Capítulo XII

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Voltar para Erikell era algo que HyunJin nunca imaginou acontecer novamente, mas lá está ele, andando de carruagem pelas ruas estreitas do vilarejo. Parece um sonho, as casas de madeira, os canteiros de flores junto dos ciprestes ao lado do calçamento de paralelepípedos, as vendas, as pessoas, o cheiro de pão quente e fresco que sempre circula no ar… Ah, como ele sentiu tanta falta disso tudo e muito mais.

A carruagem para em frente a casa dos pais de Karina. HyunJin espera o ancião vir abrir a sua porta. Antes de descer, HyunJin ajeita o capuz preto que Felix lhe emprestou, garantindo que cobrisse bem o seu rosto. Ele desce da carruagem e vai bater na porta, com o ancião ao seu lado.

Quem abre a porta é a senhora Yoo, mãe de Karina. Ela já havia sido alertada de que HyunJin iria visitá-la, mas foi impossível a surpresa não se apossar de seu rosto.

— Oh, céus! É você mesmo! — A mulher abraça HyunJin.

— Shh… — HyunJin a silencia, mas não deixa de abraçá-la na mesma intensidade.

— Nunca imaginei que eu o veria novamente! — A senhora Yoo se afasta — Eu pensava que era mentira quando disseram que você viria, pessoalmente, buscar o presente de…

Ela não consegue mais falar.

HyunJin nota o quão terrivelmente devastada a pobre mulher está. O semblante que costumava ser brilhante está apagado, deprimido. Isso entristece HyunJin. Ele junta as mãos da senhora Yoo nas suas, as apertando gentilmente, esperando que o simples gesto traga-lhe um pouco de conforto.

— Eu estou aqui, em carne e osso. E eu sinto muito por Karina. — HyunJin diz o mais firme que consegue, em compaixão — Posso garantir que ela está extremamente feliz nos seus últimos dias. Ela teve um enterro digno, apesar de tudo, e está descansando em um lugar melhor agora.
— É nisso que eu quero acreditar. — A mulher murmura tristemente. Então ela suspira, abre o melhor sorriso que pode no momento e convida HyunJin e o ancião a entrar.

É muito bom ver algo diferente da luxúria e da grandiosidade do Palácio, e nostálgico também. Não que HyunJin não goste das cores fortes nos salões e dos adornos dourados nos quartos, mas é impossível de não se esquecer das memórias naquele e em muitos outros casebres da vila.

A senhora Yoo os guia até seu ateliê de costura, o qual costumava trabalhar junto com a filha. Ela passa por todos os conjuntos de roupas cuidadosamente dobrados nas mesas e vai até um pequeno baú no canto da sala. Do baú, a mulher retira um vestido verde claro, simples, porém encantador, com mangas bufantes e uma longa saia prendada.

— Minha JiMin estava satisfeita com o resultado. Ela dizia que gostaria de poder ter dinheiro suficiente para comprar tecidos mais caros e pedrarias sofisticadas para acompanhar o padrão de Yeji. — A mulher diz com um traço de tristeza na voz.

HyunJin engasga. Ele sabia que Karina era insegura, mas aquele vestido era incrível, um dos mais belos que ele já tinha visto: um modelo jardineira, com a saia e a cintura de um verde escuro e as mangas brancas. Claro, é simples, mas é belo. E, conhecendo bem a irmã e suas origens, ele sabe que YeJi não se importa com presentes extravagantes, por mais que ele não a veja há quase um ano.

— Jimin fez um trabalho impecável. YeJi ficará extremamente contente. — HyunJin garante.

A senhora Yoo aperta o vestido contra o corpo, suspirando de um jeito sonhador e encantado.

— Você deveria ter visto o vestido de casamento de sua irmã. — Ela ditava  com um pequeno sorriso — YeJi providenciou tecidos impecáveis, jóias riquíssimas. Ela e JiMin passaram dias conversando, traçando esboços e mais esboços. Você ficaria deslumbrado ao vê-la usando aquele vestido! Ah, sem contar no pequeno e adorável JeongIn. YeJi também trouxe mercadorias para que fizéssemos a roupa de seu irmão!

O Príncipe de ErikellOnde histórias criam vida. Descubra agora