4. O que os separa é uma linha tênue.

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— Poderiam explicar o que os dois estão fazendo aqui? — perguntou o professor com um tom de voz mais delicada

Haewon foi a primeira a quebrar a troca de olhares. Ela se virou para o professor e ao reparar na expressão de ... dele, passou a mirar o chão. Sentia o rosto, pescoço e colo esquentar de vergonha e não tinha coragem de encarar nenhum dos dois.

Haechan estava tão nervoso quanto ela, mas sabia disfarçar melhor. Então ignorou a respiração pesada e bochechas e vermelhas e respondeu de um jeito brincalhão entre risadas nervosas. — Ah, professor... quer mesmo que a gente responda?

Taemin engasgou com a ousadia do rapaz e piscou envergonhado. Sem saber como reagir, apenas se afastou da porta, olhou para a garota e disse em um tom ríspido, tentando disfarçar a timidez. — Eu estive preocupado com a sua socialização, mas me parece que você está indo muito bem, né, mocinha?

Haewon se encolheu, empurrando contra as prateleiras do armário e escondendo o rosto por entre os cabelos, queria desaparecer. Haechan engoliu em seco com o tom raivoso do professor, mas não deixou de rir da reação envergonhada da garota e, quando percebeu que estava fazendo isso, fechou a cara novamente.

— Saiam da minha sala agora! — Na pressa de se livrar daquela situação desconfortável, não pensou em revistar a mochila do sonserino e os expulsou de volta para as masmorras.

Haewon correu para fora da sala de cabeça baixa enquanto Haechan tentava manter a postura mais confiante. Nenhum dos dois falou durante todo o caminho de volta para a comunal e muito menos conseguiram olhar um para o outro. O clima de desconforto estava tão denso que era quase possível tocá-lo com as mãos.

— Você pegou os escaravelhos? — Haechan perguntou baixo, aquele fora o tom de voz mais gentil que já usara com ela desde o começo do ano letivo.

A garota apenas concordou com a cabeça e tirou o pequeno frasco com a carcaça dos insetos, estendendo-o até ele. Seus dedos se tocaram levemente quando ele pegou o vidro para si e um choque de eletricidade arrepiou o corpo dos dois. Haewon disparou para a ala feminina dos dormitórios, não querendo passar mais nenhum segundo perto do rival.

Haechan se sentia da mesma forma, mas, o que nenhum dos dois sabia, era o segundo sentimento que os dois compartilhavam. Um estranho e confuso, que nenhum deles viu chegando e nenhum deles sabia explicar, no entanto, continuariam pensando, pensando e pensando sobre isso durante toda a noite até que o cansaço vencesse e os dois caíssem na inconsciência.

No entanto, nem no mundo dos sonhos eles ficaram livres dos pensamentos conflitantes. Haewon acordou várias vezes, tendo uma péssima noite de sono porque, toda vez que chegava ao REM, Haechan insistia em aparecer nos seus sonhos. Às vezes implicando com ela como sempre fazia, outras vezes em completo silêncio apenas observando-a com olhos enigmáticos e, na pior possibilidade, em uma reprise do beijo falso que trocaram no armário-almofarizado.

Quando o dia seguinte finalmente amanheceu, Haewon tinha olhos inchados e vermelhos por dormir tão mal. Sua paciência também não era uma grande virtude agora e qualquer um podia sentir a irritação que emanava do corpo dela como radiação venenosa. Era um péssimo dia,

— Você parece péssima! — Giselle exclamou com sinceridade quando a novata sentou ao lado dela na mesa da sonserina no grande salão.

— Eu me sinto péssima.

Wandinha Addams, é você? — Chenle escolheu uma abordagem mais provocativa, como sempre, entretanto, se ele soubesse a raiva reprimida que ela estava sentindo pela pequena façanha que ele aprontou ontem, teria ficado em silêncio.

— Se eu fosse o senhor, ficaria bem caladinho hoje, ou acha que eu perdoei o que você fez ontem? — respondeu a novata junto com um olhar feroz que se tivesse a capacidade mágica de matar, queimaria o chinês até as cinzas.

Neowarts: school of culture, technology and witchcraft [NCT & HP]Onde histórias criam vida. Descubra agora