Pivô

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Já haviam se passado anos desde que Bella havia descoberto estar apaixonada por Elídio. E também já fazia um bom tempo que ela jurava não estar mais. Nunca tinha contado isso para ele, e nem julgava que fizesse sentido contar algo que tinha acontecido há tanto tempo. Por algum motivo, às vezes, ela se pegava pensando no que teria acontecido se tivesse contado. Muito provavelmente nada. Nem na época, nem agora – afinal, ela já não sentia mais nada por ele; certo? E, para ela, Elídio era um único tipo certo. Aliás, ele era daquele tipo certo de homem errado.

Ela afastou a cabeça para afastar os pensamentos, enquanto se olhava no espelho colocando o brinco da orelha esquerda. Viu o reflexo dele através do espelho e franziu o cenho pensando que já fosse coisa de sua cabeça, mas não, não era.

—Boa noite, Bellinha. Não falei contigo hoje ainda. Tudo bem? - se cumprimentaram com beijos no rosto, e ela voltou ao que fazia. Mas sem deixar de prestar atenção ao que ele queria dizer. —Sei que você foi chamada para ser mestre de cerimônia hoje, mas o Marcão não conseguiu vir. Foi um imprevisto de última hora. Tem como...

—Quer que eu jogue hoje? - resumiu em uma pergunta, agora se virando para olhar para ele e levantando da cadeira. Ela balançou a cabeça. —Vou pensar no seu caso, viu? - deu dois leves tapas no peitoral dele, e ele fez uma careta.

—Poxa, Bella. - ela deu risada do jeito dele. —Eu consigo alguém para ser mestre de cerimônia rapidinho, mas alguém para jogar não.

—Ué, você não é o chefão? - continuava com um riso cínico no rosto, o fazendo revirar os olhos. —É claro que eu vou. - Sanna comemorou, fazendo uma dancinha antes de deixar um beijo na bochecha dela em agradecimento. —Como vou mudar de profissão assim de última hora, deixe eu me preparar psicologicamente. - os dois deram risada.

—Deixe disso, você sempre se sai bem. - piscou para ela. Foi a vez de Marcatti rolar os olhos, ainda mantendo o sorriso ladeado no rosto. —Vou falar com os meninos, o show começa em menos de uma hora.

—Vai lá, chefe. - ele levantou o dedo do meio em sua direção a fazendo gargalhar, chegando a pender a cabeça para trás.

Bella respirou fundo quando ele saiu.

Era só mais um Improvável.

Eles só não sabiam que um único jogo seria capaz de virar uma chave dentro de suas cabeças, mudando completamente a vida deles.

Haviam começado o espetáculo do riso com Cenas. Eram sugestões dadas pelos espectadores, que riam sem parar de todas as sacadas geniais dadas por cada um deles. Sem contar aqueles trocadilhos que, de tão ruins, acabavam ficando bons.

Ficou ainda melhor no Musical Improvável onde o desafio era inspirado no livro A Menina Que Roubava Livros sugerido pela plateia. Bella interpretou a menina e, claro, levando a história para um outro lado, fizeram um caso parecido com o de Suzane Von Richtofen – mas não, ela não matou os pais: apenas roubava livros com a ajuda do namorado que, por sua vez, foi interpretado por Elídio. O plot twist foi dado por Daniel, que acabou se tornando par romântico de Bella no final do jogo. Sanna reclamou logo: Nascimento sempre fazia isso.

A plateia praticamente espocou de rir com o tal do Quadrado Improvável, visto que o tema era qualquer coisa a ver com Frieira e isso fez muitos lembrarem de um desafio do Manequim de alguns anos atrás – feito justamente por Bella e Daniel.

Benatti conduzia maravilhosamente bem mesmo tendo sido chamado de última hora e é impossível não citar a sintonia dos quatro. Bella era uma das convidadas que mais ninguém considerava uma convidada. Só faltava literalmente fazer barba.

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