Capítulo 11: Renegado do céu

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Pip apenas se recordava da apatia, do pânico da morte que parecia dançar com o choro desesperado de Red e da dor excruciante. Então, ele se lembra de todo um silêncio, que poderia ter durado uma eternidade, ele havia morrido.

Phillip sempre soube que ia morrer de forma prematura e tais pensamentos só se consolidaram com o rumo tenebroso que sua vida teria se tornado.

— Phillip Pirrip? — Uma voz rompeu o vazio absoluto, deixando-o atordoado — Phillip Pirrip!

Abriu os olhos e olhou para os arredores, era tudo tão leve e quente, refrescante na verdade. Olhou ao redor, a sensação de pânico retornando, tentando se achar novamente.

Era um escritório, em tons acinzentados. Haviam milhares de arquivos, que pareciam nunca chegar ao teto, na verdade, ele nem sequer conseguia ver o teto. Tudo parecia tão infinito que chegava a quase lhe causar vertigem.

Abriu a boca, mas as palavras não vieram. Ele arregalou os olhos e tocou suavemente sua garganta, tais orbes que agora fitavam a pessoa à sua frente.

Vestia roupas pretas, um terno mais precisamente, e também havia uma foice repousando atrás da cadeira.

Segurava um tablet na mão direita e a esquerda possuía um dedo deslizando por um livro enorme com páginas amarelas, ao qual estava em cima da mesa.

— Ah, você não vai conseguir falar por um bom tempo — A pessoa riu, parecia tão radiante quanto ele costumava ser — Nós não temos o conceito de tempo aqui, na verdade. Ele não existe, é ilusório e foi inventado por vocês humanos. Nossa, é engraçado, não é?

Phillip não conseguia se acalmar, continuava perdido. Tocou a garganta com uma das mãos mais uma vez e a outra fechou-se em um punho, batendo contra a mesa.

— Certo, certo! Já entendi! — A pessoa ergueu os braços, em paz — Eu sou seu ceifeiro e seu recepcionista! Em outras circunstâncias, seu anjo da guarda estaria aqui mas... A sua vida tomou outros rumos, não é? — O ceifeiro riu e deixou o tablet na mesa, cruzando os dedos e encarando Pip — A situação é a seguinte: Você morreu, Pip e provavelmente não se recorda quem lhe matou e nem como foi. Sabe como é, são os traumas pós-morte! Seu pescoço foi quebrado, totalmente retorcido — O ceifeiro fez uma careta, parecendo olhar algo em seu tablet — E por isso que não consegue falar, não sei quando sua alma se curará fisicamente falando. Então, temos que prosseguir a reunião assim mesmo. Perguntas? Claro que não, você não fala!

Pip havia prestado atenção em cada uma das palavras do ceifeiro. Ele sentia seu corpo tremer, respirava forte mas não sentia a dor, ele apenas não conseguia pronunciar uma palavra sequer.

O que vai acontecer comigo? Eu morri? Por que, quem?

— Você também não deve estar se lembrando das suas últimas semanas de vida, elas têm a ver com quem te matou e sua alma está bloqueando. Culpe o chefe, não a mim! A sua situação é a seguinte Phillip: As portas do céu estão fechadas para você, na verdade, elas estão desde que fez um pacto com o pior dos demônios... O anticristo mais precisamente!

Um pacto? Eu nunca fiz um pacto com o Damien! O que está acontecendo?, Pip bate contra a mesa de novo, mais e mais vezes. Demonstrando assim toda sua insatisfação e seu questionamento.

— Está tentando dizer que não fez um pacto? Garoto, você fez um... — O ceifeiro gargalhou e virou o tablet para Pip — Deitar-se com um demônio é o mesmo que assinar um pacto. Você renegou o paraíso enquanto vivo e nosso patrão é bem birrento e infantil nesse quesito, logo, agora ele está renegando você. É uma pena, seria tão legal você encontrar os outros Phillip Pirrip de outras dimensões. Mas terá que se juntar aos renegados.

Phillip levou as duas mãos para seus cabelos, apertando sua própria cabeça como se quisesse explodir, a esmagar.

— Você não terá asas e nem a paz eterna, terá que ficar no gelado do inferno por toda eternidade... É, eu sei, o inferno não é como você imaginou! Na verdade, existem várias camadas, quente, frio — Suspirou — Odeio fazer trabalhos no inferno, nunca sei o que vestir! É tudo tão extremo lá. Enfim, garoto, sua porta é aquela.

O ceifeiro apontou para uma porta no lado esquerdo do ambiente.

— Pode ir, tenho muitas outras pessoas para atender. E olha... South Park está me dando um trabalho danado!

Phillip sentia-se tremer.

Ele levantou da cadeira e em passos vacilantes e trêmulos, abriu a porta indicada.

Não havia nada, apenas um vazio existencial.

E então, ele recebeu um chute; começando a cair, o seu desespero e medo apenas aumentavam, o canto doce e angelical distanciava-se cada vez mais até que ele chegou ao chão.

É tão gelado... Parece que vou morrer de hipotermia. Ah não, espera, eu já morri, Pip não sentiu a dor quando caiu.

Era tudo vazio, mas os gritos eram altos, ensurdecedores.

Damien...? Cadê você?

[ ... ]

Em meio ao seu choro e gritos, aquela dor parou. Damien limpou as lágrimas com força e olhou ao redor, podia ver todos na mesmíssima situação a qual ele se encontrava.

Foi então que ele ouviu a voz de Pip. Ele ouviu o chamado de Pip... E sabia perfeitamente de onde vinha.

— O Phillip... Morreu.

Balbuciou, em um patético murmurar, mal dando tempo de que alguém pudesse lhe dizer algo, ou sequer perguntar. Rangeu os dentes, seus olhos quase pegavam fogo, um misto de sentimentos lhe atordoava e boa parte deles nem chegavam perto de serem positivos.

Estalou os dedos e desceu para o inferno.

Phillip... Eu vou te reencontrar, não sairá de meus braços jamais.

Nós dois vamos matar o monstro que te pegou.

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Eu sei, esse capítulo veio BEM rápido!

Na verdade, os capítulos 10 e 11 deveriam ser um só! Porém, como essa parte não havia ficado pronta e daria para ser dois capítulos (ou seja, não ficaria um término abrupto e com ar de incompleto), decidi fazer assim.

Eu amei escrever esse capítulo, admito que baseei em Loki, em Supernatural e,... TALVEZ no curta da Manu Gavassi, haha!

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