POV. Justin Lennon
A droga do hospital estava lotado, não havia o que pudesse ser feito. Infelizmente, naquele momento, não havia um maldito médico para examinar minha namorada. Eu estava irritado, queria que ela fosse atendida logo e temia que o sangramento fosse algo ruim. Ela, por outro lado, estava chorosa, implorava para ir embora e não parecia se imcomodar com a espera. Ao meu ver, ela também deveria estar preocupada, já que o filho era dela e eu não o fiz sozinho. De qualquer forma, a recepcionista não parecia se importar com a minha pressa, ainda que eu já tivesse a insultado diversas vezes.
— Meu bebê pode estar morrendo, caramba! — falei em tom alterado.
— Muitas pessoas aqui podem estar morrendo, senhor, vai ter que aguardar a disponibilidade do médico — respondeu com grosseria. — Em breve chamarão o nome da paciente, não posso ajudá-lo.
— Vamos embora, querido, só preciso de descanso — Amanda insistiu.
— Nós não vamos a lugar algum!
Eu... queria consolo. Não, aquela não foi uma gravidez planejada e, bem, eu nem queria tê-la engravidado. Para ser sincero, eu não queria que aquela fosse a mãe dos meus descendentes. Porém, ela era. E aquilo na barriga dela era cinquenta por cento eu. Sim, a situação era terrível, mas não, eu não conseguia ignorar, o nervosismo era latente em meu peito, a preocupação, a sensação de impotência, era como querer cuidar de algo que não estava ao meu alcance.
— Amanda Richard — soou o auto-falante após quase uma hora.
A garota suava frio, eu mais ainda. A médica era nova, tinha um sorriso meigo e cabelos curtos, não era muito difícil imaginá-la fora do hospital, sem a formalidade daquele evento. Perguntava-me por que nunca fui atendido por uma médica bonita antes, talvez eu devesse frequentar mais vezes a emergência.
— Sou a Doutora Keegan, residente de obstetrícia — apresentou-se sorrindo. — Podem me explicar o que aconteceu?
— É bobagem, doutora, não deveríamos estar aqui — Amanda se pronunciou rapidamente. — Está perdendo seu tempo conosco.
— Ela está grávida, estávamos em casa quando ela começou a sangrar — prontifiquei-me a explicar. — Só quero saber se está tudo bem com os dois.
— Vejo que a barriga ainda não salientou, está de quanto tempo? — indagou.
— Sete semanas.
— Bem, sangramentos são comuns na gravidez...
— Eu disse! — Amanda a interrompeu, levantando-se
— Comum não quer dizer que seja normal — a médica corrigiu. — Preciso te examinar, espero que esteja bem. Está sentindo dores? Você está um pouco pálida.
— Eu estou ótima — apesar de dizer firme, eu não via verdade em sua voz.
Uma enfermeira foi auxiliar o trabalho, a princípio passaram um gel em seu abdômen, depois a doutora aproximou o aparelho do ultrassom e ficou se movendo por sua barriga. Era engraçado, eu não via nada, nem ouvia nada, bem, era o início da gravidez, isso deveria ser apenas o normal. Desisti de tentar ver algo naquele monitor, aquela imagem era confusa demais, então passei a encarar o rosto da médica e um vinco profundo descansava entre suas sobrancelhas. Ela me encarou, depois a Amanda e logo voltou para mim, como quem tenta desvendar algo.
— E aí? — Quis saber, ansioso.
— Você é... o pai? — Devolveu a pergunta, incerta. Limitei-me a balançar a cabeça, concordando. O vinco tornou-se ainda mais profundo. — Eu... Amanda, vamos colher seu sangue, o resultado sairá em um instante.
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I am not your Brother
Romance15 de setembro, como esquecer o dia em que o anjo me encarou? Diziam que aos 13 nós garotos estaríamos prontos para ser homens. Eu não estava pronto. Eu não estava pronto para vê-la. Mas nossos olhos cruzaram e certamente naquele momento um anjo cru...