Até a próxima vida

CINCO

(Em revisão)

Sumire andava sozinha na escuridão entre os mercados acompanhados de fracas luzes dos postes enquanto procurava o misterioso objeto escondido pelas meninas que a desafiaram a encontrar porém não encontrava. Com o seu uniforme escolar, sentia o frio percorrer sob a saia que ia até o joelho. Dispersa de pensamentos assombrosos que poderia ter ali, um barulho a espantou, um gato farfalha tentando entrar pelas brechas de uma das barracas. Com grande alívio no peito Sumire volta a sua procura do tal objeto.

"Brilhoso e pequeno".

Era a dica dada pelas desafiadoras que pairava em sua cabeça. Caçava com cautela passando de barco em barco de pesca atracados. Elas prometeram devolver seus pertences furtados caso achasse, como sua colega disse; "era um jogo de caça ao tesouro". Enquanto passava com as mãos  trêmulas segurando uma lanterna de pilha, um dos barcos chamou a atenção.

Um barco pintado de branco com listras azul e com letras iniciais de S.H pintadas a mão não saia de seu campo de visão. Duas iniciais muito bem desenhadas e lindas aos olhos lilás da garota. Se aproximou do barco com a luz da lanterna passeando sobre ele, enquanto bobeava cada detalhe bem conservado, um feixe de luz cintilou entre redes e cordas jogada no chão o que a desesperadamente fez correr pra dentro do barco procurá-lo.

Nunca tinha entrado em um barco antes, teve medo dele se soltar do cais e a correnteza levar para longe, não saberia o que fazer caso acontecesse já que ela não sabia nadar. Estava literalmente só com a lanterna e a roupa do corpo então acharia rapidamente e sairia dali. Passou as mãos apressada pela extensa rede até sentir algo duro, sem demora puxou o objeto até finalmente ver sua fluidez dourada refletida pela luz fraca dos postes.

Sumire leva a mão até a boca pasma pelo objeto. Era um troféu do time de basquete roubado da escola. Há uma semana estava sumido e os professores estavam confiscando cada aluno com suspeita de que o verdadeiro responsável era de dentro. Pelo visto estavam certos.

Talvez seja um plano para as garotas colocarem a culpa nela assim que pegarem as mãos no troféu. Não seria nada bom.

Tinha que terminar isso o mais rápido possível, talvez sua professora possa ajudá-la. Faria isso! faria-

Assim que se virou para sair do barco, uma pessoa enorme estava na frente. Com uma capa de chuva verde escuro, ele a encarava sob a escuridão de seu capuz impedindo de ver seu rosto.

O rosto branco de Sumire não passou despercebida por ele.

Sem nenhuma palavra ele agarrou os cabelos dela puxando para fora e recebendo as queixas da mesma. Como vento, a lâmina da faca passou em seu pescoço a pegando de surpresa e com o tempo ela foi apagando lentamente. O encapuzado olhou para o barco, seus lábios torceu em um leve sorriso e soltou a garota sem vida.

Abaixou-se de frente dela e a amarrou seus pulsos, mas antes desceu a palma da mão no chão banhado de sangue e escreveu na madeira do barco duas letras que parecia ser iniciais.

Risadas repentinas foi ouvida por perto e resolveu sair dali o mais breve possível, seus planos pareciam ser outros, porém não teria tempo de concluí-lo. Fugiu meio desengonçado sumindo em meio a escuridão deserta da rua.

Podia ser qualquer assassino mas não tinha dúvidas, com certeza era ele. Se aproximou e agachou-se perto da garota analisando a melhor.

—Que pena, eu poderia ter ajudado, você era minha oportunidade perfeita.— suspirou frustrada.— Não favoreceu nenhuma de nós.

Por fim, levantou desviando do corpo sem vida olhando na direção em que o assassino escapou. Pelo menos pôde ver o desgraçado novamente, e estranhamente, não mudou nada.