Verônica estava debruçada em sua mesa, sua cabeça estava explodindo de dor. A escrivã não havia comprado o remédio que a médica receitou, afinal, ela havia perdido a receita, e não tinha como comprar o remédio sem receita.
Neste momento, Verônica sentia seu corpo inteiro doer, era como se ela estivesse prestes a explodir de tanta dor que sentia. Tanto é que, mesmo estando acordada, ela não via nada. Ela cochilava, mil coisas passavam por sua cabeça.
Nelson estava em sua frente, inquieto com o silêncio de Verônica. Para ele, era muito estranho ver a sua amiga assim, afinal, ela não havia dito nada desde que chegou na delegacia, e ela já estava assim há algumas horas. Nelson não se contentou, e resolveu perguntar.
— Vêro. — O homem a chamou. — Você não vai falar o que aconteceu? — Perguntou curioso.
Verônica não respondeu, apenas bufou afundou seu rosto em sua mesa, frustrada. Nelson deu leves batidinhas na mesa, tentando fazer com que a escrivã despertasse.
— Nelson. — Murmurou. — Por que eu sou assim? — Perguntou embolado
— Ai, Verô. — Bufou. — Divide a dor, divide. — O homem sentou próximo de Verônica, tentando reconfortar a escrivã.
— Eu estraguei tudo. — Verônica ergueu a cabeça, apoiando seu queixo na palma da sua mão.
— Você vai ficar enrolando, ou vai falar? — Nelson franziu o cenho, e Verônica, novamente, afundou sua cabeça em meio tanta papelada que estava sob a sua mesa.
— Aprontei com a Anita. — Bufou.
— Ué, normal. — O homem deu de ombros cruzando as pernas
— É sério, Nelson. — Ergueu a cabeça. — Eu estraguei tudo, ela estava sendo gentil comigo. — Apoiou o rosto em sua mão.
— Aí, você foi lá, e aprontou? — Riu. — Verônica, Verônica...
— Sabe, teve uma época que você realmente me ajudava - Confessou frustrada.
— Antes eu mentia, agora eu sou sincero. - Cruzou os braços.
— Preferia você antes. — Falou emburrada.
— Eu não vou falar sempre o que você quer ouvir, Verô, se você quer, você faz acontecer. — Nelson depositou pequenos tapas em suas costas, e logo se retirou.
— "Se você quer, você faz acontecer... pipipipópópó" — Verônica gesticulou aspas ironizando. — Tudo seria tão mais fácil se eu fosse melhor. — Verônica murmurou.
Mil coisas se passavam pela sua cabeça.
A ausência de Anita estava lhe matando, tudo aquilo estava lhe matando.Anita havia saído com uma mulher na noite passada, e Verônica observou a cena através da janela de sua casa. Aquela cena da tal mulher abrindo a porta do carro para Anita. E Anita então, com um sorriso largo estampado em seu rosto, deixou a mulher roubar um beijo seu.
Aquela cena estava nos pensamentos da escrivã.
Aquilo havia machucado Verônica. Machucou tanto, que aquela cena tomou conta de seus pensamentos.
Anita se encontrava em uma situação parecida, porém, diferente da escrivã, que estava decidida daquilo que queria, a delegada estava completamente confusa em relação à tudo. Tudo aquilo que estava acontecendo era muito complicado, principalmente para Anita que detestava lidar com os próprios sentimentos. Entretanto, de um tempo para cá, a delegada havia decidido que iria permitir-se sentir.
O único problema era que ela ainda estava em hesitação com tudo aquilo.
O fato de ter descoberto o motivo de Verônica ocupar tanto os seus pensamentos a assustava.
No fundo, Anita sabia que aquele sentimento que ela sentia por Verônica, estava longe de ser ódio.
Talvez, em algum momento já foi, porém, ali, naquele momento, tudo que Anita mais queria era; ter Verônica. E ela já havia dito isso para a escrivã, mesmo se arrependendo depois.
Mesmo Anita temendo, ela queria; e como queria resolver as coisas com Verônica. Sem contar, que ela estava extremamente preocupada com Verônica, afinal, quando ela chegou em casa, havia encontrado a receita do remédio no bolso traseiro de sua calça, porém, ficou em dúvida se entregava para a escrivã. E mais uma vez, Anita deixou o orgulho te dominar.Anita, instantaneamente, fora interrompida de seus pensamentos, quando seu celular mostrou-se uma mensagem.
Anita arregalou os olhos, entretanto, aquela mensagem despertou uma curiosidade na delegada, de certa forma, Anita resolveu ligar para a mulher. O telefona chamava, chamava, e chamava. Logo, a mulher atendeu.
— Alô? — Perguntou a mulher do outro lado da linha.
— Oi, Carol, recebi a sua mensagem... — Anita engoliu seco. — você pode falar agora?
— Olha... eu acho melhor conversarmos pessoalmente, vou passar na sua casa mais tarde.
Anita hesitou antes de responder, mas acabou cedendo. — Tudo bem, até mais tarde.
— Até mais tarde. — Falou por último, e então desligou.
Anita jogou o celular sob a sua mesa, e resmungou em seguida. — Que confusão. — Afundou seu rosto em sua mesa.
Anita não aguentava mais tamanha confusão para a sua cabeça. Tudo aquilo estava te deixando inquieta.
A delegada respirou fundo, sentiu um arrepio subindo pelas suas costas. Ela havia passado todos esse últimos dias pensando no que havia acontecido entre ela e a escrivã. Ela não queria que isso consumisse seus pensamentos, porém, só pelo fato de ter Verônica, parecia impossível.Anita queria poder mandar em seus pensamentos
Apesar de parecer impossível.
[...]
"Se você quer, você faz acontecer"
Essa maldita frase estava corroendo os pensamentos da escrivã. Ela estava inquieta, ansiosa, angustiada, e todos os outros sinônimos opostos de calmaria.
— Falar e pensar é tão fácil. — Resmungou. — Quero ver fazer. — A escrivã levou os seus olhos para o escritório da delegada, encarando a loira que estava digitando em seu computador.
De imediato, a escrivã pegou o seu celular, e fixou os olhos em uma publicação do Twitter. Era a foto de uma amiga distante de Verônica.
A foto mostrava um buquê (provavelmente verdadeiro) acompanhado de um bilhete.De alguma forma, aquela publicação foi como uma luz para Verônica.
Verônica teve uma ideia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
You belong to me • Veronita
HumorAnita sempre sentiu um ódio avassalador por Verônica, diferente dela, sempre sentiu o sentimento oposto; O amor. -- Como 'cê vai conquistar a garota que ama? -- Questionou. -- A resposta é simples, oras; infernizando a vida dela.