"Sim, minha mobilidade não está ajudando, e dá um pouco de medo de dormir nessa sala grande." Comento meio sem jeito.
Drogo deu um leve sorriso forçado e desviou o olhar, tirou o moletom e os sapatos lentamente, colocou perto da porta e caminhou até o sofá, que ficava a pouco metros de mim. Respirou fundo e sentou em silêncio.
"Não vai dormir? Ou ir para seu quarto?" Pergunto, sem entender.
"Não, ficarei aqui. Não quero um zombie pela casa amanhã porque teve medo de noite." Ele responde enquanto ajeita a cabeça nas almofadas.
"Não precisa é se..."
"Durmo direto nesse sofá, silêncio." Ele me corta, fazendo sinal de silêncio com o dedo e fechando os olhos.
Não respondi nada, sorri de leve e me deitei novamente, e o silêncio reinou.
Não entendia bem ao certo o porquê dele estar sendo gentil comigo, já que no início ele foi bem ríspido. Me pergunto se foi pelos beijos ou porque se acostumou com minha presença. Mas saber que ele estava ali, pertinho de mim, faz eu sentir algo que ainda não sei explicar.
Não demorou muito para que eu caísse no sono, não sei quanto tempo dormi, mas acabei acordando no meio da madrugada com uma tremenda sede. Olhei para o lado e vi o loiro deitado no sofá em um sono que parecia profundo. Não queria acorda-lo.
Me levantei com cuidado para não fazer barulho e devagar fui caminhando até a cozinha. Ainda era uma luta conseguir andar sem pisar o pé no chão, sou uma pessoa nada manual.
Quando cheguei perto da cozinha dei uma leve empacada e deixei a moleta cair no chão, fazendo um barulho chato. Fechei os olhos e fiquei imóvel como se fosse anular o som que acabou de emitir.
"Gaia?" Escuto a voz sonolenta de Drogo enquanto tento me equilibrar sobre um pé até alcançar o balcão.
"Oi, tá tudo bem. Desculpa te acordar." Sussurro e quando percebo ele já está com a minha muleta na mão.
"Pode pedir ajuda." Ele diz se aproximando de mim e coloca o objeto ao lado.
"Não quero incomodar, eu dou conta sozinha." Digo enquanto ele se aproxima mais, ficando na minha frente. Solto um suspiro
"Tô vendo como dá conta." Ele diz em um tom irônico e me fita.
"Obrigada, pode voltar a dormir." Engulo seco esperando que ele saia, mas ele permanece ali, intacto. "O que você está fazendo ?" Pisco e ele permanece em silêncio, me encarando.
"Algo que estou sentindo muita vontade" ele diz em um susurro e em um movimento rápido pegou em minha cintura e me colocou em cima da mesa.
Arregalo os olhos assustada com essa ação e ele encara meus lábios e solta um suspiro.Não consegui pensar em nada, só em como queria beija-lo.
E finalmente, sinto uma de suas mãos agarrar minha cintura enquanto a outra segura meu rosto e em segundos sinto seus lábios se chocarem com os meus com uma grande sede. Quase de forma desesperada, nossos corpos se grudaram, e senti todo meu corpo tremer. Minha mãos passeavam pelos seus ombros e cabelos e um calor enorme tomou conta de nós dois.
Quanto mais o beijava, mas o sentia perto e com mais força ele me segurava, Só conseguia escutar como estávamos ofegantes e sentir meu coração acelerando cada vez mais.
Ele pressionou ainda mais seu corpo perto do meu e eu pude sentir sua excitação em mim, suspirei eufórica. Não podia acreditar que estávamos fazendo aquilo de novo, naquela situação e naquela casa.
Quando senti que íamos nos aprofundar mais a luz das escadas se ancenderam iluminando o chão da cozinha, em segundos Drogo se afastou de mim e foi para o outro lado da cozinha. Desci do balcão e peguei minha moleta, logo avisto Ezequiel aparecendo na sala e olha para o lado.
"Não conseguiu dormir também?" Ele pergunta e vem até mim, eu respiro fundo tenhando me recompor e quando olho pro lado vejo que Drogo saiu.
" Mais ou menos." Respondo sem graça e ele pega uma jarra de água, aproveito e me sirvo também.
Ezequiel conversou um pouco comigo e logo subiu para o quarto e eu me deitei novamente.
Suspirei sem acreditar no que aconteceu a poucos minutos, como assim Drogo se sentia atraído por mim e o que fez beijar uma universitária e justamente a que mora junto com ele e que supostamente não gostava.
Obviamente não consegui dormir mais e vi o dia amanhecer com aquele terceiro beijo na minha mente. Pensando em como aquilo não era certo, ainda mais por sentir algo diferente quando ele está por perto.
Durante toda a manhã Drogo não deu as caras, e sei que sumiu justamente para não me ver. O que me deixa extremamente confusa.
Não demorou para chegar a hora do almoço e me sentei na mesa com ajuda de Samuel, que como sempre, é um poço de gentileza.
"Está se sentindo melhor?" Othon pergunta com um olhar atencioso.
"Estou sim, me acostumando a andar com as muletas." Respondo enquanto bebo um gole de suco.
"Fico feliz, estou trabalhando demais. Não consigo acompanhar os acontecimentos dessa casa." Ele responde e eu sorrio.
"Você dormiu bem?" Amélia perguntou
"Sim" respondo com outro sorriso.
"Encontrei ela perambulando pela cozinha ontem". Ezequiel comenta e me lembro automaticamente do beijo.
Antes que alguém falar algo Drogo aparece e se senta, dando um bom dia baixo para todos.
"Bom dia, filho. Você dormiu bem?" Amélia pergunta para o loiro
"Sim, mãe. Cheguei e fui direto pra cama" ele responde e dá um beijo na mão de Amélia que fica feliz com o gesto.
Durante todo o almoço Drogo não trocou nenhum olhar comigo nem sequer interagiu, e foi assim durante toda a semana. Ele saia cedo e voltava mais tarde ainda, só via seus vultos pela casa e raramente sua voz.
Fiquei furiosa com ele, como ele tem a audácia de me beijar daquele jeito e depois agir como se eu não existisse? Esses pensamentos foram me corroendo cada vez mais.
Trocava mensagens com Dylan e Jamila e avisei meus pais sobre o ocorrido. Todos ficaram extremamente furiosos por não ter avisado antes, e Dylan, triste por achar que não compartilho tudo com ele.
O tão esperado dia de tirar a faixa do pé chegou, Amélia foi muito atenciosa e fez isso para mim, e foi muito agradável ter essa troca de cuidado com ela.
Amélia sempre teve o sonho de ter uma menina, mas, após quatro tentativas falhas, desistiu e se confirmou que sua vida seria rodeada de homens.
Não sei ao certo quando a amizade deles com meus pais começou, mas me lembro de quando ela ficou grávida do Benjamin, meus pais ficaram animados e faziam diversas ligações com ela.
Mas me lembro de uma ligação em específico, uma que escutei de trás da porta quando eu tinha por volta de uns dezesseis anos. Amélia parecia chorar muito e minha mãe tentava consolar, quando perguntei sobre o que aconteceu, minha mãe me mandou subir e jamais tocou no assunto.Estava saindo da sala com Amélia quando avistei Drogo do outro lado da piscina, deitado, provavelmente cochilando. A morena não demorou para adentrar a casa novamente e decidi ir falar com ele.
Andei calmamente e fiquei em pé ao lado de onde ele estava sentado, suspirei fundo e disse:
"Vai fingir que eu não existo até quando?"
Drogo leva um leve susto com minha voz e tira os óculos escuros, se ajeita na cadeira e me encara.
Sinto um frio enorme invadir minha barriga e me arrependo de ter escutado a voz da minha cabeça e ter ido até ele.
Oh céus.
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burning for you
RomanceGaia finalmente passa em sua faculdade dos sonhos em Washington,mas só tem um porém:Ela e seus pais não tem grana para bancar uma vida em Washington. Mas logo o pai de Gaia acha uma solução: Ela ir morar na casa de uns amigos da família até achar u...