5- PETER

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Peter seguia com todos os adolescentes vampiros para dentro de seu castelo. A sua frente estava a jovem Izzobel e seu diretor. A jovem desfilava como um gato e ao seu estava o diretor, que a encarava com uma expressão de pura adoração, que nojo, pensou Peter, já colocando o pé na soleira da porta, ela é linda, mas cara, você é velho. Ele deveria ter seus trinta anos, o que já era muito, pelo menos para uma adolescente de quinze anos.
Porém, esse pensamento logo foi substituído por outro. Uau, era só isso que ele conseguia pensar no momento, ele olhava o hall de entrada de seu castelo. Que magnitude, todas as paredes eram cobertas com um papel de parede, que parecia veludo cor de vinho. As janelas de vidro escuro davam a impressão de já ser entardecer, quando na verdade não passava das onze e meia. As paredes tinham intervalos, decorados com tochas. Havia uma escadaria no centro, totalmente dramática, com um tapete vermelho sobre ela. A mesma era angulosa e levava até um grande arco a direita, que levava a um lugar com mesas de aço negro, uma sinuca, alguns divãs e um grande aparelho de som. Do lado da grande escadaria, havia um grande corredor escuro, camuflado pelas sombras e a esquerda tinha uma porta de madeira preta, onde se lia "Sala de Reuniões", numa plaquinha dourada.
-Bom, este é o térreo do castelo. - disse Izzobel, que já subia as escadas. - A direita como podem ver, temos a área de vivência para noites de descontração, a esquerde temos a sala de reuniões, para discutirmos assunto de espécie. Seguindo este corredor - continuou a menina, que subia cada degrau teatralmente, ela apontava para o corredor escuro ao lado da escada. - Vocês darão nas masmorras, lá terão as aulas de espécie, alunos novos me sigam. Calouros podem seguir para a sala de iniciação. - com isso, Izzobel virou de costas e continuou a subir as escadas.
Peter e mais uma dúzias de alunos seguiram a garota, os outros seguiram pelo corredor escuro, conversando e rindo. Está acontecendo Peter, pensou, você é um deles.
Ele continuou seguindo o fluxo de alunos, quando chegou ao topo da escadaria e passou pelo arco. Ele acabara em um grande corredor. Havia uma porta a direita e uma a esquerda, bem no começo do corredor. No fim, havia uma escada que levava para cima e em ambos os lado, no fim do corredor, haviam duas portas.
-Simples. - disse Izzobel, abrindo ambas as portas da frente e seguindo corredor a dentro. O teto era de espelhos, então era possível se ver um grande lustre de diamantes, que pendia de lá. - Tudo na direita é das meninas e tudo na esquerda dos meninos, esses são os quartos. - disse ela apontando para as portas já deixadas para trás.
Peter passou pela porta a esquerda e espiou. Haviam centenas e centenas de beliches, o quarto era enorme. Havia uma lareira e uma grande bancada que circulava a parede inteira oposta à porta. Ao lado da lareira havia uma grande colmeia de armários. Deveria haver uns mil buracos ali, com umas plaquinhas com nomes escritos. Ele notou que os de baixo eram dos alunos do primeiro ano e logo achou seu nome.
-No quarto, vão achar nos murais as planilhas de quem limpa o que e em que dia. Todos os alunos têm que participar do rodízio, quem não cumpre perde pontos. - disse Izzobel, que continuava sua trajetória corredor a dentro. - Estes - disse abrindo as duas últimas portas. - São os banheiros, em cada box possuem um shampoo, condicionador e claro, um sabonete. Giletes, escovas e pastas de dente são encontradas nas gavetas abaixo da pia. Os mictórios e vasos sanitários ficam numa ala isolada para não causarmos nenhum tipo de "transtorno". - a garota disse essa última palavra abanando o próprio nariz e fazendo um careta. Ela apontou para a escada. - Ali em cima é o escritório e dormitório do diretor Patrick. Bem, é isso, agora vamos todos descer e nos juntar aos outros vampiros para almoçar e nos alimentar. Já devem estar com sede. - assim que Peter se virou para continuar seu caminho, ele sentiu um leve batuque nos ombros. - Você fica. - disse a menina para o garoto.
Peter olhou nos olhos da garota, ela não olhava para ele, observava todos os alunos descerem as escadas, a última foi uma menina de olhos azuis, que lançou um olhar de apreensão a Peter. A menina parecia preocupada, porém, ele estava nervoso demais para focar nela. Ele sentia arrepios com Izzobel aqui ao seu lado.
-Me diga, qual é seu nome?
-Peter.
-Inteiro. - disse Izzobel, Peter engolia a seco. Ela tinha olhos frios e analisava um cacho de seu cabelo, estava escorada na parede de um jeito sexy e relaxado.
-Peter McQueen. - a menina levantou os olhos para ele com um sorriso travesso nos lábios.
-Por isso se acha tanto? Por ser filho do capitão dos vampiros? - Peter sentiu que levara um chute, do que ela falava?
-Eu não me acho senhora. - respondeu o garoto, tentando soar educado.
-Está me chamando de mentirosa? - perguntou, soando ofendida.
-Claro que não senhora, só acho que cometeu um equívoco...
-Eu não cometo equívocos. Vi você me encarar hoje na entrada do castelo, você desdenhava de mim. - dizia Izzobel, parecendo se divertir com aquilo.
-Não, eu não estava... - Peter foi interrompido por um grande e poderoso tapa no rosto, ele sentiu sua bochecha arder, enquanto ele tentava diferir a informação. A garota o pegara pela nuca e socara sua barriga com uma força e velocidade, jamais vistas por Peter. Enquanto ele arfava e cuspia sangue, que subia de sua garganta, a garota o pegou pela nuca novamente e levantou sua cabeça para que ele a olhasse. Seus olhos pretos brilhavam e ela sorria. - Escute bem e não fale absolutamente nada. Nunca mais me chame de mentirosa ou diga que eu estou errada, não gosto de você. Nem um pouquinho, você pode brincar de líder com seu pai em Nova York, mas aqui é meu domínio, aqui eu sou a líder. Então, agora você vai limpar esse sangue e esperar cinco minutos, tempo suficiente para se recuperar. E depois desça pelas masmorras e vá para iniciação. Você não vai falar disso com ninguém, se falar, eu vou ouvir e ai saberá o que é dor de verdade. Você entendeu? - Peter a encarava com medo. - Perguntei se entendeu! - rosnou ela.
-Sim. - disse Peter, engasgando com o sangue.
-Ótimo. - disse a garota, soltando o menino no chão arfando e ajeitando os cabelos. - Te vejo no almoço soldado. - disse a menina sorrindo e descendo as escadas.
Mas que merda foi essa?, pensou Peter, essa menina é completamente maluca, que ódio. Nem poderia revidar, já que ela era a líder. Ele limpou o sangue da boca com a manga do suéter. Ela com certeza quebrara um osso de suas costelas, pensou o menino, se sentando no chão.
Ela tinha razão, ele se sentia melhor aos poucos, que estranho, pensou ele. Bom, era melhor se apressar, pensou, chegando ao último degrau da escada e entrando corredor a dentro.

DANGEROUS POWER - Sede de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora