chapter ten.

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Ohio, 1952.

Eu tinha perdido metade de quem um dia já fui. Louis implorava todos os dias para que eu começasse um tratamento intensivo após a Guerra. Eu precisava, era necessário. Mas eu não fazia.

Aquela noite tinha sido tão comum quanto as outras. Era como seguir uma rotina sem imprevistos. Passar o dia no trabalho, chegar em casa e ver os grandes amores da minha vida. Louis e Matilda sempre esperavam por mim na sala, ou na cozinha enquanto preparavam o jantar.

Eu observei Louis se deitar antes que eu pudesse fazer o mesmo. Fiquei ali, parado na quina da porta. Observei como tirava os lençóis para se juntar ao edredom, como afofava meu travesseiro para que quando eu deitasse, estivesse fofinho e aconchegante. Sorri marcando fortemente minhas covinhas em minhas bochechas.

— Edward! — Louis gritou meu nome, não havia notado que eu estava logo ali, até se virar para trás. — Ah, você está aí.

— Sempre.

Cheguei perto o suficiente de seu corpo até que meu nariz esfregasse na sua nuca, eu gostava de enterrar meu rosto no pescoço de Louis. Aquela noite ele foi a conchinha menor, por milagre. Havíamos discutido mais cedo, ele começou uma série de falácias das quais me deram gatilhos. Louis estava sensível mais tarde, como se quisesse se redimir mas sem admitir.

Eu o embrulhei em meus braços e entrelacei nossas pernas, conseguia sentir todo o corpo de Louis grudado ao meu, como ele sumia quando eu o abraçava por trás. Eu tinha medo de fechar meus olhos e cair no sono, por isso os mantinha abertos até que eu não percebesse ficar sonolento. Mexia na aliança no dedo de Louis, fazia carinho em seu cabelo ralinho na nuca com a pontinha do meu nariz, tentava ignorar minha dor e focar na pessoa a qual eu estava abraçada naquele momento.

Mas nunca dava certo.

Louis'POV

— Edward... — eu sentia meu peito se fechando aos poucos, meus braços estavam com um peso desconhecido. — E-edward...

Quando me dei conta, era Edward quem estava me apertando. Virei meu pescoço um pouco de lado e mal consegui ver seu rosto, ele estava me apertando cada vez mais forte e se eu não acordasse a tempo, acho que não teria forças nem para falar.

— Amor... Você está me apertando! — eu respirava pela boca, ouvia alguns sons estranhos vindo de Edward, tentava me mexer contra mas não conseguia. — A-amor!

Os sussurros de Edward já eram de meu conhecimento. Eu sabia o que estava acontecendo ali. Ainda mais quando lançava nomes aleatórios.

Todo o corpo de Edward estava quente e suado, aquele quarto já não era um lugar mais seguro. Na verdade, toda noite aquilo acontecia. Sempre perto das três horas da madrugada. As vezes eu evitava dormir com meu marido. Ficava alguns minutos com ele na cama, e quando ele adormecia, eu ia para o quarto de Matilda. No dia seguinte, sempre dava a desculpa que nossa filha estava tendo pesadelos.

Mas quem tinha pesadelos era Edward.

Ele sempre sussurrava para matar ela, para matar ele, para que ficassem em silêncio, que não queria, que sentia muito, que sentia falta.

Meus braços estavam ficando dormentes. Eu mal conseguia abrir a boca para falar. Era como se Edward virasse uma fera, com uma força imensurável. Ele me apertava muito, muito, muito forte. Eu me sentia como uma presa de uma cobra. Sem escapatórias.

Eu me debatia na cama desesperadamente, e isso causava um barulho alto. Matilda foi até nosso quarto e viu a cena de seu pai me deixando ser ar. Quase me matando.

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⏰ Última atualização: Jun 21 ⏰

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