Areias do Tempo (ABO)

Capítulo 04

“Mais que merda tá acontecendo? O que meu pai faz aqui? Cortei qualquer relação ou contato com ele e com o clã. Deixando bem claro que abdiquei da minha posição, que viveria ao lado minha amada Ester e minha família.”- pensava Youssef enquanto sai para a varanda seguido de seu pai.

Sua cabeça estava num turbilhão. Logo quando havia chegado, se deparou com homens de rostos conhecidos que o reverenciou em sua língua materna, causando um misto de sensações ao imaginar nas possibilidades de quem poderia estar ali.

Más no final acabou sendo quem ele imaginava, o seu velho pai, o mesmo que anteriormente havia causado todo o calvário que passaram a anos atrás.

_ Pai, vamos direto ao ponto. O que lhe trouxe aqui? – disse enquanto sinalizava para seu pai sentar num banco que fica na varanda.

_ Filho, eu vim dizer que te perdoo, apesar de tudo que aconteceu eu estou de braços abertos para receber você e sua família novamente.- disse o velho com uma expressão cínica.

_ Me perdoa?- questiona, incrédulo sobre o que acabou de ouvir.

_ Sim, vamos recomeçar novamente. Volte para nossa terra, para nosso povo.

_ Pai, não sou eu que tenho que ser perdoado. É o senhor que deveria pedir perdão para mim! Aliás, não só a mim e sim Ester, a mais prejudicada pelo senhor.

_ Eu sei que, o que eu tenha dito ou feito possa tê-la contrariada ou até mesmo a ofendida de alguma forma, más saiba que não fiz com essa intenção, eu só queria proteger você e mostrar a realidade. Inclusive agora eu estou disposto a aceitá-la também, basta que ela mude algumas coisas.

“ Ele permanece o mesmo apesar de todos esses anos”.- conclui Youssef após ouvir seu velho pai, com um sorriso amargo no canto da boca.

_ Pai, nem eu e nem você temos o direito de tentar moldá-la aos nossos costumes e tradições, a proibindo de fazer o que gosta, aliás, como o senhor tentou fazer a anos atrás. Isso só iria tirar sua essência a fazendo sofrer, e isso só por um mero capricho.

Pai e filho continuarão em uma longa conversa que rapidamente evoluí-o para discussão.

_ Você não pode somente abrir mão assim! pensa nos seus filhos Youssef! Como será sua criação, nessa suja cultura ocidental, sem valores e nem respeito!

_ Abandonou Jafar teu irmão, na qual teve que liderar o clã sozinho! Além das tuas irmãs e tua mãe que tanto zelou por ti. Trocaste tudo por uma suja odalisca que vende o corpo por prazer?!– falava Mohamed em um tom cada vez mais agressivo.

_ Cala a boca! Nunca mais se atreva a falar assim de Ester!- Youssef confronta o velho, uma coisa impensável de acontecer no passado.

_ E só mais uma coisa, nunca diga que Alzira é minha mãe! Minha mãe foi morta quando eu tinha nove anos! Não lembra? Foi você mesmo o carrasco. Esqueceu? É tudo pela maldita honra!- saltava as veias do pescoço de Youssef enquanto cuspia aquelas palavras que estavam entaladas a muito tempo.

Slap! O sonoro tapa é marcado no rosto de Youssef o levando a perder o equilíbrio, esbarrando nos vasos que havia ali, o deixando com um gosto metálico na boca.

_ Maldito ingrato, eu deveria ter acabado com isso logo no início._ falou Mohamed com a mão tremendo ainda levantada após desferir o tapa.

Em instantes a situação saiu do controle, Youssef cegado pela raiva tenta avançar para cima do seu próprio pai, quando de repente é imobilizado pelos seguranças que o acompanhava. Foi necessário três deles para detê-lo.

_ M-mestre por favor se acalme! Ou será pior!- um dos subordinados falava para Youssef, tentando contê-lo.

Quando o velho ia abrindo a boca para dizer algo, ele sente pontapés em sua perna, que vinham juntos com resmungos e fungados como se antecedessem ao choro.