Apenas uma mentira - Pejão

four.

  João Vitor point of view

Se passou um dia desde aquele encontro com o príncipe. Eu ainda não sei como agir, é muito estranho se sentir observado por ele o tempo todo.

Desde o feitiço, Pedro não para de me encarar de uma forma... estranha? Gi diz que ele anda me secando demais.

Depois que voltei do encontro com o menino, fui até o dormitório de Gio. Marília não estava lá, ela estava com o Zebu, por isso achei seguro ir até o quarto delas para falar sobre isso com minha irmã.

Contei tudo para ela. Ela tentou me acalmar, e disse que era preciso muita paciência e força para não encarar Pedro com nojo, afinal, agora com a parte inicial do plano completa, nós vamos começar a ter algo para se tornar um casal, e um casal não se olha com nojo. Puta merda, onde eu fui me meter?

Depois disso eu só me tranquei no quarto o resto do dia para evitar esbarrar com o príncipe. Mas hoje não deu para fazer isso.

Já tive algumas aulas, até mesmo com o garoto. Tentei escapar de alguma forma, mas não consegui escapar do seu olhar.

Agora está na hora do intervalo, estou sentado no gramado na sombra de uma árvore, junto com meus amigos: Renan, Zebu, Marília e a Gio.

Estava distraído conversando com Renan, quando sinto alguém cutucar meu braço.

Me viro e vejo minha irmã, inclinando a cabeça pro pátio, como se quisesse dizer algo. Seu olhar parecia de alerta.

Olho para onde ela apontava e vejo ele. Sim, ele mesmo, o menos desejado do dia: Príncipe Pedro Tófani.

Que saco, tinha que ser agora?

Ele estava com um moletom azul escuro, calça jeans preta e um tênis vans no pé. 'Tava até que apresentável.

Olho para Gio tentando pedir ajuda, sem saber o que fazer enquanto o garoto se aproxima mais.

Não posso evitar ele pelo resto da minha vida, ou posso?

Gi parece escutar meus pensamentos, pois sussurra um "Encara isso, logo".
Quando olho de novo para a direção do garoto, ele já estava há menos de um metro na minha frente. Me seguro para não revirar os olhos ao ver seus malditos olhos me encarando de forma luminosa.

Renan, que antes estava em um diálogo comigo, parece confuso com a proximidade do garoto, e com o fato da presença dele ter me deixado tão imerso.
Zebu e Marília parecem nem notar o que está acontecendo, estão muito presos no próprio mundo para tal ato.

Milhares de coisas passam pela minha mente para responder a qualquer pergunta que o garoto fosse me fazer quando vejo sua boca abrindo para dizer algo, mas toda elas desaparecem quando de fato ele fala algo.

—João, eu preciso falar com você, na verdade, eu quero te pedir algo. Não é como um favor! Só, um convite? Não, um convite não... - Pedro continua falando mas eu não escuto ou simplesmente não presto atenção no resto. Estou muito focado no fato de que ele me chamou pelo meu primeiro nome.

Não foi Romania, Foi João. Ele nunca me chamou assim.

Não sei quanto tempo fiquei sem falar nada, só sei que sinto alguém me beliscar na costela.

Gio, quem mais seria?

Ela indica a cabeça ao garoto na nossa frente, que ainda me encara, parecendo meio nervoso, mexendo no cabelo, tentando ajeitar o mesmo. Por que tentar ajeitar o cabelo toda hora? Essa droga está perfeita, nem tem o que consertar! Francamente, Senhor Tófani.