Se às vezes é difícil controlar até o que nós pensamos, que dirá o que sentimos. Mesmo que fosse por algo tão pequeno, os dois se encontravam confusos. Não sabiam o porquê. Pareciam perdidos, e não havia quem pudesse dar um mapa para eles.
Bella estava aos beijos com outro homem, mas não conseguia parar de pensar em um único selar de lábios que durou menos de cinco segundos. Como isso era possível?
—Mas que inferno! - ela gritou de repente, na tentativa de espantar os fantasmas de sua cabeça.
—O que houve, está tudo bem? - o rapaz perguntou preocupado e até assustado, estranhando o jeito como ela falou.
—Ahn? Oi? - ela franziu o cenho, relembrando onde estava. Respirou fundo e olhou para ele. —Não, nada, está tudo bem sim. - e voltou a beijá-lo.
Mesmo que vez ou outra o fantasma voltasse para a sua mente. Ela queria muito expulsá-lo dali.
O tal fantasma tinha nome, sobrenome, quase quarenta anos, olhos expressivos e agora também uma mente tão confusa quanto a dela.
Talvez no dia seguinte isso fosse passar.
Ele tinha mandado mensagem no grupo do WhatsApp em agradecimento pelo Improvável do dia anterior a todos que estavam presentes. Até aqueles que não estavam presentes responderam com uma figurinha ou algo do tipo – menos Bella, que tinha sido até citada na mensagem por ter aceitado ser a jogadora de última hora.
Elídio franziu o cenho. A cada dez minutos entrava no grupo e nas visualizações das mensagens. Sequer isso ela fazia. Eram raras as vezes em que Bella sumia assim, ainda mais depois de um show.
—O que foi, hein? - Daniel perguntou, assim que passou por ele sentado no sofá. —Você está desse jeito desde ontem. Se eu arriscar dizer o que penso, você vai me mandar para a puta que pariu, então...
—Ainda bem que você sabe. - arqueou uma das sobrancelhas, desligando o celular. —Já tem alguma coisa no jeito aí? Tava pensando em almoçar fora.
—Tem o que sobrou da janta de ontem, não é coisa pouca não. Mas ninguém teve cabeça. - fez uma careta, remexendo as panelas no fogão. —O Andy mesmo deitou mais tarde e ainda tá dormindo.
—Claro, ele só sabe fazer isso. - os dois esboçaram um riso ladeado. Mais uma vez, Elídio ligou o celular para entrar no WhatsApp.
—Cara, você tá muito inquieto. - pegou uma garrafa de água na geladeira e um copo no escorredor. Enchendo o copo, se sentou no outro sofá. —Eu prometo não perturbar mais nem com a história do selinho de ontem se você disser o que houve.
—Mas não houve nada. - deu de ombros. —Estou esperando uma mensagem. Uma resposta importante. - Daniel franziu o cenho, levemente desconfiado. Elídio bufou. —Acredite se quiser. - se levantou. —Vou tomar um banho gelado, devo estar mesmo precisando esfriar a cabeça.
Nascimento observou o amigo caminhar na direção do corredor e desaparecer aos poucos. Negou com a cabeça. Sanna estava estranho demais para quem dizia estar bem. Ele não iria dizer sua teoria para não ser linchado pelo grande amigo, mas tinha certeza que poderia ter a ver com Bella.
[...]
—Que milagre você não responder uma mensagem no grupo do pessoal. - Cintia comentou. —Elídio deve ter ficado chateado, hein? - a cutucou.
Portella era a única que sabia sobre a antiga paixão e, sempre que podia, provocava Marcatti com isso – que se arrependia amargamente de ter contado. Certo que ela estava um pouco alta devido a bebida naquela noite em que contou, mas se arrependia.
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Uma História Improvável
FanfictionQuando um único selinho, em cena, por pura brincadeira, não leva apenas os fãs a loucura - mas também resgata sentimentos de anos atrás que Elídio e Bella nem pensaram que fossem recuperar.