Na pequena escola "Raiar do Sol" quando chega nesse horário é particularmente barulhento e até mesmo caótico; crianças correm, brincam, pulam e gritam. Estava na hora do recreio.
Por ser uma escola infantil ela comportava até a 7º série, sendo frequentada por crianças e pré-adolescentes que ainda não tiveram a diferenciação do segundo gênero, o que ocorre com a chegada do primeiro cio para os ômegas ou rut para os alfas.
Essa diferenciação ocorre praticamente para todos juntamente com a chegada da puberdade, que inicia volta dos 12 anos de idade. Onde, após a descoberta do segundo gênero esse adolescente é direcionado para um colégio próprio e adaptado para o seu segundo gênero, medidas essa que visam lhes proporcionar maior segurança e conforto.
Aproveitando ao máximo cada minuto, Oliver estava brincando de pega-pega com os seus novos colegas, correndo de um lado para outro, com um radiante sorriso no rosto, suas bochechas estavam vermelhas como tomates por conta da agitação.
E foi durante toda aquela correria que Oliver acaba esbarrando em um garoto de outra turma, levando o pequeno Oliver a cair com o bumbum no chão.
_ Oh... ah... desculpa! Não vi você- fala enquanto dava palmadas pela roupa e se levantava do chão.
_ Olha por onde anda nanico!- disse o outro garoto enquanto fazia cara feia.
_ Foi sem querer! Eu juro! Desculpa...
_ Seu idiota! Olha meu chocolate! E você ainda sujou minha roupa!- Se referindo a sua camisa que acabou sujando de chocolate que ele estava comendo durante o incidente.
Oliver estava ficando nervoso, o outro menino era bem mais velho e mais grande que ele. Parecia gostar de intimidá-lo, e agora estava dando empurrões em Oliver quase o fazendo cair.
Oliver estava de cabeça baixa e os punhos cerrados, seus olhos começaram a formar lágrimas por não saber como sairia daquela situação. Estava beirando o choro.
Até que em uma fração de segundos o garoto mau foi ao chão. Oliver sem entender nada levantou o olhar para ver o que tinha acontecido, foi quando ele sentiu alguém segurar a sua mão o puxando e dizendo para correr.
É Diego, seu colega de classe. Um menino de cabelo ruivo, olhos castanhos, pele parda com sardas no rosto e cara de sapeca.
Os dois de mãos dadas correram o mais rápido que puderam em direção a sala, enquanto corriam Oliver não conseguia desprender o olhar do rosto de Diego, e de suas expressões que fazia enquanto corria arrastando Oliver pelos corredores. Oliver acabou rindo do que acabara de acontecer e Diego também começou a rir.
Quando os dois chegaram em frente a sala soltaram as mãos. Diego agora apoiava as mãos nos joelhos enquanto tentava recuperar o fôlego, assim como Oliver.
_ Ah... ah... e..ele era a..asustador! Você está bem? Ele te machucou?
_ uhg..Ah... tá tu..tudo bem- respondeu Oliver ainda sem fôlego.
_ Tem pessoas que não dá para conversar, então o melhor a fazer é acertar um chute em seus países baixos ou empurrar, para ganhar tempo para poder correr. (Risos)
_ Foi minha irmã quem falou, "acerte um ponto fraco e fuja"- Diego falou todo orgulhoso do feito.
_ Mesmo que minhas mães digam que não, isso é bem útil- coçou a cabeça.
_ Bem, espero que elas não descubram, principalmente minha mãe Elem.- conta Diego e os dois riem.
Trriiiing! O sinal tocou, anunciando o fim do recreio, e assim que a professora vê os dois parados do lado de fora, os chamam.
_ Meninos! Vamos entrar?! Já tocou o segundo sinal.
Quando Diego deu o primeiro passo em direção a sala e Oliver instintivamente agarrou a sua mão. Ao perceber isso, Diego deu um pequeno sorriso e o segurou firme, acompanhado Oliver á sala.
Ao ver a reação do outro, Oliver ficou mais vermelho que um pimenta de tanta vergonha. Más mesmo assim, ele tinha gostado que o colega tivesse retribuído o gesto. Oliver gostou muito do que Diego tinha feito por ele, sentia que Diego seria seu novo amigo.
Ao entrar na sala Oliver sentou-se em sua carteira e Diego foi para dele, Oliver não queria ter que se separar do novo amigo. Até que Diego voltou com sua mochila, sentando ao lado de Oliver.
Não dava para Oliver esconder a felicidade, ele tinha um meigo sorriso estampado em seu rosto.
Então prosseguiu a aula, e de vez em quando os dois conversavam e riam, más nada que incomodasse a turma ou a professora.
Após terminar a aula, Oliver e seu novo amigo foram em direção ao portão esperar o ônibus vir, enquanto isso os dois falavam sobre o que cada um gostava ou não, onde moram e com quem, dentre outras coisas.
Até que Hassan e Haidar chegam para buscar Oliver. Os irmãos ficaram curiosos para saber quem era o garoto ruivo que tinha conquistado a confiança do mais novo.
Os gêmeos já estavam alguns minutos observando os dois, ou melhor, bisbilhotando, demonstrando um nítido ciúmes pelo irmãozinho, más não disseram nada.
Oliver interrompeu a conversa com Diego quando sentiu um cheiro conhecido no ar e inconscientemente virou-se na direção começando a procurar pelo olhar até que os viu. Era o sutil feromônios dos seus irmãos.
_ Ah! Olha! Meus irmãos chegaram, tenho que ir. Tchau! Nos vemos amanhã?
_ Combinado, amanhã te estarei esperando aqui para irmos juntos, tá bem?
_ Certo, até amanhã- disse enquanto pegava a mochila e corria em direção aos irmãos.
Os três pegaram o ônibus e foram para casa. A parada fica a três quarteirões de onde moravam e por isso eles sempre tem que fazer essa pequena distância a pé.
Como Oliver sempre tem dificuldade em acompanhar o ritmo dos mais velhos, por de sua resistência física ser menor e cansar facilmente, algumas vezes ele acaba sendo carregado por um deles, mesmo que contragosto do caçula.
Más hoje Oliver está um pouco diferente, o pequeno está mais cansado do que o normal, ofegante e parece estar um pouco quente.
É de conhecimento dos gêmeos de que Oliver desde que nasceu possui constituição mais frágil que outras crianças. E isso de acordo com seus pais, era devido ao parto, más que de á medida em que ele iria crescendo também iria melhorando.
Perto da parada de ônibus, Hassan já tinha notado que Oliver estava anormal, parecia um pouco ofegante e bem cansado. Ao perceber também, Haidar ao descer do ônibus entregou sua mochila ao irmão e pediu que o mais novo subisse em seu colo para levá-lo. E Oliver aceitou sem objeções, o que preocupou ainda mais os dois.
Temiam que ele tivesse novamente com um resfriado, que acabasse debilitado como da última vez e precisasse ser internado novamente. Eles deveriam avisar logo aos pais.
Apressando os passos para chegar o mais rápido possível, antes de se aproximarem de casa, notaram barulhos de conversas acaloradas, mais parecidos com discussões vindos de dentro da casa.
Já em frente, há dois carros Sedãs de luxo com vidros escuros, que os garotos pensaram no primeiro momento se tratar de algum colega de seu pai. Porém, pelo visto não era isso.
Ao entrar pelo portão os meninos se depararam com seu pai e alguns homens desconhecidos, e dentre eles um velho que se destacava pela roupa diferente que usava.
Possuía uma túnica branca com mangas longas de comprimento até os tornozelos com finos detalhes e um lenço xadrez na cabeça amarrado por uma corda preta.
_ Haidar, quem são eles? Eu conheço os amigos do papai e não são eles- Oliver falou receoso ao ouvido do irmão, más não obteve resposta.
Os gêmeos estavam estáticos olhando para aquele do qual não viram a muitos anos, e que sinceramente esperavam não ver mais.
De repente aquela atmosfera pesada foi quebrada pelo barulho de vasos caindo, era seu pai que acabara de derrubá-los por tentar se apoiar após levar um tapa no rosto dado pelo velho.
Continua....
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Areias do Tempo (ABO)
FantasyOliver, fruto do amor entre Ester, ômega brasileira e dançarina do ventre de grande fama e de Youssef um alfa árabe, pertencente a uma das maiores e mais influentes famílias oriente Médio. Tem sua vida completamente transformada após conhecer Rac...