Capítulo 15

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Nunew estava deitado no sofá, enquanto olhava fixamente para o teto branco da sala de seu apartamento. Tentava não pensar em nada, mesmo assim, sua mente era sua maior traidora naquele momento. Estava se odiando tanto por ter acreditado em Tutor. Estudavam juntos havia pouco tempo e quando menos esperou baixou todas suas barreiras. Permitiu que Tutor entrasse em sua vida, sua casa, para no fim, ele se mostrar igual a todos os outros.

Olha em direção ao quarto de Zee e suspira alto.

A sua sorte era que a semana de provas já havia acabado e se ele quisesse ficar sem ir para a faculdade não sairia prejudicado e no final, ele sabia que iria fazer aquilo mesmo. Só queria ficar no seu canto, perdido dentro de seus próprios pensamentos.

A morte de seus pais também estava se aproximando e aquilo só servia para deixa-lo ainda mais triste, preso dentro de sua bolha de autodepreciação. Quando fazia terapia, essa época era quando sua terapeuta mais trabalhava, afinal, ele precisava daquilo para se manter vivo e Zee o obrigava a frequentar as consultas semanais.

Em certo momento, simplesmente parou de ir para as consultas, porque tinha ficado bem. Não pensava mais na morte. Não ficava mais tão antipático. Por um tempo, Nunew quis continuar vivendo, aproveitando cada oportunidade que sua vida estava lhe proporcionando e principalmente, ele quis continuar vivo por causa de Zee.

Percebeu esse detalhe quando ele se viu preso na risada de Zee e jurou que aquele som voltou a ser o mais lindo que ele já tinha ouvido e por Deus, chorou horas seguidas no ombro de Nat ao perceber que ele não tinha mesmo esquecido o melhor amigo. Que aquele amor o alimentava e dava forças para continuar vivendo.

Afinal, ele era o motivo da risada de Zee. Não queria pensar na possibilidade de jamais ouvi-la ou então ser o motivo dele não sorrir mais.

A lágrima solitária desce por seu olho e Nunew fecha os olhos com força. Não iria chorar. Tinha prometido para Zee que não iria se entregar para aquela dor. E não ia mesmo. Ele não tinha sentimentos por Tutor. Ele gostava do que estavam tendo porque por um momento ele podia esquecer que seu verdadeiro amor jamais seria correspondido.

Agora entendia que seu destino era ficar sozinho. Quando descobriam que ele era um Perdpiriyawong, o comportamento das pessoas mudavam e em suas frentes restavam apenas o filho de um dos maiores casais de atores da Tailândia, como se o que ele sentisse não importasse e ele entendeu cedo demais que realmente não importava.

Se lembrava vagamente, era muito novo, estava acompanhando os pais em uma daquelas coletivas chatas de lançamento de algum filme que os dois estrelavam. Tinham muitos repórteres, paparazzis, todos como urubus em cima de calças de carniças, atrás de algum clique que pudesse ser vendido por um preço absurdo.

Nunew estava ao lado de uma de suas babás, quando um paparazzi passou correndo por ele, o arrastando pelos cabelos, que tinham prendido em algum canto da bolsa dele. O homem pouco se importou com os gritos de dor de Nunew e os gritos da babá, só queria chegar perto dos atores.

Foi ali que ele entendeu, era só alguém apagado na sociedade, até ele falar seu nome e de quem era filho, por isso depois daquele dia parou de aparecer em frente às câmeras, com seus pais. Foi mandado para outra escola, quando não podia estar com os pais, ficava com os avós, porque os pais, protetores como eram, não queria mais deixa-lo com babás, porque culparam a moça que cuidava daquele naquela noite.

Nunew respira fundo e morde o lábio com força. Ele não queria lembrar daquilo. Não queria ficar preso naquele passado. Ele tinha se reerguido, feito sua vida e conquistado o seu espaço. Afinal, ele era Nunew Chawarin, ninguém o associava aos seus pais se se apresentasse somente daquela forma. Não reconheciam mais seu rosto e preferia assim. Amava ser anônimo, poder viver sua vidinha da forma como bem entendia.

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