8- Caravana do Caos

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Poucas horas antes de anoitecer, o sol se deita atrás das montanhas e o horizonte realça os contornos com um brilho áureo. Três figuras encapuzadas conduziam uma caravana de madeira rústica na estrada de barro ladeira abaixo até o córrego. Na porção de terra que se estende do outro lado do rio, um quarto do bando dos lobos escapava de seus perseguidores.

--- Água corrente... --- observou as inúmeras pegadas no chão limitado às pedras marinhas --- acham que isso será o bastante para nos impedir de capiturá-los?

--- Eles não fazem ideia do que tamo trazeno aqui --- bateu na jaula e pulou abruptamente quando algo rosnou lá dentro --- essa coisa é feia mas pode farejar um coelho ferido a quilômetros de distância... --- a voz mais aguda do que o normal.

--- Vamos, Crowley! --- ordenou --- Solte a besta e deixe que ela mostre o caminho mais rápido até nosso prêmio.

--- M-mas por que eu? --- olhos esbugalhados a ponto de pular para fora das órbitas --- a gata borralheira pirou de vez? Vai tu!

O repentino e violento estalo da corda em contato com a balestra, atrai a atenção dos mercenários que atônitos seguem o trajeto da flecha até derrubar o alvo na clareira do outro lado do rio. Ciente dos olhares curiosos, a figura parruda apenas prepara outra haste no trilho da arma.

--- Tão olhando o quê? --- a voz grave tinha um som metálico devido a distorção da máscara --- Só tô garantindo que os "coelhos" estejam feridos, isso vai facilitar para o rastreador.

--- Mais sangue! --- vibrou o magricela num tom gutural --- quanto mais, melhor! --- passou a língua nos dentes pontudos.

--- Bela pontaria, cara de urubu --- os cachos balançam conforme aplaude loucamente.

--- Corvo! --- corrigiu o atirador enquanto disparava outra flecha mortal --- Urubu é o teu...

A risada descontrolada de seus companheiros a suas custas, interrompeu o final da frase. Sem ânimo para retrucar, ignorou as gralhas desafinadas e focou em abater os alvos que pouco a pouco se refugiaram na floresta.


--- O que faremos agora que eliminaram o Sombra?

No topo dos Pinheiros, duas figuras se equilibram nas partes mais afiadas das árvores, o carmesim de suas armaduras reluz com os últimos raios dourados do entardecer, as capas tão alvas como a neve flutuam em harmonia com a brisa recém chegada. Olhos inquietos, observam a montanha de Rochedo, lar da alcateia dos Guerreiros Lobo. Havia fumaça, fogo, áreas desmatadas, pilhas e mais pilhas de vestimentas de batalha, armas e sangue por toda parte, fruto da investida do Batalhão Vermelho.

--- Por hora, vamos nos retirar --- voz tranquila e o olhar sereno --- é bom que eles respirem um pouco dessa falsa vitória.

--- E quanto Alana? --- seus olhos afiados pareciam penetrar a armadura do jovem --- os demais que morreram não passavam de peões insignificantes, mas ela --- a face endureceu --- era nosso maior triunfo --- voltou sua atenção para a aldeia em ruínas.

--- Não se preocupe --- acariciou os cabelos da egípcia --- e a propósito, Alana ainda é, nosso maior triunfo! --- baixou o olhar para o vale --- não sei você, mas estou faminto!

--- Aquele lugar está deserto a anos! --- incrédula --- enlouqueceu se acha que vou perseguir ratos, não me rebaixe dessa forma, Heitor.

--- Então você não percebeu os batimentos acelerados abaixo do vilarejo? --- prosseguiu como se fosse uma pergunta retórica -- já era de se esperar, afinal, havia um batalhão inteiro marchando ao mesmo tempo.

--- Você não cansa de me surpreender, não é? --- lábios rubros curvados num sorriso com as presas à mostra --- O que estamos esperando? Hora do banquete!


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⏰ Última atualização: Feb 28 ⏰

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