logo que a floricultura abriu e comprou esse buquê de girassóis, ele pediu que deixasse guardado para te entregar quando você chegasse. - ela me entregou as flores e eu sorri.

- Muito obrigada, Susana... - eu sorri sem acreditar que Blas atravessou a cidade só para comprar aquele buquê para mim, já que o restaurante que ele trabalhava ficava no outro lado da cidade.

06:00 de la tarde.

Meu expediente já havia acabado e agora eu estava tomando um belo de um banho quente, relaxando a minha cabeça, já que obviamente trabalhar com o público não é nada fácil. Coloquei meu pijama e saí do banheiro, coloquei o buquê de girassóis dentro de um vaso com água e me sentei no sofá a espera de Blas, que provavelmente chegaria em torno de meia hora.

Mas fui surpreendida com ele abrindo a porta naquele mesmo instante, acho que seu chefe deve ter liberado ele mais cedo, já que estava perto do final de semana.

- Olá, amor! Foi liberado mais cedo? Como foi o trabalho? - eu me levantei indo em direção a ele que bateu a porta com força e suspirou pesado, me assustando.

- Fui demitido, Agatha. - ele desviou do meu beijo e se jogou no sofá colocando as mãos na cabeça.

Blas Polidori.

- Blas, preciso ter uma conversa com você, pode se dirigir até minha sala, por favor? - meu chefe chamou minha atenção discretamente após uns minutos depois que cheguei no trabalho.

- Oh, claro! Sem problemas! - eu falei alegre pensando que seria alguma coisa referente a algum aumento de salário ou de cargo, fui até a sala dele e me sentei na cadeira que havia ali.

- Bom, vamos ir direto ao ponto. - ele estalou os dedos e me olhou. - Você está demitido, notamos que seu desempenho está baixando demais esses últimos meses então decidimos dar lugar para funcionários com melhor força de vontade de trabalhar conosco.

- O QUE? - eu acabei aumentando o tom de voz devido o choque. - Chefe, por favor! Eu te peço por favor, não me demite assim. Eu amo esse trabalho, todas as crianças que vem aqui me adoram, e eu amo lidar com o público, me desculpe pelo meu baixo desempenho, se me deixar continuar trabalhando aqui, te garanto que vou ser um ótimo funcionário! - eu falei desesperado, não queria perder o emprego que tanto me orgulhava de ter conseguido.

- Sinto muito, Blas. Aqui estão os papéis para você assinar. - ele me entregou as papeladas e se retirou da sala me deixando sozinho ali, ainda não tinha caído a minha ficha de que eu estava demitido.

Assinei os papéis que não eram poucos e fiquei por mais algumas horas ali me despedindo do pessoal, peguei um trem qualquer que eu sabia que ia para minha casa e depois desse dia tão estressante, cheguei em casa e Agatha estava me esperando no sofá como sempre.

- Olá amor! Foi liberado mais cedo? Como foi o trabalho? - Agatha veio até mim toda animada para me dar um beijo, eu bati a porta com força e desviei do beijo dela me jogando no sofá.

- Eu fui demitido, Agatha. - a olhei tentando não explodir de tanta tristeza, confusão, raiva e estresse.

- O que? Para de brincar, amor! - ela riu se sentando na minha perna e me olhou. - Espera, você tá falando sério mesmo?

- É, sim... Amor, eu sinto muito. Eu não estou em um momento bom, sei que são só 8 horas da noite mas preciso tentar descansar, não quero ser um babaca descontando meu estresse em você. - eu selei a bochecha de Agatha antes de levantar, fazendo ela involuntariamente sair do meu colo, fui até o quarto e me joguei na cama descansando minha cabeça no travesseiro, soltando um suspiro pesado, não me importei com a falta de banho.

Alguns minutos depois senti a presença de Agatha deitada ao meu lado, eu me virei para o lado dela e agarrei sua cintura, juntando meu corpo ao dela, era a única forma de eu conseguir dormir mesmo sem vontade. Senti o corpo dela relaxar, indicando que ela havia dormido.

Olhei no relógio em meu pulso e já era 1 hora da madrugada, eu ainda não tinha conseguido dormir devido a preocupação com a nossa nova vida financeira. Me levantei e fiquei andando pelo quarto olhando para cada canto escuro pensando em alguma solução para toda essa confusão, até que meus olhos se direcionaram a uma gaveta que tinha em meio guarda-roupas. Eu caminhei vagarosamente em direção a ela, soltei um suspiro pesado antes de abrir a gaveta e ver o que eu já imaginava. 

Um canivete enferrujado.

O maldito canivete que eu tanto usei na época do colegial com o Fran, carregava ele no bolso de uma jaqueta de couro que sempre estava no meu corpo. Fran sempre foi mais pra frente do que eu me influenciando a fazer merda e achar certo, até que um dia ele deu a ideia de assaltarmos uma loja de revistas que o dono era um velho sem uma perna, nos aproveitamos de sua condição física e roubamos uma revista da Playboy, na verdade nem usamos aquele canivete, sempre foi por marra.

Fran hoje em dia fazia parte de uma facção criminosa da Argentina, por pouco não fiz parte dela, pois ele largou o colegial e me convidou para fazer o mesmo. Por sorte conheci Agatha e ela me puxou do fundo do poço para o caminho certo, ela me transformou e me fez entender qual o sentido da vida. Porém até hoje eu e Fran ainda continuamos mantendo contato, com nossa amizade de 7 anos.

Me retirei dos meus pensamentos do passado e encarei aquele canivete, uma brilhante ideia surgiu na minha cabeça, era arriscada, mas não era descartável.


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Los opuestos. -Blas Polidori.Onde histórias criam vida. Descubra agora