Angústia

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A dor dos arrependimentos são feridas que demoram para cicatrizar, mas algumas nem sequer curam, continuam abertas sangrando e rasgando mais sua pele a cada dia.
A saudade era angustiante, acordar sozinho e fazer as coisas que sempre fez, mas desta vez com um gosto amargo na boca era uma tortura, Satoru queria companhia, uma que ele não poderia ter de volta.

A dor de garganta passa a ser rotineira, era difícil engolir o choro, sentir sua garganta apertar toda vez que a ansiedade toma conta, e não ter ninguém para te acalmar, recitar palavras bonitas no seu ouvido e lhe abraçar. Você está sozinho, aquela pessoa que fazia tudo isso se foi, e você nem sequer sabe para onde.

Os dias de Gojo apenas pioravam após seu "término" com Suguru, e ele não conseguia seguir em frente. As memórias de seus anos juntos viviam em sua mente, devorando sua saúde por dentro, lhe causando dores absurdas, ele apenas queria que a angústia dentro de seu peito parassae, que as diversas dores de cabeça que ele sentia após as crises de choro não acontecessem mais, que a dor do abandono sumisse e seu Suguru voltasse para sua vida preenchendo o seu vazio e o trazendo de volta para fora da água.

Ouviu diversas reclamações do diretor, professores e colegas, nenhuma fazia diferença alguma. Eram palavras fúteis que entravam por seus ouvidos e saiam logo em seguida, ele não queria escutar o óbvio.
Sabia muito bem que estava se afundando, se afogando dentro da mágoa e da dor do abandono, mas não conseguia reagir, não queria reagir. Ele esperava que se ficasse assim mais um pouco, tudo isso se provaria um enorme pesadelo passageiro, e ele acordaria com Suguru ao seu lado, com seu sorriso caloroso, os olhos semi abertos e seu tom doce abençoando sua audição.

"Bom dia, Satoru"

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