Cinco

27 4 0
                                    

Sina Deinert

A fechadura soa e as portas duplas se abrem. Perco o fôlego. Nunca em minha vida fiquei em uma suíte, muito menos em uma tão bonita. Era a lua de mel dos sonhos de Jo, e procuro não me sentir grata por ela estar sofrendo para que eu possa estar aqui. Mas é difícil, pois isso acabou muito bem para mim.

Bem, quase. Olho para Noah, que gesticula para mim para que entremos. Diante de nós, há uma sala de estar absurdamente espaçosa, com um sofá imenso, um sofá menor, duas poltronas e uma mesa de vidro ao centro sobre um tapete branco felpudo. Na mesa está uma bela orquídea violeta em um cesto trançado, um controle remoto complicado, que parece provavelmente acionar uma camareira biônica, e um balde com uma garrafa de champanhe e duas taças com as inscrições "senhor" e "senhora".

Logo à esquerda da sala de estar há uma salinha de jantar com uma mesa, dois castiçais de bronze e um carrinho de bebidas coberto com todos os tipos de copo de coquetel ornamentado.

No entanto, na outra extremidade, está a verdadeira beleza da suíte: uma parede de portas de vidro que se abrem para uma varanda com vista para as ondas de Maui a se quebrar. Suspiro, deslizando as portas para os lados e saindo para a brisa quente de janeiro. A temperatura me impacta e me traz uma consciência surreal: estou em Maui, em uma suíte dos sonhos, em uma viagem com tudo incluído. Eu nunca estive no Havaí.

Nunca fiz nada parecido com um sonho. Ponto. Começo a dançar, mas só percebo que estou fazendo isso quando Noah aparece na varanda e despeja um enorme balde de água fria na minha alegria, pigarreando para tirar o muco da garganta e olhando as ondas com os olhos semicerrados.

Ele parece que está pensando: "Já vi paisagens melhores".

— Esta vista é incrível — digo, quase buscando o confronto.

— Assim como a sua propensão para compartilhar demais as coisas — ele afirma, piscando.

— Já disse que não sou uma boa mentirosa. Fiquei nervosa quando ela ficou olhando para a identidade de Jo, tá bom?

Noah levanta as mãos em uma rendição sarcástica. Com uma careta, escapo do senhor Desmancha-Prazeres e volto para o quarto.

Imediatamente à direita, há uma pequena cozinha, que ignorei completamente a caminho da varanda. Depois da cozinha, há um corredor que leva a um banheiro pequeno e, logo depois, ao suntuoso quarto principal. Entro e vejo que existe um banheiro enorme ali, com uma banheira muito grande — suficiente para duas pessoas. Viro-me para encarar a cama gigantesca. Quero rolar nela. Quero tirar minhas roupas e me deitar nos lençóis de seda...

Mas... como? Como chegamos até aqui sem discutir a logística dos arranjos para dormir? Será que nós dois realmente presumimos que a suíte de lua de mel teria dois quartos? Sem dúvida, ambos morreríamos felizes se não compartilhássemos a cama; mas como vamos decidir quem fica com o único quarto? Evidentemente, acho que deveria ser eu, mas, conhecendo Noah, ele provavelmente pensa que vai ficar com a cama.

Saio do quarto no exato momento em que Noah está fechando as grandes portas duplas, e, então, ficamos presos neste estranho momento de coabitação sem preparação. Nós nos viramos para encarar nossas malas.

— Uau.

— É.

— Muito legal.

Noah tosse. Um relógio faz tique-taque em algum lugar da suíte, alto demais em meio ao silêncio incômodo.

— É, sim — ele concorda, estende a mão e coça a nuca. As ondas do mar se quebram ao fundo. — Você deve ficar com o quarto por ser a mulher.

Algumas dessas palavras são as que quero ouvir, e outras são simplesmente terríveis. Inclino minha cabeça, fazendo cara feia.

The unhoneymooners | noartOnde histórias criam vida. Descubra agora