CAPÍTULO SETE

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Indecisa

"O amor é uma coisa terrível, que nos faz sofrer, é um desejo ardente, um vício terrível. No entanto, somos escravizados por ele." — Madame Bovary de Gustave Flaubert

O silêncio em meu quarto era um reflexo do turbilhão de pensamentos que invadia minha mente, cada dúvida martelando como uma batida surda no meu coração

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O silêncio em meu quarto era um reflexo do turbilhão de pensamentos que invadia minha mente, cada dúvida martelando como uma batida surda no meu coração. Enquanto eu fitava o teto, a incerteza sobre minha vida e as escolhas que fiz sobre ela...

Até qual ponto eu decidi por mim?

Se a minha vida virou toda essa bagunça sem ter casado, fico imaginando o depois. Não precisa ser uma pessoa muito inteligente para saber que trocarei uma vida inteira aprisionada por outra, mas a diferença de morar aqui, com meu pai, é que sou bem tratada.

Minha intuição gritava para cair fora, mas meu coração insistia em dizer que jamais encontrarei um homem tão incrível como Vitor... Era uma escolha que afetava todos os sonhos que alimentei desde a infância. Agora esse sonho está se tornando um pesadelo, pois para conquistá-lo, precisarei renunciar a todas as minhas escolhas.

Pensar em renunciar à minha carreira era doloroso. A ideia de abdicar à editora Timblado, onde eu me sentia viva e realizada, era como deixar para trás uma parte fundamental de mim mesma. No entanto, Vitor era a outra metade, um capítulo que em pouco tempo tomou conta de tudo, de mim, minha vida, meu trabalho e até minhas escolhas.

Se escolher a minha carreira, o casamento não acontece. Mas se escolher o casamento, digo adeus ao meu emprego.

Sacrificar meu emprego, minha vida e minhas escolhas por Vitor, poderia encontrar a mesma realização pessoal profissional em outro lugar?

Mas, e se eu não aceitasse casar-me? Conseguiria encontrar alguém que preenchesse o vazio que ele ocupava em meu coração? E ainda mais: Todos falam que jamais encontrarei um homem tão apaixonado quanto ele.

Decidi que precisava compartilhar essa angústia com meu porto seguro, meu pai, aquele que sempre esteve ao meu lado, Joaquim tem ótimos conselhos e me ajudou sempre que precisei de um norte.

No dia seguinte, enquanto tomávamos o nosso café na cozinha conforme todas as manhãs, despejei todas as minhas aflições de uma só vez!

— Papai, estou tão dividida. Por um lado, há Vitor, um homem que amo profundamente, mas que me pede um sacrifício enorme: abandonar a carreira dos meus sonhos. Por outro lado, há a editora, onde conquistei meu espaço e me sinto realizada — confessei, enquanto o aroma do café se misturava às palavras que flutuavam no ar.

Ele ouviu atentamente, um olhar sereno nos olhos.

— Minha filha, o amor é um compromisso, mas não deve ser feito às custas da sua própria felicidade e realização. Se Vitor é o homem certo, ele entenderá o valor dos seus sonhos. Não deixe que sua luz se apague.

— Ele quer que eu vá para o interior, morar próximo aos Fontela, mas sinto que cometerei um grande erro, só não sei qual. Se Vitor ou a Editora.

— Escute o seu coração, ele sabe exatamente o que você precisa. Não tome nenhuma decisão sob pressão. Mas saiba: Vitor é um dos poucos homens honrados que ainda existe.

— Mas e se meu coração for enganoso? Você sempre me aconselhou a fazer decisões importantes com a razão e não emoção.

— Então pense com a razão, neste exato momento, o que será mais importante para você: casamento ou carreira. Ninguém sabe o que é melhor para você do que você mesma.

No final da tarde, decidi conversar com minha chefe, a Aline, em seu escritório. Sua expressão séria suavizou-se em um sorriso acolhedor quando me viu entrar.

— Kalina, querida, como estão os preparativos para o casamento? Imagino que deva estar ansiosa e empolgada. — A Aline sorriu calorosamente.

— Na verdade, sobre o casamento... — Comecei sentindo o peso da minha pior decisão. — Eu decidi difícil, e acho que é justo que a senhora saiba.

A expressão da Aline mudou, tornando-se mais séria, e ela assentiu, indicando que eu continuasse.

— Quando eu e Vitor decidimos nos casar, não imaginei que fosse morar em outra cidade. Prescindirei à minha carreira aqui, e tentarei começar uma nova fase em outra cidade.

A Aline ouviu atentamente, mas havia uma pergunta não dita em seus olhos.

— Kalina, eu entendo a importância dessa realização, mas quero ter certeza de que é realmente a escolha que você deseja fazer. A carreira não pede divórcio e não some, e sei o quanto você é incrível e tem um futuro brilhante pela frente.

Senti um nó se formar na garganta, mas respirei fundo antes de responder.

— Agradeço muito pela preocupação, Aline. Amo meu trabalho aqui, mas quero me casar, ter filhos e viver ao lado do homem que amo.

— Kalina, entendo completamente sua escolha, mas não posso deixar de lamentar a perda de uma colaboradora tão dedicada. Você é brilhante, talentosa, e ver você seguir algo que tanto almeja, me faz ficar feliz e preocupada ao mesmo tempo. — Ela disse, suas palavras soando como uma melodia de despedida.

Prometemos manter contato e, com lágrimas contidas, me despedi do lugar que havia se tornado meu segundo lar. A despedida foi difícil, mas era o preço a pagar por minhas antelações.

Em casa, meu coração tão pequenininho por tudo que aconteceu nos últimos dias. Eu estava ansiosa para viver a felicidade ao lado do Vitor, e estava pronta para deixar tudo para trás, mesmo que isso significasse abandonar algo tão... importante.

Talvez o propósito da minha existência é ser a filha perfeita e agora a esposa perfeita. Casar deve ser o meu propósito, e pensar isso fez meu coração apertar, pois sempre foi meus sonhos e agora que está se realizando não parecia ser tão incrível quanto imaginei.

Mas o amor encontramos apenas uma vez na vida, não é?

Paixão Perigosa (ATO I COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora