Ferris wheel

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Tínhamos cerca de um mês até o próximo show. Fiquei encarregado de dar a notícia para o pessoal, já que Mei havia falado comigo no telefone, coisa que era pra ter sido obrigação de Satoru.

Estávamos quase no halloween, faltando apenas duas semanas. Nessa época do ano, geralmente a cafeteira lota, o trabalho se torna maior e mais cansativo.

Eu estava trabalhando sem parar, com a esperança de folgar dia trinta e um e dia primeiro. Assim, poderia aproveitar o halloween e não me preocupar em ter que trabalhar no próximo dia.

Como no sábado eu só trabalhava meio expediente, Satoru não hesitou em me convidar para irmos em uma sorveteria depois que eu acabasse aqui. Já estava virando quase uma rotina, todo sábado saíamos para ir nessa sorveteria.

Sentávamos nas mesinhas de fora, para ver o movimento dos carros e das pessoas. Ele sempre pedia sorvete de flocos e pistache com cobertura de chocolate, e alguns acompanhamentos.

Eu me limitava ao sabor de ninho trufado com cobertura de morango.

– Sugu..

Ele começou a me chamar assim não tem muito tempo.

Apenas ele me chamava assim.

– Vai estar livre no halloween? - Percebi a hesitação em me perguntar isso, ele estava muito quieto para o seu habitual.

– Uhum. - Murmurei, estava com a boca cheia.

– Quer sair comigo no halloween? Você sabe, para nos divertirmos como a maioria faz.

Tá, ele estava nervoso.

Isso seria vergonha? Vergonha de perguntar se queria sair comigo?

Mas espera, não era isso que já fazíamos todos os sábados? Ou esse passeio que ele estaria falando teria alguma coisa a mais?

Não, não vou criar expectativa.

– Claro, vai ser divertido. - Respondi, antes de comer outra colher de sorvete.

– Sério? Ótimo! - Ele se empolgou, aquela timidez de antes havia evaporado totalmente.

– E para onde vamos?

Perguntei, olhando para a última bola de sorvete que restava no potinho.

– Eu pensei em um parque de diversões que abriu recentemente, soube que tem uma roda gigante tão alta que dá pra ver o terraço dos prédios.

Ele estava empolgado, qualquer um perceberia pelo tom de sua voz.

– A gente pode assustar as crianças e roubar seus doces!

– Roubar doce de criança, sério?

Ri, a naturalidade com que ele falou parecia tornar aquilo algo comum.

– Claro! Quem não gosta de uma boa travessura no Halloween? - Ele deu de ombros, com um brilho divertido nos olhos.

– Parece bom. Mal posso esperar para ver as carinhas assustadas das crianças. - Brinquei, saboreando a última colher de sorvete.

– E, sabe, também podemos aproveitar a roda gigante para ter uma vista incrível. - Ele sugeriu, olhando para mim com um sorriso sugestivo.

– Vista incrível, é? Não sabia que você era romântico. - Provoquei, arqueando as sobrancelhas.

– Romântico? Eu? Não exagere, Suguru. Estou apenas sugerindo uma diversão diferente. - Ele riu, tentando parecer sério.

Ele desviou o olhar do meu, percebi o embaraçamento em suas palavras.

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