Quatro

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Sina Deinert

Então eu me dispus a fazer a lua de mel dos sonhos da minha irmã adoentada, mas tenho que impor um limite à fraude relativa à companhia aérea. Como estou basicamente falida, encontrar um voo de última hora requer alguma criatividade. Noah não ajuda nem um pouco, provavelmente porque ele é um daqueles caras de trinta e poucos anos muito evoluídos que têm uma poupança de verdade e nunca precisam escavar o cinzeiro do carro em busca de moedas. Deve ser legal ser assim.

Mas concordamos que precisamos viajar no mesmo voo. Por mais que eu queira me livrar dele o mais rápido possível, a agência de viagens deixou bem claro que, se houver alguma fraude em andamento, será cobrado o saldo total do pacote de férias. Não sei se pela proximidade a um provável vômito ou pela proximidade a mim, mas Noah já está na metade do corredor em direção ao seu quarto quando murmura "Apenas me diga quanto lhe devo", antes de eu poder informá-lo exatamente quão pouco aquilo seria.

Felizmente, minha irmã me ensinou muito bem e, por fim, consegui duas passagens (tão baratas que saíram quase de graça) para o Havaí. Não sei por que são tão baratas, mas procuro não pensar muito a respeito. Um avião é um avião, e chegar a Maui é tudo o que realmente importa, não é?

Vai dar tudo certo.

Talvez a companhia aérea não seja das melhores, mas não é assim tão ruim e certamente não justifica a inquietação constante e a torrente de suspiros do cara sentado ao meu lado.

— Você sabe que eu consigo ouvi-lo, não sabe?

Por um momento, Noah fica quieto. Então, ele vira outra página da revista que está lendo e volta os olhos para mim em um silencioso "Não acredito que deixei você no comando".

Eu reprimo a vontade de estender a mão e dar um peteleco na orelha dele. Devemos passar por recém-casados nesta viagem; podemos muito bem começar a tentar fingir agora.

— Então, só para fechar o ciclo dessa discussão estúpida: se era para você ter uma opinião tão forte a respeito do nosso voo, não devia ter me pedido para cuidar disso — afirmo.

— Se eu soubesse que você iria reservar nosso voo em um ônibus com asas, não teria pedido mesmo — ele diz, levantando os olhos e olhando em volta, horrorizado e surpreso. — Nem sabia que existia essa parte do aeroporto.

Aborrecida, olho em volta e encontro o olhar da mulher sentada à nossa frente, que está obviamente nos espiando. Falando baixo, inclino-me e exibo um sorriso meloso.

— Se soubesse que você seria tão implicante, eu lhe teria dito para se virar e arranjar a própria passagem.

— Implicante? Você já viu o nosso avião? Ficarei surpreso se não nos pedirem para ajudar a abastecê-lo.

— Ninguém está forçando você a fazer uma viagem dos sonhos grátis para Maui — digo. — E, só para lembrar, nem todos podem comprar passagens de avião em cima da hora que custem uma fortuna. Eu disse que estava com o orçamento limitado.

— Não sabia a que tipo de orçamento você se referia. Se soubesse, teria emprestado dinheiro.

— E tirar dinheiro do seu fundo de acompanhante sexual? — digo e pressiono, horrorizada, uma mão contra o peito. — Eu não me atreveria.

— Olha, Nina. Estou aqui sentado, lendo. Se você quiser discutir, vá até o portão e peça ao pessoal do embarque para mudar nossos assentos para a primeira classe.

Eu me ajeito para perguntar como é possível que ele esteja indo para Maui e, mesmo assim, seja ainda mais desagradável do que o habitual. Então, meu celular toca dentro do bolso.

The unhoneymooners | noartOnde histórias criam vida. Descubra agora