Capítulo III

134 27 8
                                    

HyunJin é acordado com um toque no ombro. Ele chorou tanto que não se deu conta de que adormeceu. Sua mente está um caos, ele nunca foi de segurar seus sentimentos, e ao fazer isso para transmitir segurança aos irmãos, ele percebeu o quão exaustivo é transbordar.

— Nós chegamos. — O cocheiro, que é um dos anciãos, diz e então sai da carruagem.

Um suspiro abandona os lábios de HyunJin e ele se espreguiça com um grunhido.

Ele olha através da janela, para o Palácio de Erikell. É diferente do que ele imaginou. Ele estava esperando por torres altas e pontiagudas, paredes negras e agourentas, completamente tomadas pela vegetação, ele até mesmo imaginava encontrar algumas gárgulas ou outros monstros esculpidos em mármore. O que ele realmente vê, é uma construção sem torres, com paredes claras, colunas coríntias e anjos espalhados, tudo muito bem conservado.

Apesar de ser belo, sua aura é sombria. Não é à toa, um monstro vive ali. Mas, com o entardecer dando lugar à noite, o tempo nublado e as árvores, que perderam suas folhas com a chegada do outono, fazem o clima se tornar ainda mais escuro e enervante.

HyunJin sai da carruagem, seus olhos nunca abandonando a edificação. Ele para em frente aos portões de ferro, receoso em abrí-los.

Uma certa ansiedade começa a tomar conta de HyunJin.
Agora que tudo aquilo parece ser real. Agora que não há mais volta.

Um momento de realização cai sobre HyunJin.

Não há mais volta…

— O portão está aberto, meu jovem. — HyunJin se vira para encarar o cocheiro — Que a deusa esteja com você.

O cocheiro estala as rédeas e o cavalo parte com um relincho.

HyunJin observa a carruagem se afastar, a confusão se instalando em sua mente. Ele pensava que seria escoltado até dentro do palácio para que não houvesse perigo de ele fugir.

E então, HyunJin percebe: não há necessidade de escolta quando há um monstro que pode te achar até nos confins do Inferno.

O medo pode fazer as pessoas fugirem, e também pode fazê-las se submeter.

As mãos de HyunJin agarram as barras de ferro e ele fecha os olhos. Desde que ele se mudou para Erikell, ele jurou não se deixar submeter ao monstro. Agora que ele está aqui, pronto para encará-lo, ele não deixará o medo se apossar de sua mente, não importa o quão assustadora seja essa fera. Ele não vai fugir. JeongIn e YeJi dependem dele.

HyunJin empurra as barras de ferro dos portões e entra no território do Palácio. Ele dá alguns passos para frente, admirando a imponente construção de três pavimentos, perdido em seus inúmeros detalhes.

Então, as portas do Palácio são abertas.

HyunJin para de caminhar, observando uma silhueta encapuzada sair de dentro da edificação. Ele a observa se aproximar e parar a alguns metros de distância.

O capuz da figura na sua frente balança suavemente com o vento do outono. Uma aura serena a envolve e HyunJin nota que ela é alguns centímetros mais alta que ele.

— Seja bem vindo.

Um choque percorre o corpo de HyunJin.

A voz do ser na sua frente é masculina, grave, melódica e… parece tanto ser humana, mas não é. É como se um incubus estivesse conversando com HyunJin, tentando seduzi-lo para arrastá-lo às profundezas do Inferno.

— Devo parabenizá-lo, você foi muito corajoso ao ter escolhido este destino. — O ser encapuzado diz ao analisar seu rosto deplorado pelo intenso choro de mais cedo — Você já deve ter juntado as peças, mesmo assim, direi o óbvio: eu sou o Soberano.

O Príncipe de ErikellOnde histórias criam vida. Descubra agora