0.0 Ovo de Dragão

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A primeira vez que veio para Porto Real foi como mágica. Alicent lembrava da euforia que queimava em seu peito, como o doce toque da água quente num banho de dia chuvoso e frio. O seu mundo pareceu muito mais colorido quando chegou na grande Fortaleza Vermelha, mesmo quando seu pai lhe repreendeu por sua curiosidade, ou apertou seus cabelos para lhe manter na linha quando lhe apresentou para a doce Rainha. O mundo ainda parecia brilhante e colorido.

Servir como dama de companhia da Rainha Aemma foi como poder explorar numa aventura, a Rainha parecia gostar de sua companhia, a doce ômega lhe confortava com o mesmo carinho que sua mãe lhe tratou até o último suspiro. Aemma era uma mulher de sorriso amável, com uma voz doce e ao mesmo tempo severa, repreendendo com uma suavidade que seu pai nunca lhe mostrou, palavras calmas e sem agressão para lhe fazer doer. E mesmo com tanta calma, ela não podia conter o sangue nos dedos.

Foi em um dia que acompanhou Aemma pelo jardim que finalmente conheceu a tão falada Princesa, que todos os guardas pareciam comentar com um sorriso divertido e cansado, enquanto as criadas riam encantadas de algo que lembraram. A jovem menina era conhecida por todo o lugar, ao ponto de que até mesmo seu severo tio, Daemon Targaryen, foi facilmente domado pela garota com sangue de dragão quente no corpo.

Mesmo com alguns dias estando trabalhando como criada da Rainha e estudando na Fortaleza, Alicent nunca teve um breve vislumbre da Princesa. Ela já tinha visto todos os parentes por aqueles dias, desde o próprio Rei até a Princesa Rhaenys, que carregava uma nobreza fria e feroz que parecia cativar todos ao seu redor, exalando aquele tipo de poder que todos os Targaryens pareciam compartilhar com uma arrogância feroz. Os únicos que não pareciam ser eram os próprios Reis, Viserys era muito dócil e pacífico como beta, e Aemma estava sempre doente com suas gravidezes para poder lutar, mesmo que houvesse um fogo em seu olhar que queimasse autoridade.

Naquele dia quente foi quando finalmente pode ver a Princesa que era tão querida por todos, menos o seu pai, Otto sempre tinha uma carranca e repreensão sobre as atitudes da jovem garota, que tinha apenas seis anos naquela época, enquanto a própria Alicent tinha treze anos. A garota surgiu de um galho de uma árvore, que ela estava pendurada e rindo divertida, como qualquer criança faria, alguns dentes parecendo faltar por sua boca no sorriso arteiro que enfeitava seu rosto gordinho.

No entanto, assim como um animal faminto, no momento que a garota vislumbrou o pequeno grupo que se aproximava, ela rapidamente saiu da árvore, como algum tipo de guaxinim ardiloso, com gravetos e folhas em seus cabelos prateados de sua família, olhos de lavanda grandes e brilhantes, sua roupa igualmente suja de folhas, com um vestido vermelho como sangue bagunçado, parecendo que fugiu de algo, e mesmo o corpo tão pequeno e magro pareceu forte quando correu num fôlego só.

— Mamãe! — O berro saiu alegre entre risos quando a garota fez um estrondo para anunciar sua presença, surpreendendo todos com a criança escondida.

— Rhaenyra! — Aemma respondeu com mais calma, mas aceitou em seus braços quando sua filha diminuiu o ritmo para lhe abraçar com suavidade. Com tenra idade, a jovem Princesa sabia como cuidar da mãe grávida. — Estava fugindo de suas aulas novamente?

— Soube que o tio Daemon estava aqui, então o procurei para vê-lo. — A garota explicou sem vergonha alguma de suas ações. — Ele me prometeu um duelo da próxima vez que viesse!

— A Princesa está com interesse em espadas? — O guarda que acompanhava perguntou com uma familiaridade comum, um sorriso divertido sob sua barba rala.

— Sim! Tio Daemon me prometeu presentear com uma espada tão legal quanto a dele! — Rhaenyra respondeu com uma empolgação alta, parecendo brilhar naquele momento.

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