Objetivos

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Era como se nada mais no mundo importasse depois que os olhares se cruzaram, depois que as línguas se tocaram e os corpos se conectaram. O segundo beijo teve urgência; como se nele, os dois quisessem descontar toda a paixão e desejo reprimido por tantos anos.

—Não precisamos nos preocupar com o que ainda vai acontecer, Bella. Viva o agora! - Sanna dizia. Mas ela se preocupou em pensar no que aquilo significava.

Não sabiam como seria o amanhã, aliás, quem se importava com o amanhã? Não queriam. Não deviam. Mas, às vezes, quando a confusão é grande, o mais sensato a se fazer seja pensar no outro dia.

—Vai continuar dizendo que é errado? - ele perguntou, descendo os beijos pelo pescoço dela, a segurando pela cintura.

Ela agradeceu internamente por isso, porque ela estava tão mole que poderia cair.

—Talvez eu diga... - ela suspirou. —Por mais que na minha cabeça tudo isso pareça tão certo, ainda acho que estamos colocando muita coisa em risco.

—De novo não, Bella... - ele olhou nos olhos dela praticamente suplicando. Ela engoliu em seco, se proibindo de ceder.

—Você me beija aqui agora, sussurra no meu ouvido, me deixa... - ela se interrompeu quase arregalando os olhos antes de falar demais. —esquece! - balançou a cabeça para concluir o raciocínio que ela mal conseguia fazer. —Mas e amanhã? Nós vamos voltar ao normal? Vamos nos olhar e fingir que nada aconteceu sendo que... - mais uma vez, decidiu não falar o que pensava, respirando fundo. —Amanhã eu sou mestre de cerimônia e domingo eu jogo. Eu sei do quanto eu sou profissional e do quanto você é também, mas nós realmente conseguimos bancar tudo isso?

Ela deixou Elídio sem palavras por mais de um minuto. O homem abaixou a cabeça, não conseguia pensar no que dizer enquanto encarava os olhos tão expressivos da mulher a sua frente.

A boca dela dizia uma coisa.
Mas os olhos... ah! Esses nunca mentiam.

—E por que você está dizendo isso agora? - com muito custo, o barbixa mais novo se manifestou.

—Porque um de nós tem que ser sensato, Lico. - ela tocou o rosto dele. —Eu não queria perder isso que a gente tem... - a expressão dele ficou confusa, a fazendo corrigir sua frase. —Isso, a nossa amizade.

—Você deve ter razão, Bella, mas... Você acha mesmo que continuamos sendo só amigos? Que podemos ser apenas amigos depois de tudo o que aconteceu?

—Ué, você está querendo um romance? - ela o olhou ensaiando deboche, mas por dentro estava desacreditada que ele tivesse dado a entender aquilo e foi ali que seu coração começou a bater ainda mais forte; se é que fosse possível.

—Eu não disse isso... - deu um pigarro, se aproximando dela novamente. —Mas eu sei que você concorda comigo. - segurou um bocejo.

—É, amigo, acho que você também precisa voltar para o hotel. - ele deu um muxoxo. Ela riu. —Isso é uma coisa que a gente precisa conversar acordado. - os olhares se cruzaram outra vez e pareceram ainda mais intensos. Marcatti engoliu em seco.

Ela queria se render a pelo menos mais um beijo.

Só mais um.

—Se é que acordado a gente vai lembrar de tudo isso... - ela completou olhando para a boca dele e o homem sorriu de lado ao perceber. Era sua deixa.

Enfiou a mão nos cabelos da nuca da mulher e a puxou para ainda mais perto. Os narizes se roçaram e os dois sorriram. Não se sabe quem encostou os lábios nos do outro primeiro, mas novamente um beijo aconteceu entre os dois.

Arrebatador, como os outros.

Pensar no amanhã agora seria um crime.

[...]

Uma História ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora