Ohio, 1954.
Acontecia uma investigação dentro da delegacia, no meu departamento. Todos me olhavam estranho. Estava com a Matilda nos meus braços, e se quer deram oi para minha filha. Eu não entendia muito bem. Eu não entendia por que me olhavam daquela forma. O único que me olhava pacificamente, era Malik.
Havia uma detetive entre os homens que vasculhavam a delegacia. Já tinha a conhecido antes em algum caso por aí. Loira e rosto quadrado, sempre com um rabo de cabelo lá no alto.
— Detetive Decker — a cumprimentei, apertando sua mão. — Temos algum desenrolar da história?
— Delegado — brevemente me cumprimentou com os olhos. — Bem, não temos nada até agora. A única coisa que temos é um pequeno frasco de clorofórmio. Estávamos à sua espera, na verdade.
— Eu estava a passeio com minha filha — deixei Matilda nos braços de minha assistente, que saiu com ela para sua sala, longe de todo aquele cenário desnecessário para uma criança. — Creio que possamos reunir provas ao decorrer do dia.
Fomos até os fundos da delegacia, e nada de aparente tinha acontecido.
— Você estava aqui na noite passada?
— Não, mas eu fui o último a sair.
— E não ouviu nada?
— Detetive Decker, francamente. Não me interrogue como se eu fosse um suspeito. Sou um delegado, sei o que acontece na minha delegacia. Não vamos causar problemas.
— Se sabe tanto, pode me dizer por que a cela desse prisioneiro, estavam abertas?
— Já não foi lhe dito que ele é de alta periculosidade? Este homem já fugiu inúmeras vezes daqui.
— Reforcem as celas, então!
— Leve ele para um clínica que o aceite, querida! — eu fui um tanto debochado naquele momento.
Percebemos que nada daquela conversa ia sair. Voltamos para o nosso departamento em passos pesados e apressados. Detetives, policiais e delegados dividiam da mesma mania. Quando nada nos agradava, marchamos para que sejamos notados, que nada estava sendo feito.
Não havia sinais de sangue. Não havia digitais em nenhum lugar. As chaves estavam no meu armário, trancadas. O senhor Adams fraturou as costelas e suas espinhas estavam literalmente estraçalhadas. De fato, não havia nada que explicasse aquilo.
O outro prisioneiro, que gentilmente o pessoal da delegacia o apelidou de "coiote" por ser parecer com um, era magro demais para matar o senhor Adams.
Intrigante.
•
Matilda entrou diferente no carro aquele dia.
Sempre fiz questão de buscá-la na porta da escola, ela nunca precisou pegar o ônibus escolar, e até mesmo em passeios, eu a levava e trazia para casa. O sinal não tinha batido ainda, Matilda abriu a porta antes que todos e foi correndo para o carro. Ela se sentou, abraçando os cadernos com força, muito assustada.
Eu já sabia o que tinha acontecido. Mas, queria ouvir dela.
— O que fizeram com você?
— O de sempre, pai — ela estava impaciente. — Vamos embora.
Fomos para a casa. Eu tentei ao máximo não surtar no carro. Tentei muito. Fiquei imaginando o que tinham feito com minha filha, quanto mais eu pensava, mais minhas mãos se fechavam no volante ao ponto de deixar marcas na palma. Meu braço estava explodindo. Minhas veias estavam estourando. Meu sangue corria numa velocidade absurda, parecia sentir o seu percurso dentro de mim. Eu estava morto de raiva e ódio. Fúria.
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Stockholm Syndrome | l.s
FanfictionAo investigar o assassinato de seu esposo, o delegado federal Edward se encontra preso em um mundo de sofrimentos, e passa então, a questionar sua própria realidade. Até que, o seu passado é jogado a tona e sua história muda drasticamente.