006﹕chocolates.

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Elizabeth Campos.
março, verão brasileiro.


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   O campus estava agitado, como todo início de semana, ao decorrer dos dias a quantidade de alunos diminuía drasticamente. Não por falta, mas nem sempre todos tinham aulas no mesmo horário a semana inteira.

─ O que vai fazer no seu aniversário? ─ A alta de fios dourados perguntou ao se aproximar de mim.

─ Trabalhar, como sempre. ─ Respondi impaciente tentando organizar meus pertencentes no armário.

─ Você só pode estar brincando, Beth. Trabalhar? vinte e dois anos de vida para comemorar no trabalho?! ─ Ela reclamava entre surpresa e negação.

─ Vinte e dois anos não é tão especial assim, o que se tem de novo nessa idade?

─ Sabia que se você beijar alguém na lua do seu aniversário vocês ficam juntos para sempre? ─ A menor de cabelos negros se aproximou de nós duas já atenta a conversa.

─ De onde tirou isso? ─ Perguntei entre risadas.

Da minha cabeça. Mas é sério! ─ Ela respondeu com convicção.

─ Tão sério que você já trocou de namorado oito vezes em um ano. ─ Jessica a respondeu após revirar seus olhos com a situação.

─ Mas nenhum eu beijei na luz do luar do meu aniversário, por isso da certo!

─ Ela tem um ponto. ─ Disse firme, recebendo um olhar de reprovação da loira.

─ Onde vocês se conheceram? na fila da merenda do hospital psiquiátrico? eu provavelmente estava fazendo um trabalho voluntário e encontrei vocês por la.

Gabriela apenas deu de ombros e eu continuei com uma risada baixa, até nossos olhos focarem em um só acontecimento.

Enzo.

─ Ele ta popular, né? ─ Perguntou Gabriela se referindo ao homem que estava rodeado de mulheres.

  As moças o presenteava todos os dias com comidas, doces, cartas, pediam aula particular, tinham dúvidas idiotas só para terem um pouco de sua atenção mais íntima. E ele, como sempre, era quieto. Não grosseiro, mas não dava mais aberturas, agradecia e pedia para que parassem, mas elas não o ouviam. Faziam de tudo por uma frase além do "Obrigado, mas não faça mais isso pois não posso aceitar!" e aquela maldita cara de cachorro abandonado.
Eu nunca o vi com essa expressão.

─ Ele deve ser pervertido. ─ A loira cruzou os braços atenta ao movimento.

─ Ele não é um pervertido. ─ Respondi rápido, recebendo os olhares da dupla em minha direção.

─ E como sabe? ─ Perguntou Gabriela.

─ Só sei. Vamos logo embora! a aula já vai começar. ─ Tentei fugir do assunto.

   As duas garotas não me questionaram novamente, apenas abandonamos o evento beneficente do Enzo e suas gatinhas. Eu realmente torcia que ele não fosse um libertino. Mas eu nem sei do porquê eu torcia para isso, não iria fazer diferença em minha vida... Eu espero.

   Eu teria aula com o homem essa manhã, mas precisei resolver uma questão acadêmica na central universitária que acabou me fazendo perder o horário. Não me faria falta, estava adianta na matéria por ter começado a estudar bem antes de suas aulas iniciarem, até porquê eu já sabia que havia falhado.

LUZ DO LUAR ── Enzo VogrincicOnde histórias criam vida. Descubra agora