"It's gettin' dark, too dark to see.
Feel like I'm knockin' on heaven's door..."Knockin' On Heaven's Door, Bob Dylan.
A história contada do ponto de vista de quem apenas consegue observar pode, quase sempre, não trazer com clareza as dores e sentimentos reais daquela história, mas eu tentarei... Talvez vocês descubram quem eu sou ou talvez eu mesma lhes conte, mas não, não sou a morte. Isto seria muito clichê... Mas vamos lá, irei acelerar alguns anos da história.
Sophie Durant tinha 10 anos agora, mas aquilo não era como se fosse uma vitória para ela. Dez anos... Dez anos de puro abatimento e negligência das mulheres que a acolheram no convento. Ela odiava os domingos, sempre odiara. Isto porque o nascer do sol do sétimo dia da semana sempre significava algo: igreja. O lugar quase sempre falava sobre paraíso, mas estava mais parecido com o inferno.
E ela odiava aquilo com todas as suas forças... Apesar de achar que o inferno era muito mais divertido que aquilo.
No início, era apenas um certo incômodo, como se não pertencesse aquele lugar, como se não devesse estar ali... Até começar a ver coisas. Por muito tempo, Sophie se manteve apática sobre o quê via, como se fossem apenas coisas da imaginação fértil de uma criança, porque era o quê todos diziam sobre ela: "Sophie é apenas uma garota avançada, mal criada, mas ainda sim inteligente". E ela queria acreditar que era, até não conseguir mais lidar com coisas que acontecia com ela que as vezes era sussurrado em seu ouvido, mais de uma vez, mais de uma voz...
- Sophie! - uma voz estridente e irritante da madre superiora ecoa na sala de estudos da catedral do orfanato chamando a atenção da garota que até agora olhava para um corvo pousado na janela da torre ao lado da igreja - Me diga quais foram as pragas enviadas no Egito?
A mulher baixa e corpulenta perguntava encarando a garota seriamente do outro lado da mesa bem no centro da sala. Sophie, que agora olhava para a janela vendo o sino da igreja bater informando que eram 9h da manhã vira seus olhos melancólicos e brilhantes - talvez até um pouco vermelhos por ela ter chorado a madrugada inteira - na direção da mulher e engolindo em seco, passa a língua em seus lábios tentando umedecê-los antes de negar com a cabeça suavemente e baixar a cabeça de maneira apática. "Droga, deveria ter prestado atenção..."
- Diga algo, Sophie.
Mary, uma garota que estava ao seu lado sussurra para ela tentando ajudá-la enquanto tenta não mexer a boca e continua a escrever em seu caderno, na esperança de que ninguém iria notar ou perceber. Porém, uma das garotas na sala aponta para a garota de maneira acusatória.
- Olhe, madre. Ela está falando algo para Sophie!
Imediatamente, os olhos de Sophie e Mary foram para a madre. Mary estava assustada, mas o semblante pálido de Sophie agora havia sido tomado de raiva e ira. Victoria era sempre assim, maldosa e fofoqueira, mas ela havia passado dos limites naquele momento. É então que ambas as garotas são surpreendidas quando a madre circunda a mesa e avança, não na direção de Sophie, mas na direção de Mary. Sem pensar duas vezes, a pequena prole de Hades pega o livro sagrado ao lado de seu caderno e joga contra o rosto de Victoria antes de pular no tronco corpulento da madre em um ataque de puro reflexo.
De uma maneira rápida e extraordinária, Sophie derruba a mais velha com um chute forte em sua barriga a afastando de Mary. Logo em seguida, tomada por raiva e sentindo seu sangue ferver de ira, a garota de cabelos pretos como a noite avança sobre Victoria agarrando em seus cabelos loiros e a puxando para fora da sala de estudos. Sophie anda com os cabelos de Victoria agarrados em suas mãos por todo o corredor da torre até as escadarias, ela desce com a garota a arrastando pela escada em espiral ao lado da torre em grande velocidade enquanto as outras garotas e madres das outras salas colocam a cabeça para fora da porta como em um efeito cascata enquanto Sophie atrai os olhares de todos em cada sala que passa.
Assim que chega no último degrau, Sophie joga Victoria de maneira violenta contra o chão do pátio e solta uma risada em escárnio ao ver os cabelos bagunçados dela e seu olhar em pânico quando é jogada no chão. Sem pensar em nada naquele momento, apenas tomada pela ira por Victoria, Sophie avança sobre ela imobilizando seu corpo travando Victoria no chão e apoiando seus joelhos no chão antes de dar um primeiro soco forte no rosto da garota. Um sorriso de satisfação abre em seu rosto assim que ela vê sangue, então ela cerra cada vez mais forte seu punho desferindo mais alguns em seu rosto enquanto a garota gritava e se debatia embaixo dela.
É então que os berros e gritos de Victoria vão diminuindo e Sophie sente mãos segurando seus braços a medida que ela desperta do excesso de raiva que teve... O sangue em suas mãos a fazem recuar e ela se deixa ser tirada de cima da garota. Sophie olha para as pessoas que haviam se aglomerado ao redor dela sem coragem de tocar em Sophie enquanto ela batia em Victoria, é então que ela olha para trás e sua visão embaça sentindo algo na lateral de sua costela e uma seringa sendo retirada de sua pele é a última coisa que ela consegue ver antes de apagar nos braços da madre superiora.
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Sophie não saberia dizer quanto tempo havia ficado desacordada, mas ela sabia que havia sido punida por aquilo assim que abriu os olhos e sentia a dor incendiar seu corpo. Mesmo amarrada, era possível ver os hematomas roxos por sua pele alva, e mesmo sem sentir, ela estava chorando. Suas lágrimas molhavam seu rosto por inteiro e ela queria sair dali, porém, seu corpo pequeno ainda infantil estava preso a uma cadeira, mãos e pés. Havia uma mesa de metal a frente e passando levemente os olhos pelo local, você poderia sentir o cheiro de soro através das paredes pintadas de maneira alucinadamente branca. Porém, havia uma única parede de vidro espelhado e três pessoas conversavam atrás dela.
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Burnt Soul: Sophie.
Fanfiction"𝐀𝐥𝐠𝐮𝐦𝐚𝐬 𝐩𝐞𝐬𝐬𝐨𝐚𝐬 𝐟𝐥𝐨𝐫𝐞𝐬𝐜𝐞𝐦 𝐞 𝐨𝐮𝐭𝐫𝐚𝐬 𝐚𝐩𝐞𝐧𝐚𝐬 𝐬𝐞 𝐞𝐬𝐟𝐫𝐢𝐚𝐦 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐩𝐚𝐬𝐬𝐚𝐫 𝐝𝐨 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨. 𝐄 𝐞𝐮, 𝐛𝐞𝐦... 𝐄𝐮 𝐪𝐮𝐞𝐢𝐦𝐨." Sophie Durant sempre fora apenas uma garota normal e solitária de um c...