Para quem não tem outros

Capítulo - 27 Raiva hipócrita.

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O que Izuku esperava que acontecesse após o término do evento, era que ele passasse seu intervalo de uma hora e meia comemorando um pouco mais com seus amigos, ligando para sua mãe por pelo menos quinze minutos, bebendo tanta água que precisaria fazer xixi duas vezes antes de poder voltar e talvez tirar uma soneca se tivesse tempo.

O que realmente está acontecendo é que Shouto Todoroki , entre todas as pessoas, puxou-o para um portão de saída vazio e está olhando fixamente para Izuku. Ele não diz nada por vários segundos.

É assustador para alguém como Izuku, que não conheceu nada além da crueldade dos adolescentes antes de chegar aqui. Os nervos dançam sob sua pele e ele já deveria saber que nenhum de seus colegas iria machucá-lo. Não é a mesma coisa que o ensino médio. Eles salvaram a vida um do outro e fariam isso de novo e Izuku provavelmente morreria por cada um deles. Mas Todoroki está olhando com algo feroz em seus olhos, e a única coisa que Izuku já associou a um olhar assim é violência.

Eventualmente, Todoroki fala. "Acredito que subestimei você."

"Eim?"

"Você é uma ameaça que eu não esperava, Midoriya. Achei que sua vitória no primeiro evento foi um acaso." Ele diz, e Izuku sente algo em seu coração ficar mais pesado. Ele deveria saber que alguém, em algum momento, iria acreditar que ele não poderia realmente sobreviver como está. "Você não lutou comigo naquele evento, mas eu sabia que você planejou cada movimento que seu time fez. Você remodelou as regras do jogo e isso o torna mais perigoso do que jamais pensei que poderia ser."

A ansiedade não sai de Izuku. Isto não é um pedido de desculpas por seus equívocos.

"Aonde você quer chegar com isso, Todoroki?"

"Você sabe que meu pai é Endeavour, o herói número dois." Não é uma pergunta.

"Eu- claro. Todo mundo, hum, todo mundo sabe disso". Izuku responde. Sua gagueira está voltando.

Ele não está em perigo, ele não está em perigo. Izuku repete para si mesmo internamente.

"Meu velho fará de tudo para avançar em sua posição e diminuir a distância entre ele e o número um. Eu existo para ser a tábula rasa perfeita, o transformado no herói perfeito a partir do segundo em que minhas quirks se manifestaram, para que meu pai possa finalmente vencer de uma forma ou de outra", conta Todoroki, como se não fosse nada.

Izuku não consegue engolir seu horror. Ele imagina nascer como uma arma para o sucesso, e não como uma pessoa. Isso o deixa doente.

Todoroki continua. Izuku não sabe se quer deixar o menino falar ou se quer fugir. "Você conhece casamentos peculiares?" Ele não espera por uma resposta. "Escolher um parceiro apenas para aprimorar sua peculiar linhagem familiar, para seu próprio ganho ou pela ideia de uma sociedade melhor. Meu pai tinha dinheiro e se casou com minha mãe em uma cerimônia privada depois de apenas dois encontros. Eu tenho... eu tinha três irmãos mais velhos.

A náusea sobe na garganta de Izuku. Casamentos peculiares em prol de uma linha mais forte são exatamente o mesmo tipo de pensamento que ele vê dirigido a ele todos os dias, pessoas dizendo que a falta de quirk será eventualmente "eliminada", que ele deveria ser. Que é responsabilidade de alguém - por qualquer motivo - criar filhos mais fortes, como se isso fosse tudo que importasse.

"Estou lhe contando isso porque você trabalha mais e com mais inteligência do que qualquer pessoa que já vi. Quero vencer sem ele, sem seu poder de merda." Todoroki ferve. Há um veneno em sua voz que Izuku nunca ouviu de ninguém. Nem mesmo Kacchan sentiu tanto ódio em sua vida. "Você tem subido na hierarquia, provando seu valor com sua engenhosidade e desenvoltura. E eu vou bater em você. Você vai provar à Endeavor para mim que não preciso da quirk dele."