Tudo de novo - 2 💀🤰🤱

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Sempre lutei contra o que dentro habita,
Meu olhar distante nunca se agita.
Nessa jornada, fui tola em crer,
Os olhos revelam o que tentamos esconder.
Se antes cego, agora deve perceber.

O carro acelera, o pneu gira,
Encontra a paz que tanto aspira.
Ore por um destino sereno,
No cemitério, as flores sem veneno.
Silêncio agora, não há fala ou escuta,
Na quietude, a alma se enxuta.

Neste plano, só há uma direção,
Ela me repele, na corrida súbita.
O ventre acolhe, suave é quente,
Pés ao cordão, um laço antigo.
Já estive aqui, o passado é meu amigo.

Logo minha mente tudo irá esvair
A voz paterna, um sussurro a acalmar,
Empurra, respira, é hora de voltar.
O canal me aperta, pequenino ser,
Anseio pelo fim, pelo ar a conhecer.
Liberto ao nascer, o choro é meu renascer.

No fim ou na vida, qual será?
Este lar tem cheiro de rosas a ninar.
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Significado do texto:

• Morte
• Renascimento na mesma vida

Este poema parece explorar a ideia de renascimento e reencarnação, sugerindo que a vida é um ciclo contínuo de morte e renascimento. Aqui está uma análise mais detalhada:

O poema apresenta uma reflexão profunda sobre a vida, a morte e a possibilidade de renascimento. Através de uma linguagem rica em metáforas, o autor explora a luta interna do ser humano, a busca pela paz e a inevitabilidade do ciclo da vida.

**Análise:**

Na primeira estrofe, o poema fala sobre a batalha interna contra os próprios demônios e sentimentos ocultos. O "olhar distante" sugere uma desconexão com o presente, enquanto a revelação dos olhos indica que, apesar dos esforços para esconder, a verdade sempre se manifesta.

A segunda estrofe utiliza a imagem de um carro acelerando como uma metáfora para a vida que segue em frente, buscando a paz. A referência ao cemitério e às flores sem veneno pode simbolizar um desejo de pureza e tranquilidade na morte, livre das toxinas da vida.

A terceira estrofe introduz a ideia de renascimento com a imagem do "ventre acolhe", sugerindo um retorno ao útero e ao início da vida. O "passado é meu amigo" pode indicar uma familiaridade com as experiências da vida, como se o eu lírico já tivesse vivido antes.

Na quarta estrofe, a iminência do nascimento é retratada com urgência e uma sensação de claustrofobia. O "canal me aperta" evoca o processo de parto, e o "anseio pelo fim" é o desejo de nascer, de respirar, de começar novamente.

A última estrofe questiona se o que vem após a morte é um fim ou um novo começo. O "lar tem cheiro de rosas a ninar" pode sugerir um retorno ao conforto e à inocência da infância ou ao descanso final.

**Crítica:**

A ideia de renascimento na mesma vida pode ser vista como uma crítica à noção de linearidade da existência. O poema desafia a concepção tradicional de vida e morte como etapas finais e separadas, propondo, em vez disso, um ciclo contínuo de renovação e retorno. Isso pode ser interpretado como uma forma de consolo, sugerindo que a morte não é o fim, mas uma transição para uma nova forma de existência.

Em suma, o poema é uma meditação sobre a natureza cíclica da vida e a possibilidade de que, mesmo após a morte, possamos renascer e experimentar a vida mais uma vez, talvez com a sabedoria acumulada de vidas passadas. É uma visão que oferece tanto conforto quanto questionamento sobre o significado e o propósito da nossa jornada.

Em geral, o poema parece criticar a ideia de que morremos e renascemos na mesma vida em que morremos, sugerindo em vez disso que a vida é um ciclo contínuo de morte e renascimento. Isso pode ser visto como uma rejeição da ideia de uma única vida linear, em favor de uma visão mais cíclica e talvez espiritual da existência.

As Palavras Que Não Falo Mais Que Viram PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora