Ouço um tilintar vindo da janela. Olho para o relógio na cômoda ao lado da minha cama.
00:07
Outro tilintar. Olho para a janela, uma pedrinha se choca com o vidro.
Quem será a essa hora?
Me levanto cansado e esfrego os olhos andando até a mesma. Abro os olhos em confusão. Eu não estava vendo isso. Não era possível.
Tom estava na minha janela.
- Mas o que..
Ele joga outra pedrinha na minha janela.
- Ei! Eu já estou aqui! - Sussurro alto, enquanto abro a mesma.
- Foi mal, eu não te vi. - Ele dá um sorriso sem jeito. Suas chamas saem de seus pés, o fazendo levitar. - Oi.
- Oi.
Nos encaramos sem jeito. Solto um suspiro.
Isso não devia acontecer de novo.
Já estava se tornando um hábito.
Um vício.
Éramos como drogas um para o outro.
Drogas extremamente proibidas.
- A Star já dormiu... - Fala, tentando puxar assunto.
- E você? - Pergunto. Ele estava com uma expressão desanimada.
- Outro.. Pesadelo. - Ele se senta na ponta da janela e abaixa a cabeça.
- E então...
- Eu não sei. Sei que não devíamos, mas, eu só me sinto bem com você..
- Tom, eu sou o namorado da Jackie e o cavalheiro da Star, e você é o noivo dela. Isso não é certo. Você sabe.
- Eu sei... - Ele não mantêm contato visual. Fico observando seu rosto angustiado e magoado.
Solto um suspiro.
- Vem. - Falo e ele me encara. - Só hoje. - Seu sorriso aliviado surge em seu rosto.
Volto para a cama, mas com a companhia dele dessa vez.
O vejo se deitar e me abraçar, enfiando sua cabeça em meu peito. Afago seus cabelo, pensando em como tudo isso foi acontecer...
Antes éramos inimigos, depois nos tornamos melhores amigos e agora...
Isso.
Lembro da nossa primeira noite juntos . . .
Estávamos numa festa da Star, uma para comemorar o aniversário de casamento dos pais dela. Eles já estavam juntos há mais de duas décadas.
Estávamos bêbados. Muito, muito bêbados. Não me lembro exatamente de muita coisa, mas me lembro de estar com Tom, num canto isolado e escuro, conversando no chão igual dois moradores de rua, com uma garrafa já vazia de vodka ao nosso meio.
" - Você também odeia quando a Star está brava? - Pergunto e ele balança a cabeça freneticamente.
- Sim. Ela desconta na gente sem mais nem menos! Tipo. Sem nem se importar com nossos sentimentos! É tão insuportável que as vezes me dá vontade de terminar... - Pego em sua mão, cético com sua resposta.
- Não faça isso! - Aperto sua mão e ele me encara confuso. - Olha, a Star pode ser chata, isso eu concordo totalmente, mas ela ama muito você.
Seu olhar se deprime um pouco e ele força um sorriso.
- Ah, Marco. Não enrola, você sabe que a Star só está comigo por que ela decidiu manter só a amizade com você. Lembra, da Pedra do rompimento? Ou separação, que seja... Vocês dois foram destinados pela lua vermelha a ficarem juntos...