Era a criatura mais assustadora que já vi em um bom tempo. A criatura abriu a enorme boca e o som estridente nos deixou meio atônitos. Que porra é essa? Ele forçava sua boca abrir ainda mais, até começar a rasgar. E aí, parou. E uma voz tal qual de uma senhora, disse:
— Uma gota de sangue, por uma segredo.
— Puta que pariu — Georg disse e nos afastamos, abrindo espaço para passarmos pelo ser estranho.
Batemos o pé nos cavalos e logo estávamos correndo. Algo me forçava a olhar para trás. E porra, eu olhei. Não estava mais lá.
— Georg, o que era aquilo?
— Um Wryink.
— UM O QUÊ?
Tinha algo errado. Era impossível ser um Wryink. Estavam desaparecidos desde de Alastir ser rei. Um vulto apareceu muito próximo e vi que estava nos seguindo, de modo perturbador. Peguei o arco e atirei a flecha. Uma, duas. Três. Nada impediu. Sangue preto jorrava, c cheiro fétido. A quarta foi bem na cabeça, e a criatura desapareceu. Como uma nuvem de fumaça.
— Caralho. Pode me explicar que porra foi essa?
— Sim, mas não aqui. Estamos no meio do Monte Canino Branco.
Isso não era um bom sinal. A Floresta Negra cruzava o Canino Branco. Eu, obviamente, havia esquecido. Estávamos cercados por duas tribos indígenas inimigas de ambos os lados. Canibais e feiticeiros.
Andamos até sairmos do limbo. Estávamos em um pequeno vilarejo antes de chegarmos no Bosque do Silêncio. O dia começava a clarear. Não paramos. Os aldeões começaram a se juntar, então tivemos que diminuir a passada. Me pus ao lado de Georg. Ainda não mostrava meu rosto, não achava seguro. Mas o brasão real nos cavalos chamavam a atenção.
— Pode me explicar que merda era aquela?
— Tenho pesquisado... percebeu que algumas criaturas adormecidas tem voltado?
O Wendigo... agora o Wryink. Um calafrio percorreu meu corpo.
— O portal foi aberto. E foi antes de matarmos Alastir.
— Mas, quem...
— Não sabemos.
Era difícil que mesmo tendo essa conversa, precisávamos sorrir e acenar aos aldeões. Suspirei fundo. Que Ophelia nos proteja...Chegamos ao Bosque do Silêncio. Era um Templo da deusa Antheia, dos jardins celestiais. Não havia magia ali. Diversas pessoas prestavam oferendas à Deusa, mas em silêncio. Era o único pedido da Deusa para nós. Oferecer, pedir e agradecer em mais completo silêncio. Uma única palavra poderia acabar com as nossas colheitas por anos. Suspirei fundo quando vi uma senhora chorando com uma foto de duas crianças. Sinalizei para Georg que viu a cena.
Atravessamos o bosque e finalmente chegamos em Velour. O povo já esperava por nós, então desci do cavalo, juntamente com Georg e falei com os aldeões até chegar ao pé do Forte de Velour. Havia me esquecido o quanto era grande e bonito.
Os portais subiram e Dante apareceu, com uma camisa vermelha escura e calças pretas.
— Majestade — Dante disse e fez uma reverência, o puxei para um abraço. Sorriu para Georg.
— Faz tempo — eu disse.
– Faz, um pouco. Vem, vamos para dentro. Temos algumas coisas para conversarmos.
Entramos e deixamos nossos cavalos com os caseiros. O Forte parecia mais claro agora, apesar de ter mantido o visual gótico, agora parece ter vida de verdade aqui. Entramos na enorme sala de reunião. Mas parei no portal ao ver rostos desconhecidos ali. E Hannes.
— Mary, venha. Estão do nosso lado — Dante sussurrou, mas mantive a mão na adaga na cintura, e Georg, com a mão na espada. Todos se curvaram quando adentrei o ambiente.
— Hannes. Bom te ver — Hannes deu um meio sorriso. No fundo eu sabia que ele nunca seria meu amigo, mas tinha a certeza que era meu fiel aliado.
— Majestade. Digo o mesmo — ele disse, e sorriu, sem jeito — Essa é Madox. Uma amiga muito antiga.
Hannes apontou para a loira que usava preto, fortemente armada.
— Madox Reyshad, majestade — a linda garota se curvou, de modo firme.
— Reyshad? — o nome vagou familiarmente pela minha memória — Brooke Reyshad?
— Sim, majestade. É minha mãe.
— Eu ouvi histórias sobre sua mãe e a minha. Eu... achei que nunca fosse conhecer um Reyshad.
— Sua mãe...
— Nerissa. Nerissa Lanitaryn.
— O que tá acontecendo? — Georg pergunta.
— Minha mãe e Nerissa eram melhores amigas — Madox disse.
— Prazer em te conhecer, Madox.
— O prazer é meu, majestade.
— Madox é — Dante começou a dizer.
— É uma vampira e caçadora — conclui. Madox sorriu.
— Obrigado por roubar meus créditos da fala — Dante disse e revirou os olhos.
Hannes pigarreou.
— Essas são Adelaide e Coraline Canon, majestade — ele apontou para as duas jovens mulheres. Uma de cabelos escuros e outra, loira. Os olhos igualmente azuis.
— Majestade — elas se curvaram em reverência.
— São vampiras. Mas... são daematye — Hannes concluiu.
Georg me observou.
— Daematye é uma das linhagens mais antigas de vampiros. Eles podem controlar e invadir seus pensamentos. — eu disse — sejam bem vindas.
— Podem se sentar. Vamos começar a reunião — Dante disse, em voz alta.VOTE E COMENTE 🩷
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Pain of Love - 2ª TEMPORADA
FantasyMeridia Florence e Bill Kaulitz foram coroados rainha e rei de Lanark. Meses após a partida e traição de Xylia e Carmilla, o reino ainda as procura. Em uma das viagens de busca, Hannes não volta, colocando todos à volta do reino, em posições suspeit...