Desci as escadas e encontrei Bill. Seus olhos saltaram pra fora.
— Pelos Deuses, você é a própria Neith — ele disse, engolindo em seco. Não contive meu rosto de corar.
— Obrigada.
Bill estendeu a mão e descemos até o salão. Desde que começamos a reinar, esse lugar pareceu tomar vida. Eu não sabia que tinha velas ou decorações, já que era sempre escuro e empoeirado.
O salão estava cheio. De mercadores até duques, lordes, damas de companhia e alguns aldeões influenciáveis. A festa começava aqui dentro, e depois, iríamos até a área externa, adorar os deuses juntamente com o povo.
O lugar pareceu parar quando surgirmos. Burburinhos e respirações surpresas eram ouvidas.
— É a Neith. Tenha misericórdia — um mercador disse e se ajoelhou. Diversos se juntaram à ele. Avistei Georg e Tom no meio das pessoas, que sorriam orgulhosos.
— Boa noite — disse, em Ephren (língua nativa do nosso povo – é com muito prazer que os recebo aqui hoje, para confraternizar e adorarmos juntos o Solstício de Inverno!
— Sejam bem-vindos! — Bill disse e terminamos os degraus, indo falar com as pessoas. Sorri antes de me desvencilhar de Bill.
Tinha em torno de cem pessoas naquele salão, e obviamente, uma a uma veio falar conosco. E claro, uma ou outra ainda perguntava sobre Hannes e onde ele estava e porquê viajava tanto.
Uma hora e meia depois, as danças já haviam começado. O jantar estava servido, mas não tive apetite nenhum. De alguma forma, eu estava me sentindo incomodada com alguma coisa. Olhava para as cordas e os lustres que pendiam sobre nós. Olhava para as janelas abertas do palácio. Meu corpo enrijeceu quando uma pequena brisa passou por nós.
– Tudo bem? — Tom disse, me sobressaltando e me tirando dos meus próprios pensamentos.
— Tem algo estranho pra você?
— Não? Por quê? Aconteceu algo?
— Não, não. Só pensando.
Tom me olhou desconfiado.
— Tá. Você está linda.
— Obrigada.
Tom fez uma reverência sutil e saiu. Já eram quase meia-noite. O relógio marcava cinco minutos. Os guardas já estavam fechando as janelas e abrindo as portas. Gustav estava entre eles juntamente com Georg. Meu corpo continuava tenso.
— Princesa?
— Hm.
— Está na hora. Pronta?
As pessoas deram passagem para Bill e eu passássemos por elas. Erguemos a cabeça e passamos, chegando até a porta principal do castelo. E aí, abriram os portões.
Centenas de pessoas esperavam por nós. Enquanto ficávamos no palanque, as fogueiras eram acendidas. O povo gritava e dizia palavras na língua de Ephren.
— "Vida longa à Rainha"! "Vida longa ao Rei"!
Depois de todas acendidas, a festa se iniciou e novamente passeávamos pelo público para falarmos com todos individualmente.
— Está como a deusa Neith, majestade — uma artesã comentou, fazendo uma reverência.
— Muito obrigada, Agatha — respondi com um sorriso gentil, e pareceu que a jovem artesã se mostrou surpresa por lembrar de seu nome. É claro que me lembraria. Ela era um doce de menina.
Georg apareceu enquanto eu caminhava por entre as fogueiras.
— Mary – ele me chamou pelo nome, e algo dentro de mim se incendiou. Ele era o único que ainda me chamara pelo meu nome.
— Hm?
— Tudo pronto? Vamos partir em duas horas.
— Sim. Já arrumei tudo.
– Os cavalos já devem estar prontos.
— Tudo bem. Ah — disse, me lembrando de uma coisa — preciso ir ao meu quarto. Acho que é uma boa ideia levar uma túnica a mais.
— Com certeza. Vai estar frio.
— Ok, certo.
Subi rapidamente os degraus, todos pareciam entretidos o suficiente para não notar a rápida ausência.
Segurei os vestidos e subi um pouco rápido demais os degraus. A adaga ainda fria de Neith espetava na pele. Cheguei aos aposentos um pouco ofegante demais, sentindo meu coração saltar pela boca. Eu me sentia estranha. Eu não me adaptei bem como rainha, me sinto sufocada em grande parte do tempo. Mas não era isso. Tinha algo acontecendo, minha cabeça latejava.
Peguei duas túnicas e mais uma calça e coloquei na bolsa. E então, quando terminei e me direcionava às escadas, um grito de horror se ouviu. Daqueles gritos de profundo terror e dor. Os guardas próximos de mim e me puseram pra trás, impedindo de descer as escadas.
— O que foi isso?
— Não sabemos, majestade — um dos guardas disse — Lenn, leve-a para os aposentos imediatamente.
— Mas, estão todos lá embaixo.
— Majestade, precisa ir para seus aposentos.BILL's POV
Um silêncio perturbador se ouviu e foi seguido por outro grito de horror. Pequenas movimentações foram feitas até um jovem rapaz — acredito que seu nome seja Lou — apareceu ensanguentado e levando Agatha no colo. Meu corpo se enrijeceu. Guardas o cercaram e os gritos novamente começaram.
— Peço que mantenham a calma e que fiquem aqui. Não sabemos o que está acontecendo, o pátio é o lugar mais seguro no momento – gritei, e o povo sussurrava, ainda muito assustado.
— O que aconteceu? A jovem respira? — Gustav prontamente perguntou, com uma mão já na espada.
— Não... — suspiros foram ouvidos — ela... ela está sem uma gota de sangue.
Engoli em seco.
— A encontrei com o peito aberto...
— Majestade — Gustav me chamou e me aproximei — o que quer que tenha feito isso... queria que morresse de forma dolorosa.
— Isso não foi um vampiro.
O corpo estava rasgado. Diversas partes em tiras. E então, meu mundo parou. Mary.VOTE E COMENTE 🖤
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Pain of Love - 2ª TEMPORADA
FantasíaMeridia Florence e Bill Kaulitz foram coroados rainha e rei de Lanark. Meses após a partida e traição de Xylia e Carmilla, o reino ainda as procura. Em uma das viagens de busca, Hannes não volta, colocando todos à volta do reino, em posições suspeit...