(Capítulo 4

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Pov: Hilda.

Eu havia tido motivos bobos para sorrir até hoje. Acordo irritada, talvez seja apenas uma bobagem minha, mas não estou feliz, tudo parece chato e me deixa estressada. Malthus ainda está dormindo, estou com fome, mas não vou acorda-lo, eu posso esperar... Eu acho. Por enquanto, preciso de um banho.

Volto do banheiro mais irritada, finalmente entendo o motivo de estar em um "dia ruim", mas tinha que ser justo hoje? Como pode meu corpo nunca me obedecer. O tão esperado baile é na próxima semana, então tudo bem.

Sentada no sofá com o gato em meu colo olhando pela a janela, observo os pássaros cantarem, o céu estava com aparência chuvosa já que o sol não havia nascido ainda. Está frio e isso apenas faz minha cólica piorar, como posso suportar tanta dor enquanto ele dorme sem fazer nada. Parece que nem me ama.

Ouvi barulhos no quarto, será Malthus? Talvez eu deva está delirando, deve ser a fome.

-Querida?
-Malthus, Por que demorou tanto a acordar?
-Eu procurei você na cama e acabei não achando...
-Por que está com os cobertores de nossa cama?
-Estão sujos
-Trocamos eles ontem, como...

Finalmente percebi o motivo de estarem sujos, que vergonha, nem pensei se havia ou não sujado nada, meu olhar desvia de Malthus indo em direção a janela novamente, não posso acreditar que fui tão descuidada, oque está acontecendo comigo? Já vi casamentos acabarem por muito menos, então eu sussurro:

-Desculpa, sou uma péssima esposa.

Sinto uma das mãos de malthus em meu ombro, então viro o rosto para ele, ele se ajoelha colocando o lençol dobrado no chão, ele olha para o gato e o faz carinho, enquanto responde a minhas desculpas.

-Tudo bem, cresci com minha mãe e muitas mulheres, nós não tocávamos muito nesse assunto, sabe?, "um homem não precisa saber dessas coisas", minha mãe dizia, mas eu sempre fui curioso. Sempre achei que fosse um bicho de sete cabeças, mas na verdade é apenas sangue.
-Apenas?
-Considerando a dor e todas as emoções que você sente, sim, é apenas sangue. Não deve ficar envergonhada, apenas a dor que deve está sentido é o suficiente.
-Malthus...
-Sim
-Eu estou com fome

Ele muda sua expressão e começa a sorrir, se levanta pega o lençol e fala indo até a lavanderia -preciso cuidar disso primeiro-, mas afinal, oque eu deveria pensar? "Que bom que ele entende" ou "É apenas uma forma dele passar pano para minha falta de cuidado?".

Ele vem até mim com uma tigela muito fofa, com nozes, amendoim e frutinhas cortadas, ele coloca uma garrafa de água em cima da mesa de centro próxima ao sofá.

-Onde está o café?
-Sinto muito, mas não pode beber café.
-Por que?
-Café estimula os movimentos, e movimentos pioram as contrações dos músculos

Eu fico um pouco emburrada, confesso, ele volta a fazer coisas no quarto, acredito que está arrumando a cama. Termino meu "café" da manhã e vejo Malthus passar para o nosso quintal, eu vou atrás dele minutos depois, ele está estendendo os lençóis, acredito que ele já lavava seus mantos e sempre mantia as suas coisas organizadas antes. Ele parecia bem mais forte enquanto apertava aqueles lençois com força, bem que ele poderia tentar fazer isso comigo um dia desses... Oque é isso? Hoje não é dia de pensar essas coisas.

Eu devo está ficando louca, sinto uma dor forte em minha "barriga", acabo derrubando um copo na tentativa de me segurar na nossa mesa, Malthus logo aparece me segurando em seus braços, me levando para a cama, eu estou realmente dando trabalho hoje.

-Deite de lado e com os joelhos próximos à barriga, isso pode ajudar a conter melhor a quantidade de sangue.
-Obrigada

Em cinco anos eu sempre escondo bem meu período, não consigo entender oque está acontecendo. Deito como ele me pediu e com pouco tempo sinto a dor ir embora, ele sai do quarto, mas sempre voltava para ver se eu estava bem, acabei pegando no sono.

Acordo com meu gato ao meu lado, que horas deve ser?, estava prestes a levantar quando olho para meus pés, eles estão com meias, eu não durmo de meias, Malthus percebeu que eu estava com frio e as colocou em mim.

Vou até a cozinha, sorrindo como boba, sinto um cheirinho de minha comida favorita, sopa de ervilhas com creme de tomate e ensopados de milho. Atualmente é algo muito famoso entre as famílias nobres, meu corpo parece mais vivo do que nunca.

-Está com fome?
-Sim!
-Eu preciso dizer, é minha primeira vez fazendo ensopado de milho, então não acho que esteja bom
-Precisa que eu o avalie?
-Não, eu preciso que minta para mim, diga que está incrível, por favor.
-Certo

Me sento a mesa e há um sorriso se formando no rosto dele, ele parece orgulhoso de algo, que fofo. Levo a colher até minha boca... como posso explicar isso?

-Então, querida, oque achou?
-Está incrível!
-Está mentindo?
-Você nunca saberá

Ele sorrir nervoso, e começa a comer também, que bobo, não é como se ele já tivesse feito uma comida ruim, ele está sempre dando seu melhor. Posso o ouvir por horas falando sobre como ele ama cozinhar, ele não é um "santo" mas aos meus olhos, ele sempre será o melhor homem que existe. E sim, a comida está realmente incrível!

Hilda furacão (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora