PRÓLOGO

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— Sabe como me senti longe de você, preso por dois dias naquelas negociações infernais?

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— Sabe como me senti longe de você, preso por dois dias naquelas negociações infernais?

A voz de Farooq reverberou no corpo de Kara, sombria e profunda como o céu que ela contemplava, o sotaque exótico, um feitiço irresistível.

Sentira-o no momento em que entrara na cobertura, no edifício, quando saíra da sala de negociações que o afastou dela todos os dias nas últimas seis semanas. As noites tinham sido dela, deles, de loucura e magia.

Pensara estar preparada para o primeiro encontro após 48 horas de privação.

Depois de descobrir que mudaria sua vida para sempre.

Mas não estava pronta, seus dentes batiam com a convulsão de emoções que a sacudiam, de tanto amor por ele.

Acontecera tão depressa, tão completamente. Quando pensara ter deixado de acreditar no amor, que não tinha estofo para sentir luxúria. Então, tudo dentro dela estremecera na primeira vez que o vira, desmoronara com a primeira noite em seus braços e, desde então, caíra cada vez mais fundo.

Soubera que, quando seu tempo com ele terminasse, continuaria a cair e não se incomodara então com o que aconteceria.

Até hoje.

Olhou cegamente pelo vidro da imensa janela a paisagem de Manhattan. Cada passo macio dos pés descalços sobre o luxuoso tapete ecoava dentro dela, ao lado do som da seda escorregando da pele de veludo, o corpo perfeito se revelando em sua lembrança, em que cada nuance estava impressa em detalhes.

Ainda não conseguia se virar. O fio da navalha em que estivera se equilibrando começou a cortá-la, profunda e lentamente, nesta que seria sua última noite.

Queria viver uma vida numa noite, queria consumi-lo, precisava das suas contradições, paciência e arrogância, ternura e ferocidade, tudo devastador ao mesmo tempo.

Wahashteeni, ya ghalyah. — A voz profunda atingiu-lhe o fundo do tormento.

Ouvi-lo dizer que sentira falta dela, a palavra carinhosa... preciosa, tesouro... atingiu uma corda de anseio cego. Então ele tornou tudo pior.

— Não devia ter me afastado. Agora estou quase com medo de tocá-la, medo de que, quando o fizer, isso nos leve à beira da loucura.

Estava perto e, dentro dela, um tornado destruiu tudo.

Arquejou, em busca de ar, que lhe chegou com um perfume intoxicante, o almíscar da tensão, virilidade e desejo.

O cheiro dele.

Um toque leve como uma pluma desmanchou-lhe os cabelos escuros, expondo-lhe o pescoço.

Ele se debruçou... e respirou. Inalou-a, puxou-a toda para dentro dele.

Então as mãos se moveram um centímetro acima dela, acariciando-a sensualmente. Os lábios lhe chegaram à orelha e o suave som a atingiu com a força de um trovão.

DESERT - Romance TurcoOnde histórias criam vida. Descubra agora