chap 23

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Amélia Lucy Muller

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Amélia Lucy Muller

Sempre considerei diversos fatos na minha vida, poderiam variar entre bons modos ou a coerência com a lei, porém nunca fui de burlar sistemas ou regras pré existentes, todavia parece que o destino estava fazendo isso comigo

Passei minha infância inteira idealizando minha sonhada carreira de jornalista ou âncora internacional de esporte, em que ao final do expediente eu pudesse chegar no meu apartamento e ter alguém me esperando para talvez ficarmos juntos o resto da noite como um romance de filme clichê

Conforme crescia esse tipo de idealização mudava, meu primeiro namorado mostrou que o sonho de ter alguém esperando não era mais um desejo, mas sim um medo, e agora talvez ao possível final da minha história, eu tenho receio até mesmo do que o dia de amanhã me guarda...

Estava deitada com a cabeça apoiada no travesseiro enquanto olhava para o teto e tentava processar todas as informações repassadas na manhã de hoje enquanto descobria minha verdadeira identidade e principalmente onde tudo começou

Você  é filha do Ayrton Senna...

Aquela frase não saia da minha cabeça, independente do que eu fizesse, principalmente depois de ver aquele foto no pódio de Mônaco

Durante metade da minha vida eu acreditei que meu pai tinha sido um jornalista importante e principalmente professor, foi isso que fez eu me apaixonar pela minha carreira, e agora parecia que tudo que vivi era mentira

Charles dormia do meu lado, não podia ignora esse fato, que agora se tornou o principal da minha vida, independente do que ele faça a minha ligação com ele não permite odiá-lo, pois algo me diz que ele não é e nunca será meu inimigo

Durante essas semanas e meses fora do meu país e agora sem casa eu pude entender muito mais da vida, principalmente se for considerar o que procurei entender em um espaço de tempo de 21 anos, pois na minha cabeça nunca entrará o fato de que irei fazer 24 anos nos próximos meses

Tudo era uma mentira! Vida, idade, família, pai, mãe, carreira, amores e por fim o que restou foi uma dura verdade que estava a cada dia mais tirando minha paz e sanidade, pois a liberdade já tinha se dissipado a muito tempo

Alongo meu braço até o abajur ao lado da cama e ascendo a luz iluminando parcialmente o corpo de charles e meu rosto, mas não suficiente para acordá-lo, ergo o corpo e encosto as pernas no peito, abro a gaveta e pego a foto que Arthur me entregou mais cedo e volto a olhá-la como se procurasse algo que ainda não tinha encontrado ou pelo menos a solução para meus possíveis problemas

Eu forçava a minha mente a tentar o máximo possível lembrar de algo, pois eu devia ter essa capacidade, contudo nada, absolutamente nada mais vinha a minha mente ou pelo tentava, nem um simples dejavu de infância

O homem que eu admirava como ídolo e talvez inspiração como pessoa, era na verdade meu próprio pai, e o "pai" que eu realmente conhecia não se passava de uma invenção para criança

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