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Irene acordou um pouco mais leve, retirou a mão de Antônio enroscada na sua cintura e depois encarou as flores no jarro e o bilhete que lhe foi entregue. Olhou para o pulso e dispensou a ideia de usar a tala, mesmo sabendo que aquilo ajudaria no processo de melhora, uma melhora significativa. Calçou as pantufas e pegou o roupão e se dirigiu para o andar debaixo onde Caio se encontrava tomando o café da manhã que terminava de ser servido por Angelina. Caio a fitou, percebendo que pela enésima vez ela não colocou a tala no pulso, ele deu uma leve virada de olho e observou ela se sentando e colocando o pano branco sob seu colo.

Irene estava decidida a ter uma conversa significativa com o garoto, por mais que soubessem que não se davam bem, seria cômodo para situação de agora uma tentativa de reconciliação ou algo parecido com uma trégua. Caio tomou a iniciativa de servir o café para ela, já que a mão dominante era a de seu pulso machucado. Sorriu em agradecimento e soltou um pigarro.

— Você esqueceu da tala no pulso. – ele observou o local levemente inchado. — Assim não vai sarar nunca.

— Eu nunca lembro, mas hoje eu não quis usar, incomoda no calor. – se justificou e se remexeu na cadeira. — Caio, eu queria conversar com você.

— Se for bronca, eu prefiro que fale depois. – ele retrucou.

— Não, não é isso. – respirou fundo. — Caio, nós começamos muito errado. Eu sempre fui a pior pessoa do mundo para você e você também não foi a melhor pessoa do mundo comigo, foi uma reação sua diante de uma ação minha. Mas, agora eu queria recomeçar tudo, quero que possamos ao menos tentar uma relação saudável.

— É, eu... não estava esperando por isso. – ele deu um meio sorriso. — Mas podemos tentar sim, Irene.

Ela sorriu, em seguida Petra chegou a mesa praticamente arrastada por Luigi e Antônio atrás repudiando a situação da menina. Irene riu do estado em que ela se encontrava e serviu o café da menina, sorridente, até Antônio levantar a tala do pulso na sua direção.

— Teimosia, nunca vi machucar o pulso e não usar a tala. – resmungou, ajeitando o acessório no pulso dela a fazendo ficar com um bico infantil. — Agora sim.

— Alguém anotou a placa do caminhão que me atropelou? – Petra resmungou, tombando a cabeça em cima da mesa. — Minha cabeça vai explodir.

— Você precisa é de um banho. – Irene disse, levantando-se. — Vem, vamos.

— Vem cá, vocês sabiam que o Andrade tá no hospital porque levou uma surra de uns caras aí? – sua filha pigarreou e Irene levantou o olhar para Antônio que apenas deu um meio sorriso.

— Espero que ele não tenha machucado o pulso. – ele zombou.

1 ANO DEPOIS.

Irene carregava o neto nos braços enquanto a festa de um ano rolava, Antônio exagerou na estrutura e desbancou até mesmo a festa de casamento de Petra. Parecia perdida em meio a tanta coisa e sequer sabia onde encontrar o marido, a filha e o enteado. Rodeou o jardim e encontrou Petra no brinquedo inflável, Caio atrás de Luigi e Antônio roubando alguma coisa da mesa de doces. Sorriu, levando um susto quando um flash da câmera atingiu seus olhos e quase a cegou. Antônio sorriu ao ver o neto no colo da esposa e foi até eles. Irene estava deslumbrante. O vestido branco bordado com margaridas a deixaria bonita em qualquer ocasião. Os olhos brilhantes deram um charme a mais e as covinhas que compunham aquele sorriso encantador.

Ele deu graças a Deus quando notou que Danielzinho  puxou as covinhas de Irene.

— Vocês estão magníficos. – ele deu uma piscadela e ela sorriu. — Como sempre.

empecilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora