Capítulo 8

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Alice Grace

Eu me odeio.

Nunca me senti tão humilhada na vida quanto hoje. Acordar com uma ressaca avassaladora, a cabeça latejando a cada movimento, e, pior ainda, lembrando de cada momento constrangedor que minha versão bêbada protagonizou. Cada detalhe parece ainda mais ridículo à luz do dia, como se o meu comportamento tivesse sido um reflexo de tudo o que há de pior em mim.

Decidi que nunca mais vou beber.

Cada vez que bebia, passava por todo tipo de vergonha possível, e minha mente sempre criava as piores ideias. Por que eu subi em cima de um semáforo? O que eu estava tentando fazer?

Me sentia como uma "pick me", aquela garota que só quer chamar a atenção, se sentir validada por aqueles que sequer se importam de verdade. E o pior é que eu caí nessa armadilha.

Sinceramente, me odeio.

A tensão aumentou quando Lauren finalmente revelou a verdadeira merda da noite anterior
— Você caiu do semáforo em cima de um caminhão, e o Ethan te carregou o caminho inteiro nas costas.

— Como você se lembra de tudo, Lauren? — perguntei, franzindo o cenho.

— Não estava tão bêbada quanto você. — Ela suspirou, passando a mão pelos cabelos desalinhados. — Por favor, nunca mais beba.

Ok, mensagem recebida.

— Estou com vergonha de existir. — Resmunguei enquanto me levantava da cama, sentindo cada músculo protestar contra o movimento.

— Eu também estaria.

— Ótima amiga você é, Lauren. Está me ajudando muito. — Retruquei, carregando no tom irônico.

Lauren, no entanto, parou. Pela primeira vez desde que começamos a conversar, parecia realmente me encarar.

— Você... me vê como uma amiga?

A pergunta me atingiu como uma pedra jogada em um lago calmo. Amiga? Lauren é minha amiga?

Eu nunca tive exatamente uma amiga. Pensando bem, só dois amigos marcaram minha vida.

O primeiro, um colega de infância. Aquele garoto de quem eu gostava no 6º ano e que desapareceu tão rápido quanto surgiu.
E Conan. Meu melhor amigo.

Mas Lauren...?

— Sim, podemos ser boas amigas. — Respondi, com um sorriso hesitante, enquanto me dirigia ao banheiro.

A resposta dela veio em um grito tão alto que me fez dar um salto.

— Você é incrível!

Eu não sabia se ria ou se chorava. Mas, pela primeira vez em muito tempo, me senti confortável com a ideia de não estar sozinha.

[...]

Educação física. Duas palavras que carregam um peso desnecessário no meu dia. Não só odeio a matéria, como ainda me entristece o fato de ser uma mulher quem a ministra. Não que o gênero importe, mas ela sabe — ela sabe que não menstruo semanalmente.

Enquanto eu remoía meu desânimo, Lauren cutucou meu braço e apontou discretamente para alguém se aproximando.

— Ah, não. Olha quem está vindo ali. — Ela disse, fingindo lágrimas enquanto abaixava o rosto em falsa lamentação.

Eu ri.

— Sabe o que é pior? — Lauren continuou, virando-se para mim com uma expressão exasperada. — É que é o começo do ano, e Roxy sempre faz um escândalo para ser a líder do grupo de dança. Todo. Maldito. Ano. E, adivinha? Ela sempre consegue.

Hate (me) YouOnde histórias criam vida. Descubra agora