CAPÍTULO 2

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As palavras de Farooq atingiram Kara como facadas, mas alguma coisa a manteve de pé e consciente, talvez a esperança de que fosse tudo uma alucinação

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As palavras de Farooq atingiram Kara como facadas, mas alguma coisa a manteve de pé e consciente, talvez a esperança de que fosse tudo uma alucinação.

— O q... que disse?

Ele soltou a respiração, a armadura de gelo rachando, o vulcão interno se mostrando nas fissuras.

— Poupe-me o drama. Você teve minha filha, você tem minha filha e estou aqui por ela.

Ele sabe sobre Mennah.

Como podia saber? Dissera... dissera... Estou aqui por causa de minha filha. Não podia significar o que parecia, não podia significar que ele... ele... Queria tirar Mennah dela. Mas não, não, nem mesmo ele tiraria um bebê da mãe.

Não estavam em Istambul, onde ele era a lei, estavam na América.

Como descobrira? Mandara investigá-la, descobrira que tivera um bebê e chegou à conclusão que Mennah podia ser dele? Por que a quereria, mesmo se soubesse que era a filha dele? Não podia considerá-la nada mais do que um erro desastroso.

Na primeira noite não usara proteção e, mesmo com a intensidade do desejo, teria parado se não lhe garantisse que não havia perigo. Tivera a certeza de que não havia.

Tinha uma dúzia de relatórios de outros tantos especialistas atestando sua infertilidade. Ele lhe dissera em detalhes explícitos como queria invadi-la, sentir sua carne dentro da dela sem barreiras, derramar-se dentro dela, e ficara em chamas nos braços dele...

Pare, pare. Não podia deixar aquelas lembranças a assaltarem agora. Acreditara nas garantias que lhe dera e por isso soubera que a reação dele seria violenta, se descobrisse que estava grávida. Teria sido a pior das traições à confiança que era tão escassa.
E sabia o quanto seria prejudicial a ele, um príncipe na linha de sucessão de um dos países mais conservadores e mais ricos em petróleo do mundo, ter uma filha ilegítima.

De repente, seu coração quase lhe saiu pela boca. Estaria aqui para garantir que Mennah desaparecesse e jamais comprometesse sua posição? Quase louca, perguntou:

— Por que acha que minha filha é sua?

O olhar em resposta foi longo e impiedoso. Tirou do bolso do paletó uma foto de Mennah, sentada num ambiente estranho, segurando um brinquedo que jamais vira, usando roupas desconhecidas. Mennah ria para a câmera, segura, feliz, sabendo como agradar. Mennah só era assim com ela. Nas poucas vezes em que vira outras pessoas, agarrara-se a mãe, chorosa.

Se alguém tivesse conseguido pegá-la sozinha... Como podia pensar nisso?

Jamais deixara Mennah sozinha, apenas quando estava dormindo em seu berço, como agora. Mudara sua carreira para trabalhar em casa, para estar com a filha o tempo todo. Como ele pusera as mãos em Mennah?

— Eu... eu jamais deixei Mennah. Quando... como você conseguiu...

— Não consegui, esta não é uma foto de sua... de minha filha. É de minha irmã, Jala, com a idade de Mennah. É também uma réplica feminina de mim nesta idade. É indiscutível que Mennah é minha. Assim, pare com a histeria e vamos ao ponto.

DESERT - Romance TurcoOnde histórias criam vida. Descubra agora