Sina Deinert
Na calmaria antes da tempestade — neste caso, o sossego antes da suíte nupcial ser invadida pelos convidados da festa de casamento —, minha irmã encara a unha recém-pintada de rosa-claro.
— Aposto que você está se sentindo aliviada por eu não ser uma noiva neurótica — ela diz, olhando para mim do outro lado do quarto e sorrindo. — Aposto que você esperava que eu fosse insuportável.
Compartilho um olhar cúmplice com nossa prima Sofya, que está retocando as unhas dos pés de Joalin e aponto para o corpete do vestido de noiva que estou me certificando de que cada lantejoula está arrumada.
— Defina noiva neurótica.
Joalin volta a encontrar meus olhos, desta vez com uma expressão sem ânimo. Ela está maquiada e com um véu fofinho preso em seus cabelos escuros penteados para cima. É chocante. Quero dizer, estamos acostumadas a parecer idênticas, apesar de sabermos que somos pessoas completamente diferentes, mas isto é algo totalmente estranho: Joalin é o retrato de uma noiva. De repente, sua vida não se parece em nada com a minha.
— Eu não sou uma noiva neurótica — ela se defende. — Sou uma noiva perfeccionista.
Encontro minha lista e a seguro no alto, agitando-a para chamar a atenção dela. É um papel com o título "Lista de Tarefas de Sina — Edição do Dia do Casamento" que inclui setenta e quatro (setenta e quatro) itens, abrangendo desde "Verificar a simetria das lantejoulas no vestido de noiva" até "Remover todas as pétalas murchas dos arranjos de mesa".
Todas as damas de honra possuem suas próprias listas, talvez não tão longas quanto a minha de madrinha, mas igualmente caprichadas.
— Algumas pessoas considerariam estas listas um pouco exageradas — afirmo.
— Essas são as mesmas "algumas pessoas" que pagam os olhos da cara por um casamento que não chega nem aos pés do meu — minha irmã responde.
Com certeza você sabe o que dizem a respeito de profecias que se cumprem sozinhas. Vencer faz você se sentir um vencedor, e então, de alguma forma, você continua vencendo. Deve ser verdade, porque Joalin ganha sempre. Em uma feira de rua, ela jogou seu nome na tigela de uma rifa e voltou para casa com um par de ingressos para uma peça de teatro.
Em um bar, pôs seu cartão de visita em um copo e ganhou cervejas grátis por um ano. Ela ganhou tratamentos de beleza, livros, ingressos para estreias de filmes, um cortador de grama, uma infinidade de camisetas e até um carro.
Tudo isso para dizer que, assim que Bailey Urrea a pediu em casamento, Joalin viu como um desafio poupar nossos pais das despesas da festa. Na realidade, nossos pais podiam se dar ao luxo de contribuir — eles são complicados sob vários aspectos, mas o financeiro não é um deles —, mas, para Joalin, dar um jeito de não ter que pagar por nada é o melhor tipo de jogo. Se a Joalin antes do noivado considerava concursos como um esporte competitivo, a noiva Joalin os encarava como as Olímpiadas.
Então, ninguém em nossa enorme família ficou surpreso quando ela planejou com sucesso uma cerimônia de casamento chique com duzentos convidados, um bufê de frutos do mar, uma fonte de chocolate e rosas multicoloridas transbordando de cada jarro, vaso e taça — e desembolsou, no máximo, mil dólares. Minha irmã rala muito para encontrar as melhores promoções e reposta todos os sorteios de Twitter, Instagram e Facebook.
Finalmente convencida de que não há lantejoulas fora do lugar, tiro o cabide de um gancho de metal preso à parede, com a intenção de levar o vestido de noiva para Joalin. Porém, assim que toco nele, minha irmã e minha prima soltam um grito.
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The unhoneymooners | noart
FanfictionSina e Noah são inimigos mortais. Há um passado entre eles que tornou a convivência impossível. Mas quem vai dizer não para uma viagem para o Havaí? Ainda mais de graça? Nem pensar! A ideia de ambos era ficar bem longe um do outro, mas a situação m...