Dias Atuais
8:34, no meu apartamento no Itaquera, após um sono nada saudável de apenas 4 horas, eu saio da cama após não conseguir mais dormir, olho pela janela.
O dia está agitado, É São Paulo afinal de contas, quando olho para o céu, imagino um super homem e lembro de como eu gostava de super-heróis quando era criança, antes do meu pai falecer; depois que a minha mãe ficou incapaz, eu tive que assumir as responsabilidades que não deviam ser impostas nas costas de um menino, foi nessa época que aprendi que ninguém vai ouvir você chorar, e que o melhor consolo para a tragédia é se preparar para a próxima vez, foi isso que eu fiz durante toda a minha vida.
Afinal de contas, eu posso não ser um super homem, mas sei que ser homem de verdade vale mais do que qualquer super poder…
15 Anos Atrás
Eduardo e Maria estavam casados a 7 anos, e eles tinham um filho, o pequeno Carlos Eduardo, o nome, um tanto quanto curioso, foi escolhido como homenagem ao Roberto Carlos, lateral esquerdo e campeão do mundo pelo Brasil em 2002, jogador favorito de Eduardo, em junção com o nome deste, o plano era que se fosse menino, teria parte do nome do pai, se fosse menina, nome da mãe.
Cadu tinha 6 anos quando abriu a porta de casa pra Polícia Militar, os PMs solicitaram que Eduardo fosse junto com eles pra delegacia, uma força-tarefa queria o testemunho dele, Eduardo engoliu em seco e seguiu os homens pra dentro da viatura, eles desceram o morro e foram pra tal delegacia.
Foi a última vez que Cadu viu seu pai.
A notícia que corria na comunidade era a de que um comédia tinha dedurado os antigos parceiros da firma, e como troco de X9 se dá em bala, ele foi alvejado 14 vezes nas costas, na execução estava o dono do morro, ou pelo menos é o que dizem, Cadu e Maria nem puderam tentar recorrer pras ideia, afinal Eduardo sabia o que acontecia com X9, na justiça do morro, Eduardo era o pior criminoso.
Cadu aprendeu duas coisas naquele dia: a primeira é que a polícia não liga pra população, e sim pro serviço, o sonho de vários policiais é simplesmente sair rajando vagabundo; a segunda é que o certo é feito por quem é mais poderoso, seu pai podia ser um homem bom, mas no morro era desprezado e na cidade também.
Cadu estava determinado a parar isso, mas como?Enquanto a mente de Cadu se questionava sobre seu propósito depois da morte de seu pai, a mente de sua mãe deixou de existir, ela começou a ficar aérea de propósito, ela tinha acesso aos medicamentos como enfermeira, depois que descobriram ela, foi demitida, mas a dor veio denovo, e ela começou a experimentar drogas mais pesadas, no meio do luto, Maria se tornou uma viciada, ela vendeu o barraco, os móveis e todo o seu lar, começou a viver nas tendas da Cracolândia, a pedra destruiu a sua vida, ou teria sido a morte de seu marido?
O que Cadu sabia é que ele não podia abandonar a única família que tinha.
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Cidade da Garoa: A Tragédia de Carlos Eduardo 'Cadu' de Souza
AventuraA primeira história de um novo universo fictício. Mostrando o caminho de um jovem vigilante que luta para sobreviver mais um dia, na Cidade da Garoa.