5. O barulho dos culpados.

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"Haewon, preciso que você entenda que a sua situação como caloura no sexto-ano é uma exceção raríssima e só foi concedida porque você se provou uma estudante honrada." As palavras da reunião com McGonagall mais cedo ressoavam na mente da garota. "Justamente por isso, é inaceitável que uma estudante em condições especiais se envolva em quaisquer tipos de problemas, e ainda se recuse tão veementemente a nos ajudar com essa investigação que concerne nada além da segurança dos estudantes."

Os olhos da garota marejaram enquanto ela andava furiosamente pelos corredores.

"Por isso, eu acho que não há nada que eu possa fazer nessa situação, a não ser expulsá-la de Hogwarts caso você não queira cooperar."

Ela não conseguia acreditar que alguns de seus colegas haviam sido pegos por inspetores à caminho do clube. Haewon preferia nem pensar que o clube de duelos - uma das coisas mais emocionantes e reais que já tivera na vida - estava a alguns passos de ser exposto para todos e, pior, se tornar algo proibido em Hogwarts.

Em todos os longos minutos tensos dentro da sala da diretora, porém, Haewon não se deixou fraquejar. A garota foi até o final lembrando-se de uma das falas de seu veterano preferido, Ten: "Não importa o que aconteça, nós não confessamos. O clube deve permanecer secreto para sempre e, apesar dessa não ser nossa primeira regra, é definitivamente a mais importante".

A garota lembrava-se dessas palavras com tanta vividez que podia ainda ouvi-las em sua mente. Foram elas que deram forças para que Haewon sobrevivesse ao longo do interrogatório de Minerva. E, no entanto, quando a condição de sua expulsão foi exposta, ela não pôde fazer nada além de concordar.

E era isso que mais a chateava: ela havia formado uma família. Ela tinha amigos, as aulas que tanto desejava, o sentimento de lar e pertencimento. Ela tinha Haechan, o que era recente, mas também incrível.

Eles não se falaram tanto assim depois do beijo. Mas se beijaram novamente - algumas boas vezes - e isso falava por si só. Ambos ainda se sentiam confusos, mas não conseguiam parar de se atrair mais e mais um para o outro, como dois ímãs de pólos opostos. Ninguém sabia de nada, é claro, mas isso deixava tudo ainda mais especial.

E Haewon não podia crer que perderia, dentre tantas outras coisas, essa bela relação que havia mal começado. Que sim, tivera um início conturbado, mas que parecia finalmente encontrar seus eixos.

Ela não queria deixar Giselle, que se tornara uma grande amiga; ou Chenle, que a irritava na mesma medida que lhe divertia; nem Jaemin, que a mostrava todos os dias o quão tranquila a vida podia ser. Ela não queria ter que se despedir de Yuta e Ten, a dupla inseparável de veteranos que a ensinara tudo o que ela sabia, nem de Lee Haechan, o garoto implicante que inesperadamente clamou por espaço em seu coração.

Mas, principalmente, Haewon detestava a ideia de ter que deixar Hogwarts e o Clube.

No entanto, revelar todos os segredos, trair seus amigos e acabar com o clube dos duelos significaria não só estragar sua própria experiência, mas a de todos que ela considerava e admirava - e isso estava fora de cogitação.

Por isso, não pensara duas vezes quando respondeu à McGonagall:

"Eu entendo as suas condições, diretora, mas acho que você vai ficar bem decepcionada comigo. Eu não sei nada sobre o assunto."

E, quando a bruxa olhou-a fundo nos olhos e sorriu, perguntando se ela tinha certeza disso, mesmo sabendo das consequências de seu silêncio, Haewon ergueu o queixo e respondeu, cheia de orgulho:

"Como quiser, senhora."

Ela lembra a exata inexpressibilidade de McGonagall pela sua resposta, do rosto completamente impassível. Haewon não via o corredor na sua frente, sua mente insistia em voltar para o momento em que a anciã deu um suspiro enigmático e disse de maneira quase robótica: "Pois bem, senhorita, vou lhe dar três dias para que pense melhor sobre a sua escolha, mas se decidir acobertar seus colegas não haverá outra saída além da expulsão. Pode ir agora".

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